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Mystic Falls, Virgínia  - 2010

A sala estava silenciosa, iluminada pela luz suave da tarde que atravessava as cortinas entreabertas. Amélia estava no sofá, com um livro repousando nas mãos. Apesar de folhear as páginas, não conseguia se concentrar. Desde o encontro na velha igreja, onde Damon atacou Bonnie, algo estava diferente. A conversa que tiveram depois... Aquela estranha conexão a perturbava, deixando-a inquieta e isolada em casa nos últimos dias.

A porta se abriu abruptamente, interrompendo seus pensamentos. Ela levantou o olhar e viu Tyler entrar, parecendo atordoado e irritado. Ele já ia subir as escadas quando ela percebeu o corte no canto de sua boca e o lábio sangrando.

— Eu perdi alguma coisa? — perguntou, fechando o livro e o deixando de lado no sofá.

— Tô legal. — Tyler parou na base da escada, evitando o olhar dela.

— Tem sangue no seu lábio, Tyler. — Amélia insistiu, franzindo o cenho.

Ele hesitou por um momento e, ao invés de subir, mudou de direção e se jogou no sofá ao lado dela.

— Briguei com o Gilbert. — ele disse, fechando os olhos com força enquanto esfregava as têmporas.

— Por isso papai chegou tão zangado em casa? — perguntou, inclinando-se ligeiramente para ele.

Tyler bufou, recostando-se no sofá e cruzando os braços.

— Como se você não o conhecesse...— ele voltou o olhar na direção dela. — Ele me fez brigar com o Jeremy porque pegou a gente discutindo no corredor da escola.

— Eu não entendo... — Amélia disse, confusa, observando o irmão.

— Amy, ele não nos trata da mesma forma, e você sabe! Você é a princesinha dele, e eu sou um soldado. — Tyler respondeu, lançando-lhe um olhar cansado.

Amélia mordeu o lábio, sentindo o peso das palavras dele.

— Entendo você, Ty. Melhor do que qualquer um! — ela suspirou. — Você é o garoto de ouro da mamãe, e eu sou como um cavalo premiado que tem que ganhar todas as competições.

— No fim, somos sempre eu e você. — ele soltou um riso curto e amargo, balançando a cabeça. — Talvez a gente devesse ir para a Flórida, ficar com o tio Mason.

— E morar no mato? Viver acampando como um animal selvagem? — Amélia rebateu, arqueando uma sobrancelha.

— Ah, para. Nem foi tão ruim! — ele riu, dessa vez de verdade, embora o som ainda fosse leve.

— Sabe o que seria legal agora? — Ela sorriu, cruzando os braços com um brilho travesso nos olhos.

— O que? — perguntou Tyler, interessado.

— Vamos roubar algumas garrafas caras do estoque do papai, pegar os chocolates finos da mamãe e dirigir até a pedreira.

— Parece uma boa ideia. — Tyler riu mais uma vez, agora relaxado, e se levantou do sofá.

Amélia se levantou também, já caminhando em direção à porta.

— Eu pego as bebidas. — ela disse, olhando sobre os ombros. — Nos encontramos no seu carro em dez minutos.

— Falou. — Ele acenou com a cabeça, enquanto ela sumia pelo corredor.

Por um momento, Tyler ficou ali, olhando em direção à porta por onde Amélia saíra, sentindo-se um pouco mais leve. Não importava o quanto o mundo parecesse injusto, sabia que sempre podia contar com sua irmã para deixar tudo mais leve.

Lua de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora