Capítulo 16 - O Baile

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O assunto tocado por Soraya caiu no esquecimento, com o baile chegando não havia outros assuntos que ela quisesse falar. Tudo o que Kaira queria naquele momento era que a servente parasse de apertar o corpete. Soraya o puxava dizendo com convicção de que a rainha ficaria bonita daquele jeito. Suas mãos ágeis puxavam as fitas e quando o laço final foi dado, Kaira soltou o ar.

O corpete era preto com pedras quartzo enfeitando-o, a saia caia moldando ao seu corpo, até os pés, a seda preta era de um tecido maleável e com exceção da marcação na cintura ele caia leve pelo corpo. A cintura dela deveria ter diminuído três ou quatro centímetros, o corpete machucava as costelas incomodo esse que não a fazia menos bonita e não desistiria de usá-lo. Sentada de frente para a penteadeira calçou os sapatos pretos com um salto generoso, tiras de pratas se prendiam a fivela, acomodavam seu pé tão bem no acolchoado que a dor nas costelas compensaria.

Soraya prendeu duas tranças ao lado da cabeça e as amarrou atrás dela, seus cachos caiam até metade das costas. A coroa se acomodou bem no topo da cabeça, ela era feita também de quartzo combinava com os fios platinados. Soraya sorriu ao ver a rainha, o baile era um evento fechado apenas para a elite e muitos gostariam de ver a rainha com os próprios olhos.

-A senhorita está linda – sorriu Soraya.

Olhou-se no espelho. Seu corpo inteiro era refletido ali no espelho, pela primeira vez desde que chegou em Hidryan realmente estava se sentindo uma rainha. O corpete deixava a cintura fina e a saia do vestido dançava ao mais leve dos movimentos. Na luz os cabelos pereciam brancos e os olhos incrivelmente claros. Kaira havia se sentido como se nada mais importasse além dela mesma.

- Obrigado, Soraya. Você é maravilhosa – a rainha sorriu agradecendo e dizendo sinceramente aquilo a fiel servente.

~ o ~

O salão do baile estava aberto. O teto côncavo continha desenhos que pareciam terem sido pintados à mão com símbolos iguais aos que estavam na pele da rainha, as janelas de estilo gótico apenas diferiam na cor, pintadas de branco elas eram grandes e estavam abertas para o ar da noite entrar. O chão era como um tabuleiro igual ao de todo o castelo, quadrados brancos e pretos alternados e o jeito como foram espaçados dava a noção de que o salão era bem maior do que realmente deveria ser. Os lustres pairavam acima das cabeças cobertas por penteados extravagantes, haviam três durante toda a extensão balançando ao mais leve sopro dos ventos. No final do grande salão alguns músicos tocavam instrumentos, uma música doce rondava todo o espaço como uma leve brisa que beijava seus cabelos.

Serviçais andavam de um lado ao outro com passadas pequenas servindo os convidados vindo de todas as cortes. A diversidade presente em um espaço grande parecia não ser o suficiente, Kaira manteve seus olhos atentos procurando qualquer diferença entre eles. Tudo e qualquer coisa que seus olhos captavam era novidade já que toda sua memória tinha sido apagada.

Os feéricos destacavam-se dentre todos, orelhas pontudas e olhos violetas era a mínima e a mais óbvias das diferenças. Eram graciosos pisavam em nuvens com peles brancas e olhos grandes e feições marcadas, bem tracejadas. Cabelos sedosos e longos, a impressão que dava era de que eles eram feitos de seda e porcelana. As roupas eram leves e algumas transparentes, como se as roupas fossem apenas mais uma extensão do corpo.

Ninguém era mais colorida que as sereias, andavam com duas pernas escondidas por longos vestidos cobertos em brilhantes. As cores primárias tingiam seus cabelos, amarelos, vermelhos, azuis e cor de rosa iluminavam como luzes em neon. Em suas bocas o mesmo sorriso enigmático presente nas descrições de livros e histórias, quando sorriam Kaira podia ver os dentes pontudos e mortais como os de uma besta.

Coroa de Vidro - Livro 1 (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora