Cicatrizes e Cuidado

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**Cicatrizes e Cuidado**

O silêncio predominava no quarto do hospital, quebrado apenas pelo som suave das máquinas e o leve respirar de Sofia, que dormia profundamente. Natália estava ao lado da cama, como tinha estado nos últimos dias, sem desgrudar. Seus olhos estavam fixos no rosto da namorada, estudando cada detalhe com um misto de preocupação e amor. A fratura na clavícula de Sofia ainda a incomodava, mas o fato de ela estar ali, respirando e se recuperando, era o que importava.

Naquela manhã, os raios de sol penetravam pela janela, aquecendo suavemente o quarto. Sofia começou a se mexer, abrindo os olhos com dificuldade. Natália, ao perceber o movimento, apertou delicadamente a mão de Sofia.

— Bom dia, meu amor — Natália murmurou, inclinando-se um pouco mais para perto.

Sofia piscou algumas vezes, ajustando-se à luz antes de dar um sorriso cansado.

— Bom dia... — sua voz saiu rouca, ainda marcada pelo cansaço. Ela olhou ao redor, percebendo que Natália estava ao seu lado, como sempre. — Você passou a noite aqui de novo?

Natália deu um sorriso culpado, mas suave.

— Claro que sim. Não ia te deixar sozinha.

Sofia suspirou, aliviada pela presença constante de Natália. Mesmo sentindo-se ainda fraca, o conforto de tê-la por perto era tudo o que precisava.

— Como você está se sentindo hoje? — perguntou Natália, acariciando os dedos de Sofia de forma carinhosa.

— Melhor, eu acho... — Sofia respondeu, mexendo-se levemente na cama, mas parando logo em seguida ao sentir a dor na clavícula. — A dor está aqui, mas estou me acostumando.

Natália assentiu, seus olhos cheios de ternura.

— Vai ficar tudo bem, Sofi. É só questão de tempo, e você sabe que eu vou estar aqui para o que precisar.

Sofia sorriu, sentindo uma onda de gratidão e amor inundá-la.

— Eu sei... Não sei o que faria sem você, de verdade.

Natália inclinou-se para beijar a testa de Sofia, com um toque leve e carinhoso.

— Você nunca vai precisar descobrir.

***

Mais tarde naquele mesmo dia, Sofia recebeu alta. O caminho de volta para o apartamento de Natália foi silencioso, mas havia uma calma reconfortante. Sofia, exausta, apoiou-se na janela do carro, observando a cidade passar, enquanto o braço imobilizado a fazia lembrar que ainda havia um longo caminho de recuperação pela frente.

Quando chegaram ao apartamento, Natália imediatamente começou a preparar tudo para garantir que Sofia ficasse confortável. Pegou travesseiros, cobertores, e fez questão de deixar o sofá pronto para ela descansar.

— Você não precisa fazer tudo isso — Sofia disse, rindo baixinho enquanto se sentava com cuidado no sofá. — Eu já estou me sentindo muito melhor.

Natália deu um olhar firme, mas afetuoso.

— Eu sei que você odeia ser mimada, mas deixa eu cuidar de você, por favor?

Sofia soltou um suspiro teatral, mas com um sorriso nos lábios.

— Tá bom, vou deixar... Enfermeira Natália.

Natália sorriu, sentando-se ao lado de Sofia. Seu olhar agora, embora carinhoso, estava levemente preocupado.

— Sofia... Eu estava tão assustada. Achei que ia te perder.

O tom de voz de Natália estava carregado de emoção, e Sofia percebeu. Com a mão boa, tocou o rosto da namorada, acariciando sua bochecha com ternura.

— Ei, estou aqui, amor. Nós passamos por isso juntas, e vamos superar tudo.

Natália assentiu, mas seus olhos brilhavam com lágrimas que ela tentava segurar. Ver Sofia naquele estado, frágil e vulnerável, havia sido uma das experiências mais assustadoras de sua vida.

— Eu sei... — Natália respondeu com a voz falhando um pouco. — Só que ver você daquele jeito... Eu nunca senti tanto medo.

Sofia puxou Natália para mais perto, mesmo com a dor na clavícula, querendo confortá-la.

— Vai ficar tudo bem. A gente tem uma à outra, e isso é o que importa.

As duas ficaram em silêncio por um tempo, apenas desfrutando da companhia uma da outra. O momento era íntimo e cheio de significado.

***

Os dias se passaram, e Sofia, com a ajuda constante de Natália, começou a se adaptar à nova rotina de recuperação. As noites eram mais tranquilas no apartamento, com Natália cuidando de cada detalhe para que Sofia se sentisse segura e confortável. Em muitos momentos, Natália assistia Sofia dormir, refletindo sobre o quanto elas haviam passado juntas e o quanto ainda tinham pela frente.

Uma manhã, depois de um café da manhã simples, Sofia olhou para Natália com um sorriso malicioso.

— Sabe, você já fez tanto por mim... Eu acho que está na hora de retribuir.

Natália riu, sabendo que Sofia estava tentando aliviar o clima, mas também entendendo a mensagem oculta.

— Retribuir? E o que você tem em mente?

Sofia deu uma piscadela, fazendo Natália rir mais ainda.

— Bom, acho que você vai descobrir.

Elas continuaram rindo e trocando provocações até que Sofia, ainda sentindo um pouco de dor na clavícula, sugeriu que tomassem um banho juntas. Natália hesitou por um momento, preocupada com o estado de Sofia, mas acabou cedendo ao charme da namorada.

O banho foi íntimo e relaxante. Entre mãos bobas e beijos suaves, as duas encontraram conforto uma na outra, como sempre faziam. O carinho, os toques e as trocas de palavras amorosas pareciam dissipar qualquer dor ou preocupação que ainda pairava sobre elas.

Ao final do dia, enquanto o sol se punha e uma brisa suave entrava pela janela, Sofia e Natália se deitaram na cama. Sofia, como de costume, deitou-se no peito de Natália, sentindo o calor e o ritmo calmo do coração da namorada.

— Obrigada por tudo, Nat — Sofia sussurrou.

Natália sorriu, beijando o topo da cabeça de Sofia.

— Eu faria tudo de novo, Sofi. Sempre por você.

A noite caiu, e as duas adormeceram nos braços uma da outra, sabendo que, apesar das cicatrizes e dos desafios, o amor delas era a força que as mantinha firmes.
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