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DEAN

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DEAN

Eu segurava o volante com mais força do que o necessário, os dedos ficando brancos enquanto cortava a estrada escura e solitária. A ligação de Vallie não saía da minha cabeça. Aquela voz dela  apavorada, frágil me perseguia como um fantasma. E então o silêncio que veio em seguida, seco, frio. A chamada se foi antes que eu pudesse dizer perguntar o que estava acontecendo. Antes que eu pudesse jurar que ela ficaria bem.

Eu devia ter entrado com ela. Sei disso agora. Mas, na hora, achei que estava sendo esperto. Que deixar Vallie sozinha com Lily evitaria um circo completo, evitaria a discussão que estava esperando por mim, as acusações, a tensão crescente. Pensei que, talvez, ao me afastar, daria a Vallie um pouco de paz, deixaria Lily desarmada. Que ela deixaria passar.

Mas agora? Agora me sinto como um idiota. Como um covarde. Eu deveria ter ficado ao lado dela.

 Deveria ter suportado qualquer coisa que Lily tivesse a dizer. O que fosse, eu aguentaria.

O silêncio do carro parece me devorar aos poucos, aumentando minha ansiedade e tormenta. A estrada se estende como uma sombra sem fim. Cada quilômetro só faz o peso no meu peito aumentar, o arrependimento crescendo, me esmagando. Eu só sei que preciso encontrá-la. Preciso me certificar de que ela está bem. E mesmo que ela nunca me perdoe, eu não descansarei até vê-la de novo.

Assim que estaciono na frente de casa, meus olhos captam o carro de Lily jogado no meio-fio, como se tivesse sido abandonado ali às pressas. O motor do meu carro mal havia desligado e eu já estava fora, o nome de Vallie preso na garganta, o pânico me dominando. Tudo parecia errado, quanto mais eu avançava para dentro da casa e não a via.

— Vallie! — chamei, sem conseguir esconder a aflição.

Quem apareceu foi Lily, surgindo do corredor com o rosto incrivelmente sereno, um contraste cruel com o caos dentro de mim. Ela estava com o cabelo úmido, usando um conjunto de pijama confortável, calça e blusa, rpsto limpo de maquiagem, até um leve aroma de perfume. Tão calma de um jeito que beirava o absurdo.

Por um segundo, fiquei paralisado, minha mente tentando entender o que via. Ao fundo, a cozinha estava arrumada, a mesa de jantar vazia, sem os vestígios de antes. Cada coisa parecia em seu devido lugar, como se as horas passadas não fossem nada além de uma lembrança apagada.

Ela estendeu os braços para me abraçar, mas eu recuei e segurei seus punhos, olhando em seus olhos.

— Cadê a Vallie? — perguntei, tentando manter a calma, mas minha voz saiu áspera, urgente.

Lily, no entanto, me encarou com uma expressão amarga, o rosto tenso, os olhos estreitos.

— Você deveria estar se desculpando por sair correndo e me deixar sozinha. Não perguntando por minha filha, Dean.

Senti uma onda de impaciência me percorrer, uma raiva fria se acumulando no fundo do peito. Respirei fundo, tentando controlar minha voz.

— Não tenho tempo pra isso, Lily. Já fui claro com você. Nós dois sabemos que nunca vai ter nada entre nós.

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