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VALLIE

Sentada diante do meu pai em um restaurante que eu não lembrava de ter frequentando, mas que  todos os garçons pareciam me conhecer, eu tentava não lembrar do pequeno embate que tive com Dean antes de sair

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Sentada diante do meu pai em um restaurante que eu não lembrava de ter frequentando, mas que  todos os garçons pareciam me conhecer, eu tentava não lembrar do pequeno embate que tive com Dean antes de sair. Por alguma razão, o homem não gosta do meu pai, no início, pensei que era por ciúme, agora parece mais como se ele quisesse me proteger.Do quê, eu não sei. Dean tem me causado uma mistura estranha de curiosidade e nervosismo. Meu pai parece perfeitamente à vontade, como se essa ideia de eu ir morar com ele tivesse brotado de forma natural e espontânea, e não da decisão conturbada da minha mãe.

A mesa está posta de forma impecável, cada detalhe é requintado, e o ambiente é calmo, quase suave demais. Meu pai mantém seu sorriso abertoe a postura relaxada, me observa atentamente enquanto os pratos são servidos.

— Então, Vallie, o que acha da ideia de vir morar comigo? — pergunta ele, a voz baixa e calma, como se isso fosse apenas uma opção comum, e não um pedido de mudança total de vida.

Eu me demoro em responder, e ele sorri, como se esperasse isso.

— Você sabe, querida, seria bom para você. Digo... aqui você pode focar na sua independência, no que realmente importa. Comigo, vai aprender a não depender de ninguém. Esse é um dos problemas da sua mãe.

Eu fico tensa. A forma como ele fala dela é sutil, mas cada palavra parece vir carregada de algo a mais, como se estivesse insinuando uma fraqueza que só ele consegue ver. Mas ele não espera resposta; Michael nunca espera.

— É que eu... sei lá. Mudar assim tão de repente... É estranho — murmuro, sentindo o peso do olhar dele sobre mim.

Ele balança a cabeça com um sorriso, como se achasse minha reação quase adorável.

— Sei que é um pouco difícil no começo, mas... bom, depois que sua mãe conheceu Dean, tudo mudou, não é? — Ele passa a mão pelo cabelo, um gesto que parece deliberado demais. — Aquele rapaz sempre deu muito trabalho para os pais. Nunca se encaixou em lugar nenhum, ele nem aparece no laboratório. Não me entenda mal, querida, mas Dean não é o tipo de pessoa que sabe realmente cuidar de uma família. Sua mãe o vê como algo maior do que ele é.

Eu me encolho, sentindo algo estranho no ar, mas antes que consiga processar o que ele disse, Michael muda de assunto, servindo-se de mais vinho e me olhando de cima a baixo.

— Sabe, Vallie, você tem uma boa aparência. — Ele sorri como se fosse um elogio, mas a seguir, deixa as palavras caírem no ar, quase leves demais. — Mas é bom sempre manter o foco nisso. A beleza é essencial, já que, bom... nem todos nós fomos abençoados com a inteligência da sua mãe.

O comentário se aloja em algum ponto desconfortável dentro de mim, mas ele continua, a voz melíflua como um conselho.

— Por isso sempre tenha cuidado, querida. Não deixe que pequenas coisas, como... engordar, te atrapalhem. Não quero que acabe como sua mãe, presa a um casamento sem um propósito claro.

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