Leah
Eu estava de ressaca. De novo.
Aquela foi a primeira coisa que pensei ao abrir os olhos, irritada com a luz que entrava pela janela.
A segunda foi que eu desejava dormir mais um pouco, mas o despertador não parava de tocar, e logo Rebeca viria me puxar pra fora da cama.
A terceira foi que eu ainda vestia as roupas da noite passada, que provavelmente, cheiravam a bar. Cigarros e bebida, quero dizer. E eu odiava aquele cheiro.
Entrei no chuveiro, mesmo sabendo que provavelmente me atrasaria, e demorei um pouco mais lavando meu cabelo, apesar de não haver necessidade.
Estava calor, o que eu, aliás, meio que odiava, por isso vesti meu shorts preto favorito, e a primeira regata que encontrei. Calcei minhas sapatilhas escuras, e escovei os dentes rapidamente.
Eu não queria perder a carona de Rebeca - caso contrário, teria de pegar ônibus, o que não era de todo ruim, mas significava ter a compainha de alguns garotos idiotas, e aquilo, bem, era meio ruim.
Por isso, pulei o café da manhã, jogando a bolsa nas costas, e arrumei o cabelo rapidamente. Tudo bem, não havia muito o que fazer em relação àquilo. Na verdade, quase não havia o que pentear, o que era bom e ruim, dependendo da ocasião.
- Vaamos - gritou Rebeca, também atrasada, balançando as chaves nas mão.
Passei rapidamente por ela, que trancou a porta, e meio que corremos até o carro. Eu sabia como ela odiava chegar atrasada no trabalho, apesar de ser a pessoa mais desorganizada que eu conhecia - depois de mim mesma, é claro.
- Você está com uma cara péssima - ela me disse, ao entramos no carro, o que me fez olhar no espelho, instantaneamente. Droga, eu realmente estava com umas olheiras horríveis.
Ela me jogou seu corretivo, que espalhei cuidadosamente.
- Fique acordada até bem tarde - falei, como uma desculpa. Eu não gostava particularmente de mentir para minha irmã, visto que ela costumava ser a pessoa em quem eu mais confiava, mas eu tinha certeza de que ela não aprovaria passar parte da noite se embebedando em um bar, com um garoto que, provavelmente, tinha a palavra perigoso pintada na testa.
Eu também não aprovaria. Mas então me lembrei do beijo - ou o quase beijo - e o que viera depois.
Bem, eu não era idiota. Sabia que não deveria me...qual era a palavra correta? Me envolver com garotos. Com garotos como ele.
Então porque eu simplesmente não conseguia parar de pensar naquilo?
Fechei os olhos, me focando naquela dor de cabeça dos infernos, e tentei não pensar em nada.
Em meu sonho, uma série de imagens confusas se misturavam - Mick me beijando, os copos de espatifando no chão, e meu grito. Então, tudo ficava borrado, e já não era seu rosto que eu via.
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Perto do limite
RomanceEu passei muito tempo tentando entender o que essa história representa - para os leitores e para mim, mas acho que, no fim, é uma história sobre se apaixonar. Sobre como o amor pode trazer de volta cores para uma parte da sua vida que estava em somb...