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VALLIE

O carro mal parou, e eu já sentia a inquietação queimando em mim

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O carro mal parou, e eu já sentia a inquietação queimando em mim. Minha pele ainda estava quente, pulsando com a memória do que quase aconteceu na cozinha. Dean. O rosto dele tão próximo do meu, o jeito que seus olhos escuros caíram sobre minha boca… Eu não conseguia parar de pensar nisso, por mais errado que fosse. Ele era meu padrasto, e só esse pensamento deveria ser suficiente para me afastar. Mas ali, presa no desejo inquietante, eu não queria me afastar. Queria sentir aquilo de novo, aquele calor, aquele toque, aquela linha tênue entre o certo e o proibido. Ele. Eu queria ele, seu toque, sua voz, sua presença, seu beijo.

Every falava sem parar ao meu lado, animada, enquanto dirigia pela estrada escura em direção à floresta. Fingia ouvir, mas a verdade é que sua voz era apenas um ruído distante, um pano de fundo para os meus próprios pensamentos. O calor que ele deixou em mim não sumia, e a culpa que vinha junto com isso apenas aumentava o desejo.

Quando descemos do carro, a floresta estava envolta em uma penumbra misteriosa, iluminada apenas por tochas espalhadas e pela luz da fogueira à distância. A batida grave da música reverberava pelo chão, enquanto as árvores ao redor pareciam guardar segredos. Eu me senti transportada para outro mundo, onde o cheiro de terra e madeira queimada misturado ao som da festa criava uma atmosfera quase surreal. Não havia regras ali, nada além dos nossos próprios desejos, e de repente eu queria me perder naquilo. Esquecer de Dean, esquecer daquela casa sufocante.

Caminhei pelo lugar com Every ao meu lado, apenas observando, tentando reconhecer os rostos. A batida sensual de uma música encheu o ar, eu a reconheci imediatamente. Ela é a número um da minha playlist,  sempre me faz querer fechar os olhos e dançar. Foi aí que um cara se aproximou. Alto, moreno, de olhos castanhos escuros e um sorriso que me fez esquecer o meu próprio nome por um segundo. Ele me olhava com uma intensidade crua, direta, e eu percebi que queria exatamente isso. Alguém que me tirasse dos pensamentos insuportáveis sobre Dean.

Ele estendeu a mão e, sem pensar, segurei, sentindo a firmeza do toque enquanto ele me puxava para mais perto. Me deixei guiar pelo ritmo da música, os corpos dançando ao nosso redor como sombras encantadas pela fogueira, uma dança entre o desejo e o esquecimento. A batida sensual da música dominava meu corpo, e por alguns minutos, a imagem de Dean foi substituída pelo calor e a presença desse estranho.

Eu podia sentir as mãos dele deslizarem pelo meu quadril, a respiração dele na minha nuca, enquanto eu dançava, me permitindo esquecer de tudo. Era um toque insistente, que me ancorava ao momento, e eu me deixava levar por ele, decidida a enterrar qualquer outro pensamento que me deixasse culpada.

Mas então senti uma pressão abrupta em meu quadril. O cara foi empurrado para o lado com força, desequilibrando-se, e eu me virei, surpresa e irritada. Minha respiração parou. Ali, na penumbra, iluminado pela luz quente da fogueira, estava Dean, com os olhos escuros fixos em mim, o rosto sério, quase sombrio. Eu não sabia o que estava fazendo ali, mas a presença dele roubou todo o ar ao meu redor.

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