Capítulo 31 - A Primeira de Muitas Despedidas

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Quando arrastaram Kaira para fora da cela ela olhou para o final do corredor onde estava sua saída, sua única chance de sair dali se fortalecer e matar os dois usurpadores. O guarda puxou os grilhões conduzindo-a pelo castelo que parecia diferente. Kaira queria que estivesse forte o suficiente para colocar o castelo em chamas, mas não estava. Ela sentia tanta fome que mal conseguia se arrastar para onde os guardas a estavam levando.

Ela chegou no salão de baile onde estavam em caixões lacrados, a angustia de Kaira saber o motivo daquilo era porque estavam sem suas cabeças deixava Kaira ainda mais inquieta.  As pessoas a olhavam sabendo que a culpa era dela, a rainha enfurecida dentro dela crescia a cada olhar que ela era obrigada a enfeitar.

O reino inteiro a olhava, quando entrou escoltadas pelos guardas e com as mãos de Will no seu braço houve vaias de todas as partes, Kaira podia escutar os xingamentos, as lágrimas e a dor de todos eles, ouvia a palavra assassina a cada passo dado.  Mesmo assim ela manteve a frieza, Eyra não a veria cair agora. Por mais cruel que fosse, Kaira estava acostumada a receber aqueles elogios, houve-se muitas vezes em que aquelas pessoas disseram aquilo para a ela e acabaram mortas.

Muitos torciam o nariz conforme Kaira passava, ela mesma não estava aguentando o próprio cheiro nojento. O cabelo estava ensebado de poeira e sangue, grudado na cabeça em um emaranhado de fios. As roupas estavam sujas de sangue e da própria urina. Já a irmã estava encantadora usando um preto vestido espalhafatoso com pedras preciosas, seus cabelos estavam presos e lágrimas falsas saiam dos seus olhos. Quando a viu balançou a cabeça negativamente. Sua irmã tomou em mãos um papel, pigarreou antes de começar a ler em cima do palco que montaram para ela.

-Meu povo – começou ela a falar – O infortúnio que atingiu nosso reino estava previsto a tempos, dominada por um poder fraco Hidryan caiu na desgraça, mas não temam haverá uma nova coroação. Hoje venho aqui homenagear meus amigos que foram mortos pela Kaira, a rainha deposta. Sinto muito a toda dor que lhes foi causada, vamos pedir aos deuses que cuidem dessas almas e as levem em paz.

Soraya vinha a toda hora na mente de Kaira, ela ainda não conseguia acreditar que nunca mais a veria. Nem mesmo a mentira de Eyra e faia do povo faria com que sua dor diminuísse. As outras visionárias a olhavam, ninguém a queria naquele espaço, se ela estivesse no lugar deles também não iria querer uma assassina dissimulada.

Kaira teria ficado normal, teria conseguido passar por aquilo se Eyra não tivesse começado a falar dele.

-... O Rei Cameron morreu em nossas terras, enviamos uma carta ao seu povo dizendo que sentimos muito mas como manda a tradição seu corpo será queimado em Hidryan e depois enviaremos aos seus pais e irmão – disse Eyra.

Guardas trouxeram o caixão e o colocaram na mesa de mármore como os outros, foi quando trouxeram uma tocha flamejante que Kaira enlouqueceu. Não havia aquela tradição, o corpo dele deveria ser enviado a família para que o rei pudesse ter um enterro digno. Eyra sabia como aquilo a afrontaria, eles tratariam seu rei como um desertor, um traidor. Queimar um corpo significava que os deuses jamais teriam a alma de Cameron, os feéricos não queimavam seus corpos, era uma afronta.

Kaira enlouqueceu. Deu um grito que encheu todo o salão, os guardas apontaram suas espadas porque sabiam exatamente o que ela iria fazer. Ela não tinha forças o suficiente para vencer a irmã em uma luta contra mas mesmo assim correu na direção dela, Eyra sorriu ao ver toda a raiva da irmã e o que queimar Cameron significava para ela.

A rainha se debatia se soltando das mãos dos guardas, ela visualizou enroscando as correias dos grilhões no pescoço da irmã e a matando sem ar. Kaira correu na direção da irmã mas os guardas a puxaram para trás, com um movimento discreto Eyra permitiu que eles a acalmasse. Eyra usou magia em si mesmo para que pensasse que Kaira a estava enforcando com magia.

- Sua puta mentirosa – gritou Kaira enquanto os seguranças puxavam seu braço para trás – Eu vou matar você uma segunda vez, vocês dois vão desejar nunca terem cruzado meu caminho.

Will assentiu com a cabeça quando Kaira sentiu o primeiro soco no estomago que a deixou sem ar, um dos guardas socaram lhe o rosto. O soco acertou sua maçã do rosto, mas o que veio depois acetou sua boca, Kaira sentiu um dos dentes do fundo sendo cuspindo o dente. A boca encheu de sangue enquanto ela rangia mostrando os dentes ensanguentados. Ela estava no ápice da própria loucura, eles podiam tirar-lhe tudo mas não podiam humilhar a memória do Cameron.

Eles puxaram o braço dela para trás enquanto Kaira soltava um palavrão atrás do outro para a irmã. Os guardas, para contê-la, acertaram Kaira na costela, ela não pode sentir o osso se partindo mas doeu como o inferno, curvou o corpo dando um urro de dor. A loucura que a tomou não permitiu que se acalmasse, Kaira gritou tentando se levantar de novo. Os guardas acertaram-na diversas vezes no rosto, puxando-a jogando-a no chão enquanto a raiva de Kaira só a fazia ver o rosto da irmã.

Acertaram-lhe o nariz, prontamente havia mais sangue cobrindo o rosto da jovem. O guarda da direita acertou-lhe mais forte na costela, Kaira então sentiu o osso se partindo e gritou de dor. Ela caiu de joelhos e quando o fez o guarda chutou-a novamente, a costela doía e ela não conseguia parar de gritar enquanto todos a olhavam espantados por uma rainha ter se tornado uma louca, Kaira deitou-se no chão. Um último chute fora o necessário para que ela apagasse.

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Coroa de Vidro - Livro 1 (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora