Capítulo 17 - Treinamento

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Kaira acordou com Soraya puxando seus cobertores, a servente abriu as janelas e os raios de sol queimaram os olhos claros dela deixando-a cega por alguns segundos. O palavrão escapou xingando as forças do universo e até mesmo a amada criada, Soraya a repreendeu como se fosse anos mais velha. Não queria ter que levantar cedo, seu corpo inteiro estava cansado talvez fosse por causa dos sorrisos que fora forçada a dar a noite inteira ou quem sabe era culpa da bebida.

-Por que estou acordando tão cedo? Não posso dormir? – resmungou segurando um bocejo.

Soraya riu e praticamente a expulsou da cama, começou então a arrumá-la mesmo que Kaira ainda estivesse parada no meio do quarto um tanto bamba, se sentasse no sofá acabaria dormindo novamente. Não lembrava a que horas havia acabado a festa, mas sabia que tinha ido dormir tarde porque quando repousou o corpo a cama parecia ser tudo que precisava.

- O Capitão William solicitou que a acordasse cedo – disse bem-humorada, nitidamente se divertindo com as feições da rainha.

-Vou matá-lo, teremos um cortejo fúnebre – resmungou novamente, não conseguindo conter mais um bocejo – Sabe o que ele quer?

-Algo como andar a cavalo e lembrar-se de como manejar uma espada.

Ela forçou os lábios tentando conter um sorriso, Soraya ainda não sabia até onde poderia ir com a nova rainha mas se pudesse aquele sorriso se transformaria em uma doce e melodiosa risada. Olhando para ela, Kaira não podia conter um breve sorriso, demonstrando toda sua gratidão.

-Soraya! – exclamou bem-humorada não conseguindo conter o riso – Está rindo de mim?

-Desculpe senhorita, mas sua cara está imperdível. Perdeu o costume de acordar cedo?

As duas caíram na risada, Soraya era uma boa amiga e Kaira sabia disso. Ela era como uma mãe, cuidava de tudo que Kaira precisava, estava disposta a providenciar até mesmo aquilo que parecia impossível de aos olhos humanos. Aquela dedicação não era algo repentino, parecia ter sido cultivado por anos e anos a fio, a rainha mal poderia imaginar os sentimentos profundos que a servente sempre nutrira por ela.

Os anos funcionavam diferente em Hidryan, quanto maior o gral de magia mais vida possuia, nem todos pertencentes as elites viveriam mais que cem anos. Kaira imaginou o quanto de magia Soraya tinha, queria que tivesse o suficnete para viver mais do que ela mesma. A rainha sentia-se quase sempre solitária, achava que as pessoas que a cercavam não queriam nada além de um pedaço seu.

-Pode usar o chuveiro, está habilitado para a senhorita – disse Soraya voltando a ficar séria, suas bochechas estavam coradas depois daquele momento de distração.

Kaira tomou um banho rápido e quando voltou ao quarto a roupa estava pronta na cama. Uma calça justa preta, botas montaria marrom, jaqueta azul marinho com botões vermelhos e por baixo uma camisa de linho de mangas curtas. Ela vestiu-se ficando um pouco mais esguia que o normal, Kaira não era muito alta mas era alta o suficiente para fazê-la ter um corpo cuvilíneo e chamativo.

O rápido café foi servido no quarto por Dominic, fora o suficiente para que ela não sentisse mais o gosto da bebida da noite passada, comeu pães e tomou um suco. Quando terminou de comer ele próprio tratou de levá-la para uma parte desconhecida do castelo.

-Para onde estamos indo, Dominic?

-Para o celeiro, majestade.

O celeiro ficava depois dos jardins, era uma casa grande com a porta de madeira trancando-a, ficava envolta em um grande espaço coberto por um tapete verde natural e havia apenas um caminho dentre todo o verde que levava para dentro. As paredes que construíram o celeiro eram amarelas bem claras e o telhado marrom combinava com o jardim que parecia ficar bem distante.

Coroa de Vidro - Livro 1 (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora