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DEAN

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DEAN

Um homem não pode ser refém do medo.

É o que continuo repetindo enquanto absorvo o rosto da minha enteada, pontuando os motivos para recuar e não fazer o que desejo.

Talvez eu devesse ter ficado no quarto. Deixá-la sair com alguma amiga para comemorar o aniversário.

Mas o que estou sentindo é realmente medo?

Eu sempre peguei o que quis até o acidente, mas a morte de Decan me fez recuar. O seu olhar sem vida ainda protagoniza meus pesadelos mesmo quando estou acordado. Ele sempre acreditou que havia algo bom em mim.

O que ele diria se me visse agora? O que meu gêmeo diria se estivesse vivo e pudesse ler meus pensamentos? Todas as perversidades que quero fazer com Vallie.

Ele ficaria horrorizado.

Decan tiraria ela de mim.

Meu irmão sempre foi o herói.

No entanto, acho que nunca conheceria Vallie se ele estivesse vivo. Em contrapartida, o rosto dele é tudo no que consigo pensar enquanto olho para ela.

Isso é tão fodido.

— No que está pensando? — minha enteada pergunta, a boca pressionada em linha reta.

Ela está nervosa.

— Que eu vou arruinar você.

Uma meia verdade, porém, também é a coisa mais honesta que eu disse hoje. Ela me deu um olhar aguçado, abriu e fechou a boca, então suspirou e relaxou os ombros.

— Você não vai.

Eu sorri, me segurando para não jogá-la na cama e mostrar o quanto sua opinião está errada.

— Eu vou, coelhinha. Vou te sujar com a minha escuridão e você vai gostar. Acho que esse é o problema.

— Por que você gosta de perseguir? — a pergunta deslizou pelos seus lábios como uma sinfonia perfeita. Estudei seu rosto por um segundo para ter certeza que ela não estava me julgando e toquei seu lábio inferior com o polegar.

Essa foi uma pergunta honesta.

— Eu precisava saber. — respondi.

O vinco entre suas sobrancelhas afundou.

— O quê?

— O quão parecidos nós dois somos.

Seu olhar de surpresa quase me fez sorrir, então Vallie desviou o olhar do meu e mirou o chão.

— Não estou te criticando. — sussurrei, agarrando seu pescoço pela parte da frente. — Estou afirmando que o monstro em mim quer o seu.

— Você me confunde, Dean. — ela disse em tom ríspido, batendo a mão na minha. Eu a soltei e ela cambaleou para trás, um ou dois passos, antes de tocar seu pescoço e puxar o ar. Vallie me olhou com dúvida, como se eu realmente fosse um quebra cabeça para ela.  Um com peças faltando.

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