Leah
Eu estava quase pegando no sono quando meu celular vibrou. Desbloqueei a tela, que exibia uma mensagem de um número desconhecido.
Me perguntei, assustada, quem poderia ser, e peguei meus fones, escutando o áudio. Hurricane. Mick a estava tocando, e cantarolava com sua voz rouca.Ouvi o áudio novamente, colocando-o para se repetir algumas vezes. Ele realmente tocava bem...na verdade, mais do que bem, eu poderia dizer.
Não pude deixar de imaginá-lo tocando, em sua casa, e aquilo me fez sorrir.
Devo ter cochilado, porque acordei cerca de meia hora depois com os fones enroscados em meu pescoço e o som da voz de Mick em meus ouvidos.
Não sei de onde veio a ideia de ligar para ele, e antes que eu mudasse de ideia, o fiz.
Eu não havia sido lá muito legal naquela amanhã, e não conseguia parar de pensar naquilo.
Disquei seu número, e ele não atendeu. Talvez estivesse ocupado - pensei, ou ainda estivesse bravo pela coisa da escola.
Bem, eu não deveria ter ligado.
Estava quase pegando no sono novamente, quando meu celular vibrou.
"Leah?" ele perguntou, sua voz um pouco mais grave do que o habitual.
"Como conseguiu meu número?" eu não queria soar grossa, mas na verdade estava curiosa. Eu não me lembrava de ter passado para ele - ou talvez eu estivesse bêbada demais.
"Isso importa?" ele perguntou, parecendo querer mudar de assunto.
"Sim! Você pode ser uma espécie de perseguidor ou sei lá..."
Tudo bem, aquilo era meio irônico, porque eu é que deveria estar parecendo a perseguidora.
"Você é a perseguidora aqui" ele disse, e então baixou o tom de voz, como fazia quando queria parecer sedutor ou algo do tipo. Bem, ele conseguia, pensei, um pouco irritada. "Mas não se preocupe. Acho sexy. "
Tentei não deixar que aquilo me desconcertasse, mas caramba...
"E o que você não acha sexy?" perguntei, numa tentativa - meio falha - de copiar seu tom.
"Garotas bêbadas dançando" ele disse, e pareceu estar brincando, mas aquilo me deixou um pouco...envergonhada.
É isso o que você ganha por beber demais, pensei, me lembrando daquela noite.
Céus, eu devia ter parecido uma maluca.
"E sabe o que eu não acho sexy?" perguntei, sabendo que ele ficaria curioso.
Ele mordeu a isca, porque me perguntou o que, e pareceu interessado.
"Garotos bêbados tentando me beijar" eu disse, o que tecnicamente era verdade. Mesmo eu tendo meio que gostado daquele beijo. Ou quase isso.
"Você os prefere sóbrios?" ele perguntou, e pensei em mudar de assunto - minha preferência por garotos não deveria ser o tema daquela conversa! - mas resolvi entrar em sua brincadeira.
"Sim."
"Isso é uma espécie de convite?" ele perguntou, e eu não soube o que responder.
Desci as escadas em silêncio. Eu precisava de um copo d'água.
Rebeca assistia televisão na sala, e me encarou, curiosa, mas não disse nada.
Esperei até estar no topo da escada para responder. "Céus! Pare de flertar comigo..."
Ele riu, e também acabei rindo. Então perguntou porque eu havia ligado.
Sim, o áudio. Eu havia até esquecido.
"Não fique convencido." tentei parecer meio contrariada - ele sabia ser um pouco metido às vezes - "Mas você é bom pra caralho."
Ele riu maliciosamente, e bufei. Garotos, tsc.
"Eu estava falando sobre o áudio!"
"Se você diz..." ele riu, e revirei os olhos. Ouvi alguns passos vindos da escada, e disse que precisava ir.
Não queria Rebeca fazendo perguntas sobre Mick. Até mesmo porque eu não saberia respondê-las.
"Boa noite, Lee." ele disse, e sorri. Só minha família me chamava daquele jeito, mas quando ele disse, pareceu certo.
"Mick" eu disse, antes que mudasse de ideia "Eu saio pra beber com você. Ou sei lá. Só não use...aquelas coisa de novo, ok?"
Pronto. Eu havia dito. Mesmo sabendo que, talvez, pudesse ser uma grande besteira.
"Tudo bem." ele concordou, e desligamos, mas meu coração ainda palpitava com uma velocidade assustadora.
Rebeca entrou alguns segundos depois, trazendo uma xícara de chocolate quente - na verdade quase fervendo, como costumávamos fazer.
- Com quem estava conversando? - ela perguntou, num tom que revelava curiosidade.
- Um amigo - respondi sucintamente, esperando que ela deixasse pra lá. Eu não costumava esconder coisas de Rebeca, mas como explicar algo que nem eu mesma entendia direito?
- Fico feliz que esteja fazendo amigos - ela disse, levantando as sombrancelhas, e dei de ombros - Só tome cuidado.
Sim, eu precisava tomar cuidado. Não podia me machucar de novo.
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Perto do limite
RomansaEu passei muito tempo tentando entender o que essa história representa - para os leitores e para mim, mas acho que, no fim, é uma história sobre se apaixonar. Sobre como o amor pode trazer de volta cores para uma parte da sua vida que estava em somb...