Capítulo 33

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Mick

- Quer beber alguma coisa? - perguntei, depois de nos sentarmos, cansados e tontos. Pelo menos, eu estava, e imaginava que ela também, depois de dançar algumas músicas ruins. Mas eu não queria parar - não de beijá-la, pelo menos.
- Acho que já estou tonta demais - ela disse, se jogando numa cadeira, e colocou o rosto entre as mãos.
- Você tá bem? - perguntei, porque a garota realmente estava pálida, parecendo prestes a vomitar, e fui buscar uma água.
Quando voltei, ela falava ao telefone, e parecia um pouco preocupada.
- Obrigada - ela pegou a garrafa, virando-a em grandes goles, e jogou o celular de volta na bolsa - Meu Deus. Eu bebi mais nas últimas semanas do que em minha vida toda.
Ela riu um pouco alto - dando aquele sorriso que a deixava bonita - e eu queria concordar, mas não era verdade. Eu já havia bebido mais do que aquilo. Bem mais.
- Com quem tava falando? - perguntei, e me arrependi, pois lembrei do quanto a garota parecia odiar perguntas. Ela, entretanto, não se importou.
- Minha irmã. Estava me perguntando onde eu estava essa hora - ela riu, e então me dei conta de que já era realmente tarde. Normalmente, eu não me importaria de não ir às aulas no dia seguinte, mas já havia faltado bastante naquele último mês, e a última coisa que queria era alguém ligando pra casa.
- Quer ir pra casa? - perguntei, torcendo para que ela dissesse não. Eu queria passar mais tempo com a garota, mesmo que já fosse bem tarde; o que não era problema, porque o Slayers só fechava às quatro da manhã.
- Não. Mas eu deveria. Tenho uma prova amanhã, e física é um saco.
- Posso levar você - eu disse, e ela riu, porque era óbvio que eu não poderia dirigir. Na verdade eu poderia, mas havia grandes chances de tomar uma multa. Ou bater numa droga de um poste.
Ela me encarou com uma expressão do tipo "você só pode estar brincando", e então sugeri que pegássemos um táxi, e eu buscaria meu carro no dia seguinte.
Leah concordou, e enquanto esperávamos o táxi, sentados na calçada, ela apoiou a cabeça em meu ombro, bocejando, e deduzi que estivesse mesmo bêbada. Era fácil identificar as coisas que a garota não faria sóbria, e aquela era uma delas.
Passei o braço ao redor de sua cintura, a puxando em minha direção, e a beijei. Ela não se afastou, e ficamos assim por algum tempo até o táxi chegar, meio abraçados, nossos corpos perto o bastante para que eu sentisse aquele seu cheiro de shampoo e frutas - e um pouco de bebida, naquele momento. A verdade é que eu não cansava de olhar para ela, e tinha quase certeza de parecer um idiota a encarando. Mas a garota tinha alguma coisa...algo que me atraía para ela. Como se fosse magnética ou algo assim. Pensei em dizer isso, mas ela me acharia maluco. Ou bêbado. Bem, eu estava.
O táxi chegou alguns minutos depois, e como da primeira vez, pedi ao motorista que deixasse-a primeiro. A verdade é que eu queria beijá-la mais um pouco antes de irmos embora, e enrolar na entrada de seu apartamento me parecia uma boa opção.
Ela não pediu música dessa vez, mas parecia distraída. Não triste, como normalmente. Apenas distraída.
- No que está pensando? - perguntei, me aproximando para beijá-la, e ela sorriu, notando minha intenção.
- Nesta noite - ela disse, num tom de voz baixo, e fechou os olhos quando peguei uma mexa de seu cabelo daquele jeito que parecia irritá-la. Eu adorava aquele cabelo.
- Foi uma boa noite - falei, próximo ao seu ouvido, e ela suspirou, virando-se para me beijar, como um beijo de despedida. Estávamos em frente de sua casa - Eu vou com você.
Tive de soltá-la para descermos do carro, e naquele momento percebi como aquilo era estranho. Eu gostava de estar perto dela. E beijá-la. Caralho. Eu adorava beijá-la.
Subimos as escadas em silêncio - um pouco menos bêbados do que da outra vez, o que era bom, porque não precisávamos temer uma queda.
- Boa noite, Mick - ela se virou, procurando pelas chaves no bolso, e pelo seu tom de voz, eu podia dizer que a garota estava sorrindo.
- Ah, vem cá - eu a puxei, mergulhando meus dedos em seu cabelo meio bagunçado, e ela colocou suas mãos em meu pescoço, enquanto eu a beijava mais uma vez, desejando poder fazer aquilo de novo no dia seguinte.
Ouvimos alguns passos na escadas, e a soltei, não deixando de notar seu rosto um pouco vermelho quando um casal um pouco mais velho nos lançou um olhar de reprovação, que eu ignorei.
- Boa noite, Leah - me afastei, piscando para ela.

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