Capítulo 97

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Tommy Chavez

Eu me peguei refletindo enquanto olhava para o corpo inerte no chão.

- Estou em dúvida, Jim... Queimar o corpo do cara ou enterrá-lo?

Do outro lado, Jim parecia incrédulo. - O quê!? Você ainda não começou!?

- Calma, eu estou pensando. - Suspirei. - Se eu enterrar, é só uma questão de tempo até alguém encontrar o corpo. Mas, sinceramente... não sei se ligo.

Minha atenção foi atraída pelo som nada tranquilizador do meu carro. Uma fumaça cinzenta começou a se erguer do motor.

- Ah, que ótimo...

Percebi que não tinha muito tempo. Sem hesitar, joguei a pá no chão e agarrei a roupa do cara, puxando o corpo com dificuldade até o banco de trás do meu carro. Cada movimento parecia arrancar um pedaço das minhas forças, mas consegui. Fechei a porta com um estrondo e corri até o porta-malas para pegar minhas malas.

O cheiro de óleo queimado era forte agora, e as faíscas estavam começando a aparecer. Apressei-me para o banco do passageiro, pegando minhas coisas essenciais: cigarros, barras de cereal, e até os pequenos enfeites que ficavam no painel. Não ia deixar nada importante para trás.

A picape dele estava lá, intacta, com a chave ainda na ignição. Corri até ela, jogando minhas malas no banco de trás. Antes de sair, voltei ao porta-malas do meu carro e peguei o galão de gasolina que eu sempre mantinha para emergências.

Enquanto isso, notei algo que poderia ser a minha solução: um penhasco logo além das árvores. O sorriso que surgiu no meu rosto era quase de alívio.

- Perfeito... - murmurei para mim mesmo.

- O que está acontecendo aí, Tom!? - Jim perguntou. - Você está ferido, cara!?

- Sim, mas isso não importa agora. - Comecei a derramar gasolina por todo o carro, impregnando o cheiro forte no ar.

Olhei para o veículo por um instante. - Ah, carrinho... Você vai fazer falta.

- Porra, Tommy! - Jim protestou. - Eu sabia que você não devia se enfiar nesse tipo de merda!

- Eles iriam me matar de qualquer forma, Jim. - Minha voz saiu firme. - Então, que seja lutando.

Entrei na picape e a liguei. O motor ronronou como se estivesse pronto para qualquer coisa.

Engatei a marcha e acelerei com força, batendo no meu próprio carro para empurrá-lo em direção ao penhasco. O impacto foi suficiente para fazer o veículo perder o equilíbrio e despencar.

O som do metal se amassando e o barulho da explosão ecoaram pelo ambiente. Uma fumaça espessa subiu, misturada com o cheiro de gasolina e fogo.

- Vá para o inferno... - murmurei para o cadáver, como se ainda estivesse me ouvindo.

Enquanto a fumaça negra subia, voltei para o volante do meu "novo carro". As janelas escuras garantiam que ninguém visse minha condição deplorável, e eu me sentia estranhamente confortável com isso.

Dei ré, ajeitei o veículo na estrada e continuei meu caminho como se nada tivesse acontecido.

Afinal, era só mais um dia na vida de Tommy Chavez.

Duas horas depois

Estava sentado no banco da picape, as mãos segurando um mapa já dobrado e amassado de tanto ser manuseado. A frustração era evidente em cada respiração pesada.

Fiquei ali, observando o papel por pelo menos vinte minutos, tentando fazer sentido daquilo. Era como se o mapa zombasse de mim, apontando direções que não levavam a lugar nenhum.

A Maldição De WesterfairOnde histórias criam vida. Descubra agora