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Mystic Falls, Virgínia  - 2010


O quarto de Amélia estava envolto em uma penumbra suave, iluminado apenas pela luz alaranjada do entardecer que escapava pelas cortinas. Elena estava deitada na cama, distraída, enrolando as pontas do cabelo entre os dedos. Amélia, sentada diante da penteadeira, escovava os cabelos com movimentos lentos, quase mecânicos, enquanto tentava organizar seus pensamentos.

— Então, acha que a xerife acreditou no nosso depoimento? — Amélia perguntou, quebrando o silêncio. Ela lançou um olhar cauteloso a Elena pelo espelho.

— Parece que sim. Agora todos acham que a Vicki simplesmente foi embora. — Elena suspirou, o olhar perdido em direção à janela.

— Quando penso que ela morreu por minha causa... — Amélia largou a escova na penteadeira, os dedos apertando a borda de madeira enquanto seus olhos se encheram de culpa.

— Não diz isso. A culpa é do Damon. — Elena se levantou da cama, a expressão firme, mas preocupada, enquanto encarava a amiga.

— O Tyler ficou arrasado com o sumiço da Vicki, ele parece não acreditar muito que ela foi embora. — Amélia desviou o olhar, a voz trêmula. — Ele acha que poderia ter ajudado ela...você sabe, com as dorgas.

— Você vai contar pra ele sobre... você sabe o quê? — Elena hesitou, inclinando-se levemente para frente, como se antecipasse a resposta.

— Odeio mentir pra ele, mas não posso envolver ele nisso. — Amélia virou-se para encará-la, os braços cruzados, o peso da decisão refletido em sua postura rígida.

— Vamos ficar longe do Stefan e do Damon e tudo vai ficar bem. — Elena tentou esboçar um sorriso, como se quisesse convencer tanto Amélia quanto a si mesma.

— Isso! Vamos voltar à nossa vida e fingir que nunca conhecemos eles. — Amélia soltou uma risada curta e amarga, balançando a cabeça.

— Vamos ficar bem. — Elena murmurou, quase como uma prece, enquanto seus olhos retornavam à janela.

De repente, o som de passos ecoou pelo corredor e a porta do quarto se abriu. Bonnie entrou com uma expressão divertida, arqueando uma sobrancelha. Tyler passou atrás dela, entrando em seu próprio quarto, indicando que havia sido ele quem abrira a porta para a garota.

— Se reunindo sem mim? — Bonnie perguntou, fechando a porta atrás de si com um sorriso irônico.

— Quem é vivo sempre aparece. — Elena brincou, tentando esconder o peso de seus pensamentos com uma risada fraca.

— Desculpa, eu fiquei sumida esses dias. Estava com a vovó. — Bonnie largou a bolsa no chão e caminhou até a cama.

— Coisas de bruxa? — Amélia brincou, mas a curiosidade era evidente em sua voz.

— Sim. — Bonnie deu de ombros, mas um brilho misterioso dançou em seus olhos.

— Tá legal, que cara é essa? — Bonnie virou-se para Elena, estreitando os olhos como se tentasse decifrar seus pensamentos.

— Ela terminou com o Stefan. — Amélia interveio antes que Elena pudesse responder.

— Sinto muito. O que posso fazer pra ajudar? — Bonnie sentou-se ao lado de Elena, sua expressão calorosa e solidária.

— Sei lá, me anima. Me faz pensar em outra coisa. — Elena suspirou, recostando-se nos travesseiros, o cansaço visível em seu rosto.

— Tá legal, foram vocês que pediram. — Bonnie pegou um dos travesseiros da cama de Amélia e, com um movimento súbito, rasgou-o, fazendo penas brancas voarem por toda parte.

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