O Medo Da Perda

412 40 3
                                    

O médico se aproximou de Natália e dos outros com uma expressão séria e grave no rosto. Natália mal conseguia respirar, seu coração batendo tão rápido que ela sentia o peito apertado.

— "Doutor, como ela está? Por favor, me diga que ela está bem..." — a voz de Natália saía trêmula, quase como um sussurro. O medo transparecia em cada palavra.

O médico fez uma pausa antes de começar a falar, o que apenas aumentou a angústia de Natália e todos que estavam ali.

— "Sofia teve duas paradas cardíacas enquanto a estávamos atendendo," — o médico começou, com um tom cuidadoso. — "Ela está em estado grave, mas conseguimos estabilizá-la. Se tudo correr bem, ela poderá entrar em um estado mais estável ao longo da noite, mas teremos que monitorá-la de perto."

Natália sentiu seu mundo desmoronar ao ouvir aquelas palavras. Duas paradas cardíacas? O que isso significava? Será que Sofia estaria realmente fora de perigo?

— "Doutor... eu... posso vê-la?" — Natália perguntou, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela não conseguia segurar o choro, o medo a consumindo.

— "Pode, mas só por alguns minutos. Ela está muito fraca e precisando de repouso absoluto," — o médico respondeu. — "Vamos mantê-la monitorada com aparelhos. Ela está sendo bem cuidada, mas a situação ainda é crítica."

Sem pensar duas vezes, Natália seguiu o médico até o quarto onde Sofia estava. A porta se abriu lentamente, revelando um cenário que Natália jamais pensou que teria que presenciar: Sofia deitada, pálida, com diversos aparelhos ligados ao seu corpo, o som ritmado das máquinas preenchendo o silêncio.

Natália se aproximou devagar, sentindo o coração apertar a cada passo. Ela nunca a tinha visto tão vulnerável. Suas mãos trêmulas se aproximaram da mão de Sofia, que estava fria ao toque, algo que a fez estremecer por dentro. A conexão entre elas era forte demais para que Natália aceitasse a ideia de perdê-la.

— "Sofia..." — sussurrou, sua voz falhando de emoção.

Ela se sentou ao lado da cama, segurando a mão de Sofia com cuidado, como se qualquer movimento pudesse quebrar aquele momento delicado. O rosto de Sofia estava sereno, mas seu corpo estava completamente dependente dos aparelhos. Natália não conseguia conter as lágrimas. O peso da culpa a esmagava.

**Reflexões e Lembranças**

Ali, sentada ao lado de Sofia, Natália começou a reviver em sua mente tudo o que tinham passado juntas. As memórias invadiam seus pensamentos como um filme. Ela se lembrava das risadas, dos beijos, dos momentos intensos e íntimos que haviam compartilhado.

Lembrou-se do início, quando tudo entre elas era novo e emocionante, e como cada toque parecia eletrizar o ar ao redor delas. Recordava-se da primeira vez em que se entregaram uma à outra, como tinham se conectado de uma maneira que nunca havia experimentado com mais ninguém. Sofia era diferente, especial. Elas eram mais que apenas um casal. Elas eram parceiras, confidentes e, acima de tudo, melhores amigas.

Natália também pensava nos momentos fofos, nos gestos de carinho que Sofia sempre fazia, como quando a surpreendia com café na cama ou escrevia bilhetes doces em seus roteiros. Pequenos detalhes que mostravam o quanto se importava.

— "Você é tudo pra mim, Sofia... Por favor, não me deixe," — Natália sussurrou, com o rosto molhado de lágrimas.

O silêncio no quarto era quebrado apenas pelo som das máquinas. Aquilo parecia um pesadelo. Natália não conseguia imaginar sua vida sem Sofia, e agora que a possibilidade de perdê-la estava mais real do que nunca, tudo o que importava era vê-la acordar e ouvi-la falar, sorrir, qualquer coisa.

Ela sabia que a briga mais cedo tinha sido tola. Como ela pôde deixar algo tão bobo afastá-las, nem que fosse por algumas horas? Os ciúmes de Amanda agora pareciam tão insignificantes diante da gravidade do que estava acontecendo.

— "Eu prometo que nunca mais vou deixar a gente brigar por besteira... Eu te amo tanto, Sofia," — disse, tentando controlar o choro, mas sua voz estava embargada, o desespero claro em cada palavra.

**Passando a Noite ao Lado de Sofia**

Natália mal se moveu a noite toda. Ela pediu aos médicos que a deixassem ficar no quarto, e eles permitiram, desde que ela ficasse em silêncio e não interferisse no trabalho deles. Ela se deitou em um pequeno sofá ao lado da cama, sem conseguir pregar os olhos. Cada vez que uma máquina fazia um som diferente, ela se levantava apressadamente, com medo de que algo estivesse errado.

Ela atualizava o grupo de mensagens da equipe e as famílias de ambas, contando cada mínimo progresso, ainda que fosse apenas a estabilização dos sinais vitais. A angústia e o medo consumiam Natália, mas ela não se permitia descansar.

De vez em quando, ela segurava a mão de Sofia e ficava olhando para ela, tentando transmitir forças, tentando acreditar que tudo ficaria bem. Mas o medo... ah, o medo era insuportável. Ela se sentia perdida, como se estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar.

— "Você é forte, Sofia... Você vai sair dessa. E quando isso tudo passar, a gente vai ficar mais forte do que nunca," — sussurrou, acariciando os dedos de Sofia. — "Eu te amo tanto."

Os minutos pareciam horas. As lembranças não paravam de surgir na mente de Natália, desde os momentos de pura paixão até os mais leves, como quando assistiam filmes juntas ou discutiam sobre roteiros. Cada pequena memória parecia agora mais preciosa.

**A Esperança no Silêncio**

Enquanto a noite avançava, Natália observava atentamente cada movimento que os médicos faziam. Sofia permanecia imóvel, com sua respiração controlada pelos aparelhos, mas o fato de ainda estar ali, viva, era o que mantinha Natália de pé.

Ela continuava a rezar, a prometer para si mesma que nunca mais deixaria nada bobo interferir no relacionamento delas. Nunca mais deixaria o orgulho falar mais alto.

As horas se arrastaram, e finalmente, o relógio marcava o início da madrugada. A equipe médica entrou no quarto para fazer uma nova avaliação, e o silêncio no ambiente era tão pesado quanto a tensão no peito de Natália.

Ela observava, ansiosa, enquanto os médicos verificavam os sinais vitais de Sofia. A tensão aumentava a cada segundo, até que um deles se virou para Natália e disse:

— "Ela está estável por enquanto. Vamos continuar monitorando, mas as próximas horas serão decisivas."

Natália respirou fundo, tentando encontrar algum conforto naquelas palavras. Ela olhou novamente para Sofia, ainda inerte, mas, naquele momento, decidiu que não sairia de perto dela até que ela acordasse.

Porque, de alguma forma, Natália sabia que elas ainda tinham muito para viver juntas.

_____________________________________________

Será que nosso casal vai acabar assim?
Ou talvez seja só mais uma prova de amor que elas estão passando?

Ficou ruim pois não foi revisado

Até mais 👋
Devo postar o próximo capítulo só amanhã ou hoje de noite

Sob a Luz dos RefletoresOnde histórias criam vida. Descubra agora