Leah
Eu havia prometido a mim mesma que não iria beber aquela noite, mas droga, aquilo realmente estava acontecendo. Mick tornava aquela coisa de beber divertida, e embora eu precisasse ir para casa, pensei que não haveria problema em ficar um pouco mais.
Afinal, eu não tinha nada pra fazer... Além de dormir.
As músicas eram boas, e aquele lugar era legal. Na verdade, eu estava me divertindo, o que era um pouco estranho.
Percebi que um cara, aparentando estar na faixa dos 40, me encarava fixamente, de um jeito bem óbvio e resolvi ignorá-lo. Eu odiava aquilo... Aquela cara de pau de alguns homens. Homens mais velhos. Aquilo não fazia eu me sentir bonita.
Dei um gole em minha bebida, enquanto Mick se levantava para pegar algo "mais leve", e não pude deixar de pensar que nossas concepções de leveza eram bem diferentes...
Então, eu disse que precisava ir ao banheiro, e alguns segundos depois, me virei assustada, ouvindo alguns passos em minha direção. Mick, então, colocou o braço ao redor de minha cintura, e o encarei confusa. Me virei para trás, e percebi que ele havia notado o cara - que estava parado de uma forma esquisita no final do corredor.
Mick me esperou perto das escadas, e mesmo quando já estávamos nos balcões pedindo outras bebidas, eu ainda conseguia sentir aquela estranha eletricidade passar por meu corpo onde sua mão havia estado.
Quanto eu havia bebido?
Droga, Leah, você tem que parar com isso, me censurei mentalmente.
Tropecei em algo aparentemente não visível no chão, e Mick sugeriu que eu pegasse alguma coisa fraca, como aquelas bebidas enjoativas com chocolate.
Não fosse seu tom sarcástico, eu até acharia que ele estava sendo legal.
Pedi uma daquelas bebidas especiais, com pouco run, e bastante sorvete, e dei um longo gole.
Mick me encarava, sorrindo, e estendi o copo a ele. Aquilo era muito bom, talvez melhor do que todas aquelas coisas que tomávamos.
Seu olhar se encontrou com o meu, e imediatamente baixou para meus lábios, de forma significativa. Eu levantei as sobrancelhas, o encarando, e soube que ele me beijaria antes mesmo que acontecesse, o que não fazia sentido nenhum. Mas ele fez mesmo assim.
Mick me empurrou contra o balcão, e eu olhei para seu rosto, porque céus, ele era realmente atraente. Não do tipo apenas bonito... Mick tinha alguma outra coisa.
Segurei sua camisa, indecisa entre puxá-lo mais para perto ou pedir que se afastasse. Eu não sabia o que fazer.
Então fechei os olhos, me concentrando em seu perfume. Eu queria beijá-lo, mas onde aquilo nos levaria?
Abri os olhos, encarando os seus, que pareciam quase esverdeados. Eu não conseguia respirar. Então por alguns segundos ignorei todos os recados que minha mente parecia me passar, e ele deve ter lido minha expressão, porque segurou minha cintura, e eu o encarei, finalmente puxando-o mais para perto. Fechei os olhos novamente, e Mick encostou seus lábios nos meus.
Então, alguns segundos depois, ele me afastou. Nós mal havíamos nos beijado, e eu sabia que sua intenção não seria apenas um selinho.
O encarei, confusa, e percebi que Mick, com um típico olhar vago de quem bebera mais do que deveria, cambaleava, segurando-se no balcão.
Ele estava bêbado, é claro. Revirei os olhos. Eu também deveria estar, mas só me sentia... alegre. Talvez não tivesse bebido tanto assim.
Estava prestes a fazer alguma piada sobre ele ser fraco pra bebidas, quando o vi cair.
Tentei segurá-lo, mas alguns copos se espatifaram, espalhando vidros pelo chão.
- Mick - gritei, assustada, e um dos outros garotos de sua banda (o de barba, que eu não conhecia) correu em nossa direção, parecendo bastante irritado.
- Que merda ele aprontou dessa vez?- ele perguntou, retoricamente, com o cenho franzido, e se abaixou, ao mesmo tempo em que algumas pessoas se aglomeravam ao nosso redor. Caramba. Ninguém tinha mais o que fazer do que ver alguém desmaiar em um bar?
- Ele está bem? - perguntei, alguns segundos depois, e ele então notou minha presença.
- O que vocês usaram? - perguntou, num tom ríspido, e notei que o garoto jogara uma garrafa de água no rosto de Mick.
- Nós só bebemos - respondi, igualmente irritada.
O que ele estava insinuando? Que havíamos nos drogado? Não fiz questão de não parecer ofendida, porque eu estava, e ele deve ter notado, porque sua expressão se suavizou.
Então, percebi que talvez Mick usasse aquelas coisas. Eu não o conhecia, certo? Podia ser verdade.
Merda.
- Eu não sei - falei, um pouco menos na defensiva - Não sei o que ele fez antes de bebermos.
O garoto assentiu, e notei que Mick abria os olhos, confuso.
O dono do bar, um cara de cabelos grisalhos e roupas escuras, se aproximou, e o garoto de barba me guiou em direção à saída, afastando o grupo de pessoas curiosas.
- Precisa de carona? - ele perguntou, parecendo preocupado.
- Não, não vou embora. Como eu disse, só estávamos bebendo... - eu disse, sentindo certa hesitação em minha voz.
Eu estava ficando meio preocupada.
- Olha, como você se chama?
- Leah - falei, percebendo então que, talvez, Mick não soubesse meu nome. Mas aquilo não importava, porque pela forma como a noite estava transcorrendo, eu estava certa de que ir até ali havia sido um erro.
- Certo. Leah, vá pra casa. Mick vai ficar bem. Ele só está... com a cabeça meio fora do lugar.
Me perguntei sobre o que aquilo significava, e, relutante, assenti.
Procurei pelas chaves do carro no bolso, e o garoto entrou no bar, parecendo um pouco aborrecido.
O que Mick tinha na cabeça? E porque eu havia ido até ali, afinal?
Arrependida, dirigi rapidamente até em casa, torcendo para que nenhum policial me parasse no meio do caminho.
Quanto eu havia bebido, afinal? E o que Rebeca diria?
Eu tinha aula no dia seguinte, e com certeza, acordaria com uma dor de cabeça terrível.
Tentei não fazer barulho ao entrar, e subi as escadas cuidadosamente.
Abri a porta do quarto, jogando os sapatos em qualquer lugar, e me atirei na cama.
Me lembrei de conferir se as janelas estavam trancadas, e rapidamente peguei no sono, encolhida naquele monte de cobertas.

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Perto do limite
RomanceEu passei muito tempo tentando entender o que essa história representa - para os leitores e para mim, mas acho que, no fim, é uma história sobre se apaixonar. Sobre como o amor pode trazer de volta cores para uma parte da sua vida que estava em somb...