Capítulo 34

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Leah

Eu não estava exatamente pensando no que estava fazendo, mas eu gostava daquilo.
Em dias normais, eu não seria a garota que dança com um garoto - sexy - daquele jeito, bebe e diz o que lhe vem à cabeça. Mas eu gostava daquilo. Do que eu era quando estava com Mick.
- Quer beber alguma coisa? - ele perguntou assim que voltamos para o balcão, e eu ainda estava distraída, pensando em tudo o que havia acontecido naquela noite, e no que eu estava me metendo.
- Acho que já estou tonta demais - eu disse, apoiando minha cabeça nas mãos enquanto tudo girava, e torci mentalmente para não vomitar. Aquilo seria péssimo num encontro.
Encontro. Ai meu Deus, eu realmente estava fazendo aquilo. Era loucura. Mas eu estava a fim dele.
- Você tá bem? - ele me perguntou, preocupado, e resisti à vontade de beijá-lo novamente. Eu precisava ir embora, antes que as coisas fossem longe demais.
Mick se levantou, e imaginei que foi comprar uma água ou algo do tipo, e aproveitei para ir ao banheiro. Se eu ia vomitar, pelo menos não o faria em público.
Me afastei rapidamente assim que cheguei à porta, vendo uma loura platinada vomitar numa das pias, o que me deixou ainda mais enjoada.
Tirei meu celular do bolso, que vibrava, e vi o número de Rebeca apitar na tela. Droga. Ela devia estar preocupada.
- Onde você está? - ela me perguntou, assim que atendi, e parecia um pouco irritada. Olhei para o relógio, e já passava da meia noite. Droga.
- Eu estava nadando, e Mick e eu saímos... pra comer. Não se preocupe, já estou voltando pra casa.
- Espera. Você estava nadando? - ela não tentou disfarçar sua surpresa. Rebeca sabia que eu não entrava numa piscina desde...desde aquela noite - E quem diabos é Mick?
- Podemos conversar mais tarde? Tá meio barulhento aqui - eu disse, vendo que Mick já voltava pra nossa mesa - Eu...te explico depois.
- É, você realmente vai. Tome cuidado.
Me despedi dela, desligando o telefone.
- Com quem estava falando? - Mick perguntou, me estendendo a garrafa de água gelada, e dei um longo gole, o que imediatamente aliviou a sensação de enjôo.
- Minha irmã. Estava me perguntando onde eu estava essa hora.
Rebeca não era controladora. Desde que eu viera morar com ela, nunca havíamos estabelecido regras em relação à horários, festas, bebidas e garotos, até mesmo porque ela sabia que eu não era do tipo que saia muito de casa; mas pude ver, pelo seu tom no telefone, que ela estava preocupada.
Rebeca não era controladora, mas era superprotetora em relação à mim. E ela geralmente estava certa.
- Quer ir pra casa? - Mick perguntou, dando-se conta do horário, mas pude notar que ele torcia para que minha resposta fosse negativa; e não pude deixar de me perguntar porque ele gostava de mim - pelo menos, era o que parecia, visto que havíamos passado um bom tempo juntos nos últimos dias, e eu não sabia o que pensar daquilo.
- Não. Mas eu deveria. Tenho uma prova amanhã, e física é um saco.
Não era totalmente mentira. Eu realmente teria uma prova, mas já havia estudado para ela.
Naquele momento, com o efeito da bebida passando - mesmo que vagarosamente - eu comecei a pensar novamente nas consequências daquela noite, e em como tudo ficaria no dia seguinte.
É só uma noite, garanti à mim mesma.
Ele se ofereceu para me levar, e não pude deixar de rir, porque , como das outras vezes, ambos estávamos bêbados o bastante para que dirigir fosse considerado perigoso.
Na verdade, eu não duvidava de que ele já havia dirigido mais embriagado do que aquilo, mas não queria arriscar.
Concordamos em pegar um táxi, e depois de uma breve discussão sobre quem pagaria a conta - ele disse que, como era um encontro, era ele quem deveria pagar, e eu rebati alegando que aquilo não era um encontro, e no fim ele ganhou, e me contentei em pagar o táxi.
Na verdade, eu até achava bonitinho sua tentativa de cavalheirismo.
Sonolenta, apoiei minha cabeça em seu ombro, decidindo que, se aquilo era algo de uma noite só, então eu bem que podia aproveitá-la até o final.
Ele passou o braço ao redor de minha cintura, e não o afastei quando ele me beijou. Eu meio que queria aquilo.
Distraída com nossa proximidade, só percebi que o táxi havia chegado quando paramos de nos beijar, e ele riu.
Fingi não notar o fato de que ele me encarava, e de que aquela noite estava prestes a acabar, e de aquilo me deixava quase triste; quando ele me perguntou o que eu estava pensando.
- Nesta noite - eu disse, alguns instantes depois, e ele deve ter deduzido que meus pensamentos eram bons, porque me beijou novamente, enquanto mexia em meu cabelo daquele jeito de novo - céus, ele tinha uma espécie de fetiche por cabelo ou o que?
- Foi uma boa noite - ele sussurrou em meu ouvido, daquele jeito que fazia com que todo o meu corpo se arrepiasse; e notei um vestígio de sorriso em sua voz. Me virei em sua direção, beijando-o mais uma vez, e só parei quando estacionamos em frente à minha casa e o motorista pigarreou.
Mick subiu as escadas comigo, em silêncio, e embora as luzes estivessem apagadas, eu podia ver que ele estava sorrindo.
- Boa noite, Mick - falei, como uma desculpa para encerrar a noite. Eu sabia que, caso não entrasse, as chances de ficarmos nos agarrando no corredor eram grandes.
- Ah, vem cá - ele disse naquele tom de voz divertido, me puxando em sua direção com certa urgência, e coloquei meus braços em volta de seu pescoço enquanto nos beijávamos de novo.
Ele mergulhou seus dedos em meu cabelo, enquanto eu tentava me lembrar de como respirar, quando ouvi algumas vozes.
Meus vizinhos, um casal que vivia discutindo - no meio da noite e em um tom de voz impossível de ignorar - nos lançaram um olhar de reprovação, que eu ignorei, e Mick me lançou um sorriso de zombaria.
- Boa noite, Leah - ele me soltou, piscando para mim, e o observei descer as escadas, enquanto esperava meu coração parar de bater tão rápido.

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