DEAN
Hoje é o aniversário dela.
Estou obcecado com essa informação desde que acordei, duas horas atrás, e não consigo desviar o pensamento. Encaro o líquido escuro e fumegante nas minhas mãos com desejo. Respiro fundo, inalando o aroma puro do café e provo da bebida. É a minha terceira xícara. Eu deveria parar. Devo parar.
Minha esposa foi transferida do hospital para uma espécie de spa onde será mais bem sucedida em sua recuperação, Sarah foi com ela, mas aparece constantemente sem avisar para pegar algum item que ela julga necessário para estadia da minha esposa. Digo que é, bobagem e que Vallie tem razão, a mulher parece suspeita e a flagrei me observando com os olhos semicerrados uma boa quantidade de vezes para julgá-la uma inimiga.
De acordo com minha última contagem, eu tenho muitos possíveis inimigos agora, mas isso é porque todos eles traçaram alguma linha imaginária de moral e acreditam que possuem algo contra mim. O que é bobagem. Nenhum deles tem provas.
Minha enteada passa por mim cantarolando uma canção e imediatamente reconheço o refrão de sua música favorita, pelo menos, julgo que seja sua favorita considerando a quantidade de vezes que a flagrei ouvindo ou cantando a canção. Ela tem fones de ouvido e fecha os olhos quando recita duas frases específicas, aumentando o volume da voz quando diz a palavra sozinha. Meu peito aperta, mas permaneço no lugar e mantenho minha expressão intacta. Ela rodopia e balança os quadris, jogando os braços para o alto.
— Aaaiii ... — ela grita quando seu olhar encontra o meu, descansando a mão no peito. Seguro a risada e aponto o dedo para suas orelhas, Vallie retira os fones e me dá um sorriso ensaiado que me irrita. — Você me assustou. — comenta.
Aperto meus dedos contra a alça da xícara, lembrando do seu corpo inclinado, a cabeça apoiada no chão, pernas abertas, boceta molhada... Porra! A imagem me deixa duro e possessivo. Esse coelhinho não deveria me deixar tão rendido.
— Assustei? — arqueio uma sobrancelha, vidrado na forma como o tecido da sua blusa gruda contra sua pele e aumenta a atenção para o decote. É uma blusa rosa sem graça, de aparência medíocre, mas que ela conseguiu deixar atraente apenas por usar.
— Sim, você me assustou. Quando você virou um esquisitão silencioso? — ela brincou, resgatando uma fatia de maçã do prato que preparei, metodicamente, com frutas e duas torradas e esqueci de comer.
— Eu não sou um esquisitão. — respondi, não parecendo tão convincente quanto gostaria. Vallie riu de mim e puxou meu prato mais para perto dela, pulei do banco, que estava sentado e preparei uma xícara de café para ela, adicionando creme e duas colheres de açúcar.
— Tem algo que você gostaria de me dizer? — indagou apenas dois minutos depois, empurrando uma uva para lá e para cá no prato.
Sim, suba a saia e apoie as mãos na mesa.
— Você parece inquieta.
Ela aperta os lábios em linha fina, parecendo segurar uma resposta. Isso ativa minha curiosidade.
— Vallie?
— Quando minha mãe retornará?
Apoiando o cotovelo na mesa, esfreguei a nuca, tomado por uma sensação ruim.
Em silêncio, observamos um ao outro por uma quantidade de tempo que não pude distinguir, metade de mim estava gritando para avançar sobre ela e prendê-la na cadeira até que me dissesse todos os malditos pensamentos que a tormentam. Eu podia sentir o gosto das perguntas dominando sua linda cabeça, perguntas que ela não estava me dizendo.
— Dean? — o aviso na voz dela me fez olhar para ela. Amaldiçoei minha obsessão por ela em voz baixa e suspirei.
— Sim?
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VICE
RandomPadrasto. (+18) Vice= Vício. Vallie Simmons sente que Dean Lawrence é perigoso, mas não consegue resistir à paixão avassaladora. Ela terá que escolher entre a lealdade à sua mãe e o amor proibido por seu padrasto, que pode custar a sua vida.