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Permaneço imóvel enquanto ele caminha ao meu redor me observando dos pés à cabeça.

Ele é como todos os outros e no entanto parece totalmente diferente. Como eu sinto que Roman e eu somos aos olhos dos outros.

– Você é irmão do Alden? – pergunto para que ele pare de me olhar como um predador.

– Foi o que eu disse.

Dessa vez o silêncio é ainda maior e mais desconfortável, porém tudo muda quando ele olha para o meu pescoço e sua expressão se torna um tanto raivosa e melancólica.

O homem se aproxima rapidamente e toca o colar em meu pescoço suavemente. Sem me olhar ele pergunta:

– Quem lhe deu isso? – sua voz denuncia toda a raiva que ele tenta controlar.

– Alden.

Sua raiva parece aumentar e antes que eu perceba, sua mão começa a apertar meu pescoço com força.

Agarro sua mão e cravo minhas unhas nela, mas de nada adianta. Ele está tão concentrado em tirar meu oxigênio que tenho a impressão de que nada vai detê-lo.

Sua outra mão vem de encontro ao meu pescoço e ergo os pés na tentativa inútil de levar ar ao meus pulmões.

– Eu consigo ver você – ele diz olhando nos meus olhos, e por um momento é como se ele realmente me visse, não o que todos vêem e sim o que eu escondo de todos. –, Robyn.

Meu nome parece um pecado sendo proferido por ele, algo sem valor. Sujo.

Ele é mesmo diferente. A insanidade o cerca, mas ele a faz parecer apreciativa e doce.

– Solte-a! – Ouço Alden gritar.

O homem me solta, mas não por medo do irmão, parece mais que ele estava brincando e de repente ficou entediado.

Agarro meu próprio pescoço e tento massageá-lo enquanto respiro profundamente.

Ele passa pelo irmão e mesmo com raiva Alden não diz nada. O medo dele chega a ser quase palpável.

– Você está bem? – Alden pergunta ainda no mesmo lugar.

Assinto e me amparo na parede da casa.

– O que foi isso?

– Meu irmão perdeu a sanidade desde que nossa mãe faleceu. Ele era muito apegado à ela.

Aceno positivamente como se compreendesse, mas não compreendo e tenho certeza que nunca vou entender. Ele me enforcou sem motivo algum e para ele parecia a coisa mais divertida do mundo.

.

Durante o resto do dia fico vagando pela casa como um fantasma em busca de paz, coisa que nunca encontrarei aqui. Os parentes de Alden começam a ir embora e logo me encontro sozinha na sala com a esposa do irmão de Alden.

Observo-a com curiosidade. Ela parece cansada demais.

– Está tudo bem? – pergunto ainda que eu não me importe tanto com sua resposta.

Ela me olha surpresa. Parece que ninguém fala com ela faz um bom tempo.

– Se quer saber me sinto a pessoa mais infeliz do mundo. Logo você saberá como é se sentir assim.

– Por quê?

– Você vai se casar com um Westland. Não há coisa pior no mundo.

Ainda que esteja com um semblante extremamente triste, sinto o sarcasmo presente em suas palavras.

ImperfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora