Mick
Eu não iria brigar por aquela vadia.
Não que eu não estivesse puto da vida - eu estava. Apesar de Luiza ser irritante na maior parte do tempo, ela uma boa distração, além de ser ótima na cama. Eu precisava de garotas assim pra passar o tempo. E deus, ela era bonita - tirando aquela tonelada de maquiagem que usava todos os dias. Eu odiava aquilo.Planejava terminar com ela logo, de qualquer forma. Só não esperava que ela estivesse dormindo com Tray. Aquele idiota.
Não sei por que ainda éramos amigos.
Tudo bem, na verdade eu não me importava. Nem sequer gostava dela - fazia muito tempo desde que eu gostara de alguém, se é que isso já acontecera. Mas ele não precisava dormir com a porra da garota com quem eu estava ficando.
Eu precisava de alguma distração. Aquela coisa com meu pai estava me deixando louco, e não podia simplesmente voltar para casa. Não com aquele clima.
Até o idiota do Greg abandonara seu trabalho perfeito para vir pra casa. O que significava que a coisa estava mesmo feia. E eu não podia pensar naquilo. Não naquele momento.
Droga, eu precisava de uma bebida. Na verdade, de uma garrafa inteira.
O lado bom de eu não estar com Luiza era o fato de que não precisava ficar aguentando sua falação. Eu podia beber sem alguém para encher o saco.
Desliguei meu celular, que vibrava sem parar no bolso da calça. Eu não queria ouvir as merdas da minha família naquela noite. Na verdade, de ninguém.
Entrei no Slayer, o primeiro bar que encontrei. E o mais vazio também.
Agradeci ao fato de muitas pessoas não conhecê-lo. Eu não queria ser incomodado, ou ter que aturar algum papo furado qualquer.
Cumprimentei Bob, o velho barrigudo que mandava naquele lugar, e sentei num dos bancos daquele balcão. Eu com certeza deveria estar parecendo um bêbado.
O bar man, Lucas, perguntou o que eu queria. Eu precisava de algo forte, independente do gosto.
Se o idiota do Tray não tivesse feito merda, ele poderia me arrumar uma de suas paradas. Eu não gostava daquilo - nem sequer gostava de fumar- mas às vezes, era a única maneira. De não sentir nada.Depois de vários copos, e algumas notas a menos na carteira, eu já estava bastante tonto. Precisaria arrumar algum lugar pra ficar. Iam me encher se chegasse assim em casa.
- Hey Mick. Posso te servir algo?
Me virei, observando a garçonete ruiva me encarar com aqueles olhos claros. Ela estava muito gostosa naquele corpete preto - e eu tinha certeza que sabia disso- mas eu não estava no clima aquela noite.
- E ai? - a cumprimentei, não conseguindo tirar os olhos daquele decote. Sim, eu era um idiota. Um idiota bêbado, que se dane.
- Quer sair daqui? - ela perguntou, mexendo no cabelo encaracolado, acho que para me provocar.
Tomei um gole de minha bebida, ponderando minhas opções.
Talvez eu pudesse simplesmente dispensá-la mais tarde.
Virei o restante do copo em um só gole, e me levantei, quase derrubando o banco. Droga. Olhei em volta, e então a notei.
Ela parecia bastante deslocada ali. Não por sua aparência. Na verdade, ela parecia até um pouco perigosa, com as roupas escuras e a cicatriz na bochecha. Mas sua expressão - ao contrário da que ela costumava usar - revelava um pouco de medo. Na verdade, ela parecia apavorada.
Sei que a garota provavelmente deveria me odiar, e ela tinha motivos. Eu a havia insultado no dia anterior, e sei como as maioria das pessoas é com essa coisa de ego.
Na verdade, eu não sabia que ela estava escutando, mas torcia para que sim. Só quis ser idiota, e ver o que ela diria. Porque no geral, ela ignorava todo mundo.
Dispensei Vitória, não ficando tempo suficiente para notar se ela estava desapontada, e caminhei até a garota.
Me sentei no banco ao seu lado, e ela sequer me notou. Estava bastante pálida, diferente do bronzeado usual, e suas mãos tremiam.
- Isso é coca?- eu perguntei, observando seu refrigerante meio tomado. Porque raios alguém iria a um bar para beber aquilo? É claro, ela era de menor. Ou certinha demais. Talvez ambos, mas eu apostava na primeira opção.
Ela me encarou, como se não tivesse me notado ate então, e pareceu um pouco irritada.
- O que você quer? - ela perguntou, mal me encarando.
- Posso te pagar uma bebida - eu disse, gesticulando para seu copo. Ela deve ter notado meu tom de zombaria, porque revirou os olhos.
-Não, obrigada - ela murmurou, mal humorada, e se levantou.
Talvez ela também não estivesse num dia bom. Bufei. Porque eu estava falando com ela, afinal?
Me levantei também, a segurando.
- Também não estou num dia bom, gracinha.
A encarei, e então percebi. Seu lábio estava tremendo, assim como suas mãos, e ela parecia prestes a chorar. O que havia acontecido?
- Tire as mãos de mim - ela sussurrou, e por um momento, não parecia irritada. Apenas com medo.
Ela estava com medo de mim? Tudo bem, eu estava bêbado, mas não fizera nada para assustá-la.
Ou talvez ela achasse que eu iria agarrá-la, o que era ridículo. Soltei seu braço, e ela suspirou.
- Se acalme - a soltei, e ela me encarou com um olhar irritado - você não faz exatamente meu tipo - falei, sabendo que, embora fosse verdade, eu não precisava acrescentar aquilo, mas ela não pareceu se importar.
Olhei atentamente seu rosto, e notei que ela ainda tremia.
A garota baixou o olhar, provavelmente não querendo me encarar, e segurei seu queixo, fazendo com que ela olhasse para mim. Não pude deixar de notar como sua pele era macia.
- Ei. O que aconteceu? - perguntei, tentando suavizar o tom de voz que usara anteriormente. Ela não parecia nada bem, e por um instante, pareceu prestes a chorar, mas simplesmente suspirou, me encarando, e se recompôs rapidamente. O que diabos havia acontecido com aquela garota?
- Me pague uma bebida - ela disse, não como uma pergunta, e não pude deixar de sorrir. Então eu estava certo.
Não pude deixar de me perguntar o que havia acontecido com ela - a garota parecia estar tendo uma noite ruim; mas eu sabia que não nos conhecíamos o suficiente para que eu pudesse perguntar sem que aquilo parecesse evasivo demais - ou estranho.
- Só uma? - eu sorri, me sentando ao seu lado, e chamei o barman. Notei que a garçonete ruiva nos encarava, e a ignorei.
Pedi ao garoto alguns energéticos e uma garrafa de algo que imaginei ser Vodka. Ela parecia precisar de uma bebida, e eu, de uma companhia não irritante para beber.
Coloquei metade de um energético em seu copo, e o enchi com um pouco de Vodka. Ela, entretanto, pegou a garrafa de minha mão, virando uma grande quantidade dela no copo. Dei de ombros - ela parecia querer ficar bêbada mesmo.
Fiz a mesma coisa com meu copo - uma quantidade mínima de energético, e o restante de vodka, e bati no dela. Brindamos, virando tudo de uma vez. Ela fez uma careta, mas começou a preparar outros copos.
Acabamos com quase toda a garrafa em alguns minutos, e minha cabeça pesava. Tentei me levantar, mas tudo estava girando.
- Você está bem? - ela perguntou, se levantando também, e se desequilibrou.
- Acho melhor nos sentarmos - eu disse, segurando-me no banco. Quanto eu havia bebido, afinal?
Pedi duas águas ao garçom, e dei uma a ela, que recusou.
- Estou bem - ela falou, bebendo algo que imaginei ser tequila. Como aquela garota ainda não estava passando mal?
Alguns instantes depois, ela se levantou, segurando minha mão, e me puxou em direção ao centro do bar.
A encarei, me perguntando que diabos ela estava fazendo, mas então não pude deixar de observá-la tirar a blusa, porque, céus, ela realmente estava gostosa. Ou talvez eu estivesse bêbado demais. Na verdade, eu poderia apostar em ambas as opções.
- Eu amo essa música - ela disse, sorrindo, e só então notei que tocava 30 seconds to Mars.
Eu também gostava daquilo, embora provavelmente não admitiria.
- O que está fazendo? - perguntei quando ela me puxou.
-Vamos dançar - ela disse, e embora aquilo fosse loucura, nós dançamos.
Ela começou a pular, balançando seu cabelo escuro, e eu a puxei para perto, enterrando meu rosto em seu pescoço, e ela soltou uma risada. Droga, ela tinha um cheiro ótimo.
A música acabou, dando lugar a outra, e depois mais uma. E nós dançamos, como loucos, até estarmos cansados, tontos e suados o bastante para parar.
Ela tirou as mãos de meu pescoço, e deu uma gargalhada. Eu nunca a havia visto sorrir, então também ri, e a puxei de volta ao balcão.
Pedimos uma garrafa de champanhe, e só então notei que eu ainda segurava sua mão.
Ela aparentemente também notou, e a soltou.
- Céus, eu estou realmente tonta - ela disse, rindo.
