Capítulo 14

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Leah


Acordei, sobressalta, com Rebeca me sacudindo ao estacionar em frente à escola, e céus, eu estava suando.
- Você está bem? - ela me perguntou, com um olhar preocupado, e só então percebi que eu havia gritado.
Foi um pesadelo, eu disse à mim mesma, tentando me acalmar, e dei um beijo na bochecha de Rebeca, desejando um bom trabalho, enquanto ela dava a partida, acenando.
Procurei por algum dinheiro em minha bolsa, e comprei um café expresso da máquina e uma daquelas barrinhas de cereais horrorosas. Eu estava morrendo de fome. E precisava de algo para me distrair.
Bebi o café rapidamente, embora achasse um roubo eles cobrarem tão caro por tão pouco. O conteúdo do copo mal vinha até a metade!
Aquele sinal barulhento bateu, e guardei a barrinha na bolsa, tentando me lembrar de qual era a primeira aula.
Cumprimentei Sam, a garota que, como eu, sentava no fundo da sala. Ambas tínhamos uma mecânica silenciosa. Ela guardava meu lugar, eu lhe emprestava minhas anotações, e raramente conversávamos. Talvez eu tivesse perdido o jeito de fazer amizades, mas aquilo funcionava para mim.
Agradeci ao fato de Fred, um garoto bem alto, ter se sentado na minha frente, porque assim não precisei fingir prestar atenção na aula, e consegui dormir um pouco.
A maioria das aulas funcionou assim, mas eu sabia que não daria certo em educação física. Embora o tempo estivesse ótimo, e talvez, em uma época um pouco distante, eu adorasse nadar, não podia fazer aquilo. E estava cansada demais para tentar.
Guardei minhas coisas no armário, esperando o corredor se esvaziar para dar o fora, quando notei Mick conversando com Luiza, dois armários depois do meu. Fingi não tê-lo notado, apesar de ele estar olhando em minha direção, mas Luiza, pelo visto, me notou.
- Meu Deus - ela exclamou, com aquela voz estridente, que no momento, me pareceu um pouco irritante - Seu cabelo!
Dei um meio sorriso, olhando rapidamente em sua direção, e Mick ainda me encarava significativamente, como se quisesse dizer algo.
Fechei o armário rapidamente, mas eles me seguiram. Revirei os olhos. O que ele e sua namoradinha queriam?
- Ficou bonito! - ela exclamou, novamente, naquele tom meio falso, e baixou um pouco a voz - Você tá bonita, apesar da...
Ela gesticulou para a cicatriz em minha bochecha, e a encarei por alguns instantes, me perguntando que merda ela tinha na cabeça.
Dane-se, pensei, me afastando, e ouvi Mick bufar, vindo atrás de mim.
Comecei a andar um pouco mais rápido, tentando evitá-lo, mas ele me segurou, quando eu me aproximava da saída.
- Ei - ele me puxou, e eu disse a mim mesma para não encará-lo. Aqueles olhos...
- Oi - eu disse, depois de alguns segundos, e tirei sua mão de meu braço. Ele levantou as sobrancelhas, meio confuso, e imaginei que minha expressão não estivesse lá muito convidativa.
- Você esqueceu isso - ele estendeu minha pulseira, e instantaneamente, olhei para meu pulso, confusa. Ela não estava ali. - Naquela... noite.
Ele se referia à primeira noite, quando eu havia dançado igual a uma idiota, e provavelmente, dado em cima dele. A noite em que eu havia voltado, às pressas, da casa de meus pais, e o encontrado aleatoriamente naquele bar.
- Obrigada - eu disse, um pouco secamente, e ele pareceu um pouco irritado.
Aproveitei a deixa para me afastar, mas ele continuou me seguindo.
- Ei - dessa vez ele veio ao meu lado, e não havia forma de evitá-lo. O que ele queria? - Leah.
Então ele sabia meu nome. Talvez seu amigo houvesse dito. Porque aquilo importava, afinal?
- O que foi? - perguntei, parando, e percebi que estávamos no meio do estacionamento. Talvez eu tivesse sido meio grossa, porque ele pareceu momentaneamente irritado.
- Nada - ele murmurou, se afastando com aquela expressão de indiferença que costumava usar, e aquilo, por algum motivo, fez com que eu me arrependesse de tê-lo ignorado.

Perto do limiteOnde histórias criam vida. Descubra agora