Capítulo 61 - Esqueça os Fantasmas

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Quando Kaira abriu seus olhos estava no centro da cidade, algumas pessoas a olhavam. Com o corpo congelado e as costas doendo levantou devagar e para evitar os olhares e desceu do cavalo. Suas pernas esticaram e estralaram pelo tempo em que ficou na mesma posição.

Não era uma cidade grande, as casas tinham cores distintas e os ladrilhos da rua eram brancos, pelo fato de ser noite haviam bêbados e prostitutas nas ruas e por isso qualquer detalhe passaria facilmente despercebido. Então Kaira começou a andar, procurando algo como um hotel. Puxou o cavalo e o levou até uma estalagem, pagou algumas moedas de ouro para que ele pudesse ficar lá enquanto ela procurava onde Gwen queria que ficasse, lugar esse que ela não sabia porque não tinha perguntado.

As luzes iluminavam a cidade enquanto ela andava recebendo determinados olhares que não eram muito agradáveis. Entrou em um estabelecimento, imaginando que seria um bar pela a quantidade de homens. Havia cheiro de bebia, homem e suor. Com mesas e gritos onde jogavam cartas. Devia ter um hotel ali perto, era notório que muitos ali eram forasteiros. No balcão um homem barbudo olhava a bunda de uma garota que também trabalhava ali. Ele tinha uma barba enorme e branca, era gordo e usava uma camisa com manchas de suor.

– Onde tem um hotel aqui? – perguntou chamando a atenção dele.

–  Porque, boneca? – ele virou– se e sorriu – Tem muitos hotéis por aqui.

–  Onde fica o mais próximo?

–  Há uns vinte minutos daqui, quer ajuda?

Enquanto Kaira o olhava e tentava ignorar o cheiro de suor, as últimas palavras de Gwen ficaram na sua cabeça, a garota – cuja bunda estava sendo observada pelo homem – parecia saber o que ela estava pensando. Esqueça os fantasmas.

–  Esqueça os fantasmas – murmurou

A garota ruiva dos cabelos encaracolados e um rosto coberto por sardas olhou para Kaira. Ela olhou para a o colar dado por Asher e então concordou com a cabeça.

–  Siga os fantasmas – disse ela, tão baixo que Kaira quase não entendeu.

Ela apontou para o lado de fora, que foi para onde Kaira se encaminhou. Do lado de for uma bola pequena iluminada pairava no ar, ela começou a se deslocar para que Kaira a seguisse. E foi o que ela fez seguiu a luz por quase trinta minutos, andando pela cidade e vendo que ninguém se quer nos notava.

Esqueça os fantasmas.

Disse ela antes de se apagar e sumir. Deixando Kaira em frente uma espécie de hotel, pintada na madeira vermelha a palavra Sol estava torta. Devia ter no máximo três andares, era um local simples e claramente para forasteiros. Pintado de branco e com uma aparência suja entrei abrindo as portas de madeira.

O hall era um local simples, com um balcão de madeira, um quadro de chaves atrás do mesmo. O sofá verde ficava no centro ao redor de um tapete gasto e uma mesa de centro que tinha a perna remendada. Uma escada de madeira dava aos quartos mesmo que houvesse um elevador.

Atrás do balcão uma senhora de cabelos azuis, pele clara e um sorriso um pouco assustador acomodava– se, caminhei até ela imaginando onde Gwen tinha achado aquele hotel e o que exatamente queria dizer esqueça os fantasmas.

–  Eu tenho uma... reserva – disse as palavras cautelosamente, não sabendo em que buraco Gwen tinha a enfiado e muito menos como a bola de luz sabia exatamente onde esquecer os fantasmas, sejam eles quem forem.

–  Ah claro que tem querida, Kai Stuart certo? – perguntou a senhora, havia algo de assustador nela, tentei não pensar muito nisso enquanto a olhava.

Concordou com a cabeça sem nem protelar, Gwen não podia mesmo ter dado os dados certos Kaira seria encontrada antes mesmo de fugir.

–  Esqueça os fantasmas – disse– me a senhora antes dos seus joelhos fraquejarem e Kaira ficar zonza.

Kaira caiu no chão com um zunido na sua cabeça como se milhares de abelhas estivessem formando uma colmeia no meu cérebro, colocou as mãos ao redor da cabeça tentando espantar os zunidos. A mulher parecia jogar pragas gritando– as para ela, mesmo que ela tapasse os ouvidos a mulher ainda gritava a sua voz cortava qualquer tentativa de abafamento.

Havia algo de muito errado em esquecer os fantasmas e seja lá onde Kaira tivesse se metido havia algo de muito errado em estar ali também. A temperatura se tornou amena e tudo acabou em escuridão.

Esqueça os fantasmas, esqueça.

Nota da Autora: ESSE É O PENÚLTIMO CAPÍTULO SOCORRO! Todos prontos para Príncipe de Gelo?

Coroa de Vidro - Livro 1 (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora