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VALLIE

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VALLIE

A primeira coisa que senti foi a luz. A claridade atravessou minhas pálpebras, então abri os olhos devagar, e tudo parecia... borrado. Como um sonho que eu não conseguia decifrar. O teto branco, o cheiro de antisséptico no ar e o som distante de máquinas apitando ao meu lado.

Um homem se aproximou, usando um jaleco branco, o rosto sério, mas de certa forma reconfortante. Ele observou cada movimento meu, seus olhos atentos, e então abriu um sorriso leve.

— Olá, Vallie. Que bom que está acordada.

Demorei alguns segundos para processar o que ele dizia. Eu estava... desacordada?

— Onde eu estou? — minha voz saiu fraca, um sussurro que parecia estranho até aos meus próprios ouvidos.

— Você está no hospital. Teve um acidente e ficou desacordada por alguns dias. Precisei de uma transfusão de sangue, mas já está fora de perigo. — Ele deu uma olhada rápida nas máquinas antes de continuar. — Houve algumas lesões, mas nada permanente. No entanto, seu braço precisará ficar engessado por algum tempo.

Olhei para o braço esquerdo, agora envolto em um gesso que parecia tão pesado quanto o vazio que se espalhava pela minha mente. As palavras dele faziam sentido, mas a realidade parecia flutuar em torno de mim, como se tudo ainda fosse parte de um sonho distante.

— Você se lembra de alguma coisa? Do acidente? — ele perguntou, avaliando minha reação.

Eu franzi a testa, tentando alcançar algo além do branco que envolvia meus pensamentos. Mas tudo o que encontrei foram imagens vagas e turvas. Neguei com a cabeça, suspirando.

— Não... não lembro de nada. Só... — Minha voz falhou. — Só quero ver meus pais.

Ele assentiu e disse que os chamaria. Fiquei sozinha por alguns instantes, a mente navegando entre as poucas lembranças que restavam. Lily, minha mãe, e... Michael, meu pai. Lembrava-me das noites em que os três se sentavam juntos, com sorrisos e histórias que pareciam eternas. Era tudo que eu tinha, as memórias até os seis anos, como se o resto tivesse desaparecido em algum lugar distante.

Foi quando a porta se abriu, e um homem entrou. Por um momento, meu coração parou. Ele era o homem mais bonito que eu já tinha visto. Cabelos escuros, olhar intenso, e uma presença que preenchia o quarto de uma maneira quase sufocante.

Mas, sem pensar, a pergunta escapou dos meus lábios.

— Quem é você?

O olhar dele mudou em um piscar de olhos. Primeiro, vi um alívio enorme, como se todo o peso do mundo tivesse caído de seus ombros no momento em que me viu. Mas então, sua expressão se distorceu em desespero, como se algo nele estivesse se partindo. Ele se aproximou devagar, e eu senti seus dedos passando suavemente pelo meu cabelo. Foi só então que percebi que havia uma faixa ao redor da minha cabeça, apertada, como se estivesse segurando todas as partes de mim que não faziam sentido.

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