- Eu também - falei, e servi o champanhe naqueles copos de cerveja, mas ela não pareceu se importar. Aquela noite não estava assim tão ruim. Na verdade, a garota era uma boa companhia - mesmo bêbada.
- E então, me conte... Porque está aqui? - eu perguntei, curioso, lembrando-me de sua expressão ao entrar no bar.
- Porque você está aqui? - ela evitou minha pergunta, me encarando, e tinha uma expressão divertida no rosto.
- Descobri que minha namorada é uma vadia. E um dos meus amigos - eu disse, embora a palavra namorada não se aplicasse à Luiza - Ah, não vamos falar sobre aquele desgraçado.
- Isso soa como um ótimo motivo para encher a cara - ela disse, sorrindo, e então acabamos com o champanhe.Tudo estava meio escuro, e de repente percebi que eu havia dormido com a cabeça no balcão. Típico.
Pisquei algumas vezes, tentando focalizar as imagens à minha frente, e pedi uma coca ao barman, observando-o revirar os olhos.
A garota, pelo visto, também havia capotado.
- Ei - tentei acordá-la, mas ela não se mexeu.
Procurei meu celular, e já eram 4 da manhã.
Eu precisava ir pra casa, mas não podia dirigir daquele jeito, e duvidava que ela conseguisse sequer se levantar. Droga, eu não podia deixá-la sozinha.
Fui até o banheiro, e joguei um pouco de água no rosto. Eu realmente não estava bem.
Me abaixei, vomitando no vaso pelo o que pareceu tempo pra caralho, e bebi água da torneira.
Eu acordaria com uma puta ressaca, o que provavelmente seria uma boa desculpa para matar aula.
A garota ainda não havia acordado, então resolvi tira-la dali. O bar já estava fechando.
Dei algumas notas ao Bob, e pisquei para a ruiva, que me ignorou. Tudo bem, eu merecia.
Eu não conseguiria levar a garota no colo. Provavelmente, ambos cairíamos no meio do asfalto, e ela me odiaria um pouco mais no dia seguinte.
- Você precisa acordar - eu a chamei, afastando algumas mechas de cabelo que grudavam em seu rosto.
- Mmm- ela murmurou, abrindo os olhos lentamente, e me encarou, confusa - que horas são?
- Tarde pra caralho. Ou cedo.
- Droga - ela murmurou, arregalando os olhos - preciso ir pra casa.
- Eu levo você - falei, e ambos rimos, porque nenhum de nós estava sóbrio o suficiente para dirigir.
De qualquer forma, entramos no meu carro e eu disse à ela que podia dormir um pouco. Nós chamaríamos um táxi mais tarde.
Ela protestou, mas em alguns segundos, estava dormindo, e eu também quase não conseguia manter meus olhos abertos.
Liguei para um táxi, que alguns minutos depois, estacionou naquela rua, e tentei carregar a garota, que protestava.
Ambos acabamos tropeçando na metade do caminho, e ela riu, me ajudando a levantar.
Que droga de bêbado eu era?
Entramos no táxi, e ela pediu, animada, para o motorista aumentar a música.
O vento frio que vinha da janela bagunçava seu cabelo, e ela ria, cantando baixinho. Pedi ao motorista que a deixasse primeiro, e ela precisou de alguns segundos para se lembrar do endereço.
Ele estacionou em frente a um condomínio antigo, e desci com ela.
- Vai conseguir subir todas essas escadas? - perguntei, e ela assentiu, sorrindo.
Ela subiu o primeiro degrau, e percebi que quase caira.
- Gente, acho que nunca bebi tanto - ela suspirou, rindo, e eu a encarei. Ela ficava bonita quando sorria. O que eu estava pensando?
Dane-se. Ela provavelmente não se lembraria disso no dia seguinte, e nem eu.
Enlacei-a pela cintura, ajudando-a (ou talvez atrapalhando, já que ambos estávamos muito bêbados pra saber) a subir as escadas, e graças a deus, eu percebi, a garota morava no segundo andar.
Ela segurou a maçaneta, e então a encostei contra a porta.
Afastei uma mecha de seu cabelo, ainda a segurando.
Ela me encarou com aqueles olhos enormes, e droga, ela realmente estava bonita. E bêbada pra cacete.
Então beijei sua bochecha, me afastando, e desci as escadas rapidamente.***
LEIAM OUVINDO ESSA PLAYLIST <3https://open.spotify.com/user/227cln2krtjvixcfctb2pw6hq/playlist/2T69oJgaJRKh0LKMVleIq9
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Perto do limite
Любовные романыEu passei muito tempo tentando entender o que essa história representa - para os leitores e para mim, mas acho que, no fim, é uma história sobre se apaixonar. Sobre como o amor pode trazer de volta cores para uma parte da sua vida que estava em somb...