Kaira ficou paralisada, se quer teve tempo de contestar Soraya – que a olhava como se estivesse guardando aquele segredo por muito tempo – porque ela a arrastou para fora do quarto antes que qualquer palavra saísse da boca da rainha. Assim que saíram pela porta Kaira saiu em um longo corredor, as paredes paralelas eram como as do quarto com flores desenhadas em ouro na cor bege. De um lado havia quadros largos com molduras esculpidas em ouro e do outro algumas portas. Os quadros eram de pessoas pintadas, rostos dos quais ela não conhecia. O teto era alto e havia lustres com pedras preciosas que ficavam por todo ele.
O piso alternava-se entre preto e branco, como um tabuleiro, estava cheirando a eucalipto o que dizia que havia sido limpado há pouco tempo. Enquanto Soraya caminhava tranquilamente a sua frente com as mãos atrás do corpo, Kaira olhava impressionada para tudo aquilo, para tudo aquilo que era exclusivamente dela. Ela era a rainha e se quer conseguia acreditar. O corredor luxuoso terminava em portas duplas que levavam a uma escada de mármore com um tapete vermelho preso ao chão, Kaira subiu as escadas e chegou a um outro corredor parecido com o anterior só que sem quadros, haviam apenas portas duplas de ambos os lados.
Caminharam até a sala de jantar, um local amplo para receber visitas, dos dois lados haviam janelas côncavas emolduradas em prata, as do lado direito estavam todas abertas e uma brisa primaveril beijava o rosto dela. O sol entrava e iluminava a mesa coberta por uma toalha branca com detalhes de fios dourados, havia exatos dez lugares a mesa mas certamente caberiam mais mesas ali caso fosse necessário. As cadeiras eram avermelhadas com detalhes de prata em sua cabeceira, acolchoadas com camurça vermelha nos acentos e no encosto.
A esquerdas das janelas ficavam serviçais vestidos de preto, as mulheres vestiam-se como a Soraya e os homens usavam jaquetas e calças de sarja preta. Eles não olhavam Kaira nos olhos, ninguém olhava ou falava com a rainha como a Soraya falava. Seus olhos saíram dos guardas para as pessoas na mesa, o coração se aquietou quando viu dois rostos conhecidos; Gwen e Will. O resto eram desconhecidos, mas só de ver aqueles dois se sentiu melhor.
Quando a viram levantaram em reverência à sua rainha, Kaira ficou paralisada com o poder que impunha apenas por estar em um ambiente.
-Sente-se, senhorita – sussurrou Soraya, por um momento ela até se esqueceu que Soraya estava ali.
Depois que ela sentou todos a acompanharam, mesmo estando surpresa com o que tinha acontecido nos últimos minutos seu estomago urrou de fome quando sentiu o cheiro de carne assada com batatas. A sua última refeição tinha sido há semanas atrás, desde então estivera doente demais para comer qualquer coisa, sentir aquele cheiro fez a fome se agitar dentro dela.
- Estamos felizes que vossa majestade esteja de volta – disse uma mulher de cabelos cinza e olhos azuis, que tinha marcas espalhadas pela pele como a própria Kaira. Ela era muito bonita e não parecia ser tão velha – Foram longos milênios.
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa Will se apressou em falar primeiro. Kaira agradeceu mentalmente, estava com fome demais para tentar entender o que eles estavam falando.
- Vossa Majestade está um pouco confusa, ainda não está a par de suas lembranças passadas – disse Will – Seria ótimo que vocês se apresentassem novamente. A amnésia será breve e logo ela se lembrara, enquanto isso ajudem-na.
Kaira nunca viu Will falar daquela maneira formal, dado aquela ordem as pessoas na mesa começaram a se apresentar. A mulher dos cabelos cinza era Sarah e fazia parte do parlamento que fora escolhido pela rainha. Miriam era membro do parlamento real assim como todos os outros que se presentaram, ela tinha os cabelos loiros como gema, um rosto não muito bonito, olhos com íris vermelhas e um nariz desproporcional para o rosto, seu ar pomposos e autoritário não agradaram muito Kaira.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coroa de Vidro - Livro 1 (COMPLETA)
FantasyAprender a temê-la antes de amá-la é a primeira regra. Kaira Lancaster é a tirana rainha de Hidryan. Em uma noite da qual não se lembra enviou-se ao globo dos humanos deixando a magia e suas lembranças para trás. Tudo o que lhe restou são lembrança...