Amizade Colorida - Marina

seventy three

Acordei sentindo o lençol frio ao meu lado e por um instante fechei os olhos novamente, tentando ignorar a ausência do corpo quente de Maya mas a falta dela já pesava então virei na cama tateando o celular na mesa de cabeceira. A tela acendeu e meus olhos arregalaram ao ver a o tanto que eu tinha dormido, eu raramente dormia tanto mas o cansaço da última semana tinha me vencido.

Sorri quando vi a mensagem de Maya:

"Amor, fui pra academia fiquei com dó de te acordar, você parecia um anjo dormindo. Te vejo mais tarde, beijo te amo muito!!"

Suspirei, sentindo o coração apertar um pouco com o carinho que ela colocava nas pequenas coisas. Respondi de imediato

"Bom dia bella, eu dormi igual uma pedra você devia ter me acordado para te dar um beijo antes de sair. Como tá aí?"

A resposta dela veio rápido:

"Hoje tinha teste físico e eu não fazia ideia"

Sem pensar duas vezes, liguei e ela atendeu no segundo toque.

— Hey amor — ela disse com a voz um pouco cansada, mas ainda assim gostosa de ouvir.

— Você tá no intervalo da aula? — perguntei, me espreguiçando enquanto me acomodava melhor na cama.

— Não, já tô indo embora, hoje era só teste físico.

— E como foi?

Do outro lado ouvi um suspiro pesado antes da resposta frustrada.

— Foi bom, mas poderia ter sido melhor... meu joelho não tava legal hoje.

Fechei os olhos por um segundo, sentindo um aperto no peito eu sabia o quanto Maya se cobrava, o quanto ela queria provar para si mesma que ainda era capaz de seguir essa nova carreira, de recuperar uma vida útil e a dor no joelho era um lembrete constante daquilo que ela tinha perdido. Eu odiava ver ela assim, odiava que ela ainda passasse por isso.

— Vem aqui pra casa — falei decidida. — Vou fazer um almoço pra você e depois te dou uma massagem e aí conversamos sobre as opções do seu tratamento.

— Tá querendo me mimar, DeLuca? — ela riu baixinho.

— Sempre — sorri. — E eu sei que você adora.

— Bom argumento — ela brincou. — Mas a sobremesa vai ser você?

— Eu quero ser o prato principal — respondi rindo.

— Hmm, agora eu tô bem mais animada pra esse almoço.

— Então vem logo, antes que eu mude de ideia.

Maya riu e eu sabia que pelo menos por agora ela estava se sentindo um pouco melhor e isso já era o suficiente para mim.

Levantei da cama e fui direto para a cozinha,m decidida a preparar algo que Maya amava. Escolhi fazer fettuccine ao molho Alfredo e uma salada fresca de entrada, com folhas, tomates e queijo parmesão. Enquanto a água fervia para a massa, comecei a cortar os ingredientes da salada, deixando o ambiente com aquele cheiro delicioso de temperos.

Depois de um tempo ouvi o barulho da porta abrindo, olhei para trás e sorri ao ver Maya entrar, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo desfeito e sua expressão cansada não passou despercebida. Ainda assim ela sorriu ao me ver e veio direto até mim, envolvendo meus braços ao redor da sua cintura e me dando um beijo demorado.

— Eu tava com saudades — murmurei contra os lábios dela.

— Nossa, tá carente, né? — ela levantou uma sobrancelha, divertida.

— Tô de TPM. — revirei os olhos e suspirei.

— Ah, agora faz sentido — ela riu.

— O almoço tá quase pronto, você pode colocar a mesa? — perguntei voltando a mexer no molho.

— Claro — ela pegou os pratos e os talheres, começando a organizar tudo. — Hoje o teste foi puxado, teve uma simulação bem intensa, e meu joelho quase me fez desistir mas uma colega me ajudou a continuar.

Parei por um segundo sentindo uma pontada de ciúmes mas respirei fundo, não podia deixar isso me afetar, a minha relação com a Maya não seria assim.

— Que bom que ela te ajudou, você conseguiu terminar?

Maya soltou um suspiro pesado antes de responder.

— Sim, mas foi horrível, no meio da simulação eu senti meu joelho travar de um jeito que achei que não fosse conseguir continuar, todo mundo tava correndo e eu... eu só queria acompanhar, sabe? Queria me sentir forte de novo mas cada passo doía mais do que eu queria admitir se não fosse pela Ava eu teria parado ali mesmo.

Senti um aperto no peito ao ouvir a vulnerabilidade na voz dela, larguei o que estava fazendo e fui até ela, segurando seu rosto entre minhas mãos.

— Amore você não precisa provar nada para ninguém. Você já é a pessoa mais forte que eu conheço.

Ela abaixou o olhar por um instante antes de me puxar para um abraço apertado.

— Eu só queria que fosse mais fácil... — ela murmurou contra meu ombro.

— Eu sei — sussurrei acariciando seus cabelos. — Mas você não está sozinha nisso.

Depois de um momento, ela respirou fundo e se afastou um pouco, me dando um pequeno sorriso.

— Vamos comer antes que sua TPM torne isso perigoso?

Ri, balançando a cabeça e voltei para terminar de servir a comida. Sentamos à mesa e enquanto comíamos Maya trouxe outro assunto.

— Jules me perguntou novamente sobre o tratamento experimental, queria sua opinião sobre isso eu sei que você não é da área....

Olhei para ela percebendo que essa decisão estava pesando nela.

— Eu pesquisei um pouco e parece promissor, acho que você deveria tentar.

— Mandei uma mensagem pra Callie também mas acho que vou fazer esse tratamento com a Jules, ela foi minha fisioterapeuta por anos, cuida dos atletas do comitê olímpico... Confio nela.

Toquei sua mão por cima da mesa.

— Independente do que você decidir, eu vou estar do seu lado.

Ela apertou minha mão de volta e sorriu.

Depois do almoço, fomos para a sala, nos jogamos no sofá e Maya pegou o controle remoto.

— O que a gente vai assistir? — perguntei.

— Alguma coisa leve? Talvez uma comédia?

— Nada bobo demais, por favor.

— Você tem gosto refinado demais — ela provocou.

— Ou você que tem gosto duvidoso?

— Ei! Eu tenho um ótimo gosto! — ela se virou para mim fingindo indignação.

Cruzei os braços, desafiadora.

— Prove.

Ela sorriu de lado, se aproximando.

— Eu te escolhi, não escolhi?

Antes que eu pudesse responder, seus lábios encontraram os meus em um beijo quente, o controle remoto caiu no sofá enquanto suas mãos seguravam meu rosto, aprofundando o contato, o clima esquentou rápido e eu me vi completamente entregue ao toque dela, esquecendo qualquer discussão sobre filmes ou séries.

— E a massagem? — perguntei ofegante entre o beijo.

— A massagem vai ser num lugar melhor agora — ela falou com aquele sorrisinho sem vergonha que eu amava