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VALLIE

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VALLIE

Puxei meus braços novamente, sentindo o atrito do plástico queimar a pele dos meus pulsos. O som abafado do meu próprio esforço preenchia o quarto sombrio onde minha mãe nos trancou. As paredes pareciam mais próximas a cada segundo, sufocantes, enquanto Every, sentada na cadeira ao meu lado, me observava em silêncio.

— Isso é inútil — ela disse, baixinho.

— Não vou desistir — rebati, ofegante, encarando as cordas que prendiam meus tornozelos. Mas então algo na voz dela me fez parar. Eu ergui os olhos para Every. Ela estava quieta, mas havia algo de errado em sua expressão. Seus olhos brilhavam, mas não era só medo. Era algo mais. Culpa.

— Every? — chamei, estreitando os olhos. — O que você tinha para falar? Você ia me contar algo antes.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior.

— Eu... eu preciso te contar uma coisa.

Meu estômago se revirou. A culpa em sua voz soou como um aviso.

— O quê? — perguntei, desconfiada.

Every respirou fundo, os ombros caindo, como se estivesse prestes a desmoronar.

— Sua mãe... Ela me pediu para ficar de olho em você. Para descobrir se você tinha recuperado a memória.

Meu corpo congelou, e por um momento achei que não tinha ouvido direito.

— O quê? — repeti, minha voz mais alta e mais afiada.

— Foi no hospital, quando você ainda estava se recuperando — ela continuou, rapidamente. — Meu pai estava internado também, lembra? Câncer. Lily apareceu um dia... Ela sabia que meu pai precisava de ajuda. E ofereceu um remédio experimental, algo que poderia estabilizar a doença, talvez até salvar a vida dele. Mas tinha uma condição.

— Claro que tinha — zombei, bufando e revirando os olhos.

Every franziu o rosto, mas continuou.

— No início, eu não entendi a proposta dela. Achei estranho, sabe? Ela insistia, falava que era importante. E enquanto eu recusava, o estado do meu pai piorava. Ele começou a definhar. Então eu cedi. Mas... eu nunca planejei contar nada a ela, Vallie. Nunca. Não sou esse tipo de garota.

Eu apertei os lábios, estudando seu rosto, enquanto Every desviava o olhar novamente.

— Lily sempre me causou arrepios, sabe? Eu odeio a forma como ela olha para as pessoas, como se fosse superior. Eu sabia que não devia confiar, mas meu pai estava morrendo.

— Então você aceitou  a proposta dela.— comentei, balançando a cabeça.

— Não! — Every olhou para mim, desesperada. — Eu só... Eu fingia. Eu não contava nada importante. Nem mesmo quando vi você e Dean saindo juntos para a floresta no dia da festa... eu nunca disse nada.

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