Leah
Eu havia passado numa lanchonete, depois da escola, para comprar um daqueles bolinhos recheados que gostava, mas já estava com fome. E exausta.Eu não era do tipo que gostava de fazer faxina - na verdade, duvidava que alguém pudesse gostar - mas precisava fazer algo para me distrair, então comecei por meu quarto. E a limpeza acabou se estendeu pela casa toda, o que funcionou, porque por algumas horas, eu não pensei em quase nada - além do fato de meus braços estarem doendo e de que precisávamos comprar mais detergente.
Resolvi pedir uma pizza, já que Rebeca chegaria mais tarde do trabalho, e minhas habilidades na cozinha eram basicamente inexistentes.
A verdade é que eu realmente precisava de uma distração - que não envolvesse alvejantes ou aspiradores de pó. Eu não conseguia parar de pensar no fato de que, bem...em Mick, e aquele quase beijo meio marcante.
Céus, eu realmente fora meio vaca com ele mais cedo, mas não podia deixá-lo achar que seríamos amigos - ou mais que isso. Porque não podíamos.Assisti a algumas reprises de séries, e já estava quase pegando no sono quando Rebeca chegou, jogando-se ao meu lado no sofá.
- Eu já disse que odeio aquela vaca da Sally? - ela me perguntou, referindo-se à garota de seu trabalho com quem tinham um "histórico". Segundo o que Rebeca me contava, elas meio que se odiavam. Ou Rebeca a odiava, eu não sabia dizer.
- Disse - eu respondi, rindo, e Rebeca continuou, parando apenas para mastigar seu pedaço de pizza frio.
- Ela chegou usando uma roupa minúscula! Se é que se pode chamar aquilo de roupa...e ficava toda hora se esfregando em Richard - ela suspirou, irritada.
- Ele é casado, Beck - Rebeca tinha uma queda por seu chefe, que parecia ótimo, tirando o fato de ser comprometido.
- Eu sei - ela revirou os olhos, rindo - Por isso não saio por aí agindo como Ally.
- Achei que o nome dela fosse Sally - eu disse, em tom de brincadeira, e Rebeca me jogou uma almofada.
- Tudo bem, eu não deveria estar falando sobre essas coisas com minha irmã caçula - ela disse, e revirei os olhos. Rebeca e eu sempre falávamos sobre...bem, sobre tudo - E você? Está bem?
Pensei em pedir à ela que definisse 'bem', mas aquilo soaria meio pessimista, e eu não queria preocupá-la.
- Tudo bem, eu não deveria te contar - ela disse, alguns segundos depois, antes que eu pudesse responder - Mas você sabe como sou com segredos...
- O que? - perguntei, curiosa. Sim, Rebeca era realmente péssima com segredos.
- Eles vão vir passar o final de semana. Nossos pais. Mas finja que não sabe, porque era pra ser...- não a deixei continuar, porque a abracei, e ela começou a rir, resmungando algo sobre eu a estar esmagando.
Eu sentia falta dos meus pais. Mais do que tudo. E às vezes, eu queria simplesmente a morar com eles. E ver meus antigos amigos. E voltar para a antiga escola. E quase tudo o que envolvia o antes. Mas eu não podia. Não, eu não podia voltar. Não com tantos fantasmas me assombrando
Não quanto tanta coisa podia dar errado.
- Não sei como vamos todos caber aqui - ela disse, rindo, e olhei em volta. O apartamento era realmente pequeno, mas aquilo não importava. Eu estava feliz porque iria ver meus pais.
Dei um beijo de boa noite em Rebeca, subindo, animada e com sono, para meu quarto.
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Perto do limite
RomanceEu passei muito tempo tentando entender o que essa história representa - para os leitores e para mim, mas acho que, no fim, é uma história sobre se apaixonar. Sobre como o amor pode trazer de volta cores para uma parte da sua vida que estava em somb...