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VALLIE

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VALLIE

A frustração sempre foi um sentimento conhecido por mim, assim como a solidão. A única diferença é que ser solitária nunca me deixou constrangida ou furiosa. Meu padrasto pode ser habilidoso com os dedos, mas sua habilidade de ler pessoas é horrível. Arghhhh! Eu nem posso medir minha raiva.

Ele esqueceu.

Por alguma razão, acreditei que meu padrasto seria o único lembrando do meu aniversário. Porém, mais uma vez, agi feito boba.

Eu não sou nada para Dean Lawrence.

Repito mentalmente, pressionando meus olhos fechados, tentando não focar nos seus passos no corredor e nas batidas insistentes na minha porta. A certeza disso queima através de mim, deixando marcas profundas que o tempo não vai curar. Eu cansei dos nossos jogos, de acreditar que temos algo especial, de que ele me enxerga de uma forma diferente.

Na minha mão, meu celular vibra com alguma notificação, a música que tanto amo pausada na melhor parte.

Ergo o celular na altura dos olhos e desbloqueio a tela, o nome da Nia aparece e a queimação no meu peito diminui um pouco. Rolando as mensagens para baixo, encontro os parabéns de mais algumas garotas da antiga escola, uma do irmão da Nia e outra de um número desconhecido. Meu sorriso morre. A velha sensação de que estou sendo observada reaparece e não posso deixar de olhar para os lados, me afastando da porta direto para a cama. Eu não contei para Dean sobre as duas mensagens que recebi, a primeira quando ele usou sua fantasia de padre e me fez alcançar as nuvens e a segunda logo após a cirurgia de mamãe, mas eu sei que ele percebeu meu comportamento estranho. Mesmo com medo, clico na mensagem.

A primeira palavra me surpreende.

Filha.

Esfrego os olhos com as pontas dos dedos para ter certeza que não estou sonhando, então quando os abro e a palavra continua no lugar, leio até o final para ter certeza que não estou alucinando. Leio as três linhas mais vezes do que deveria, levanto e sento novamente na cama incontáveis vezes. Clico no número e salvo nos meus contatos.

Deslizo meu polegar pelo nome pai.

Desconfortável com o nome pai, edito o contato para Michael após longos minutos sentada sem saber o que fazer. O alarme do celular me traz de volta para realidade e resolvo me arrumar para a escola.

Tomo um banho rápido, lavo meu cabelo e resolvo deixar secar naturalmente, pego uma calça de cintura baixa e frouxa nas pernas com uma blusa rosa de manga longa e concluo o visual com uma maquiagem simples, apenas gloss e duas camadas de rímel.

Meu celular pesa no bolso de trás da minha calça enquanto caminho em direção à porta. Descanso a mão no trinco e giro a chave.

— O quê? — dou um pulo para trás quando piso em uma caixa preta de veludo, o pequeno embrulho se move e algo dentro faz barulho. Pode soar neurótico, mas encontrar uma caixa na minha porta após receber uma mensagem inesperada do meu progenitor parece coincidência demais. 

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