VICE

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DEAN

Eu piso no acelerador com força, deixando o motor rugir enquanto a estrada se desenrola diante de nós como uma promessa de fuga e desespero. Meus dedos apertam o volante, os nós brancos, mas é a minha mão em sua perna, quente e firme, que me ancora. Preciso senti-la, como se ela pudesse desaparecer a qualquer segundo. Só de pensar nisso, meu peito se contrai. Quase a perdi. Essa ideia me esmaga com um pavor que mal consigo suportar.

Lanço um olhar para Vallie, tentando absorver cada detalhe dela, a forma como ela olha para frente, o brilho sutil nos olhos, a confiança tranquila. Ela está aqui, comigo, depois de tudo. Depois de tudo o que fiz. Meu estômago revira com a culpa. Eu a joguei no meio de um inferno, obrigando-a a enfrentar uma mãe que... não, uma mulher que se revelou o pior tipo de monstro. Como eu pude ser tão cego? Como não percebi o quão cruel Lily realmente era?

Eu sinto meu peito esquentar de ódio e raiva, misturados com um desejo ardente e possessivo. Quase a perdi, e agora estou preso entre o êxtase e o horror. Minhas mãos tremem, e aperto a coxa dela um pouco mais forte, precisando sentir sua pele, sua presença. Não sei se ela percebe a urgência no meu toque, mas não consigo evitar. Ela vira o rosto para mim, e nossos olhares se encontram. Apesar de tudo, ela confia em mim.

—Vallie...— Eu suspiro, a voz rouca, o nome dela pendurado no ar, carregado de promessas e medo. Ela me encara com uma calma que parece impossível, uma fé que eu não mereço, mas que me consome. Minhas mãos vacilam.

Minha mente volta para Lily, para a máscara que ela usou durante todo esse tempo, para a maneira como me manipulou, como me manteve preso com ameaças e chantagens. Ela sabia o quanto Vallie significava para mim e usou isso sem hesitar. Usou a falta de memória de Vallie, fez de tudo para distorcer a realidade dela. E eu permiti. Permiti porque... eu tinha medo. Medo de que ela afastasse Vallie de mim para sempre. Esse pensamento me atormenta.

Minha mão aperta a perna dela novamente, e sinto uma pontada de desespero. Lily tentou tirar Vallie de mim. Ela tentou tirá-la, da forma mais perversa e fria possível. Que tipo de pessoa faz isso? Que tipo de mãe... que tipo de pessoa tenta matar a própria filha? Mesmo agora, com tudo tão claro, essa verdade ainda me atinge como uma faca. Eu queria acreditar que Lily tinha um limite, mas fui ingênuo. Agora, só me resta lutar para manter Vallie segura.

Ela olha para mim com aquele olhar que me acalma e me destrói ao mesmo tempo. Quase a perdi, e isso é algo que eu jamais vou permitir de novo. Não importa o que eu precise fazer.

Assim que cruzo a porta com Vallie, tudo dentro de mim transborda. É como se a tensão e o desejo que mantive contidos durante toda a viagem explodissem de uma só vez. Eu a seguro com firmeza, embalando o rosto dela nas minhas mãos, os polegares acariciando suas bochechas como se eu precisasse sentir cada centímetro.

Meus olhos percorrem cada detalhe dos traços delicados, o brilho nos olhos, a boca entreaberta e sei que estou perdido, entregue.

— Eu estava morrendo de saudade. — rosnou baixo, a voz rouca de desejo e desespero. Minha testa encosta na dela, e eu sinto o calor dela, o cheiro que me deixa insano. Quase posso ouvir o som da minha própria respiração se entrelaçando com a dela. Ela fecha os olhos, um gemido escapando de seus lábios enquanto sussurra que, mesmo sem a memória, sempre sentiu algo forte e inexplicável por mim, uma atração incontrolável que a fazia se sentir confusa e culpada.