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Resisto a tentação de acertar o pedaço de ferro no meio do rosto de Axel, creio que não seria nem um pouco... Gentil.

– Sua aparência está melhor do que na última vez que nos vimos.

Sorrio sem humor.

– Não graças a você. Eu esperava nunca mais vê-lo na vida.

– Duvido que você resistiria – retruca, convencido.

Reviro os olhos e caminho para longe dele, que não hesita em me seguir.

– O que está fazendo aqui? – questiono, mal contendo minha curiosidade e hostilidade.

– Esperando um momento oportuno para me aproximar de você.

Paro de andar e me volto para ele de maneira brusca.

– Estava me seguindo? – rosno irritada, apertando ainda mais a barra de ferro, mas ele não parece assustado ou surpreso com minha reação. – Por acaso está atrás da sua esposa?

Axel deixa sua postura sarcástica e me observa estudando cada traço do meu rosto.

– Quer saber a verdade? – pergunta, por fim, no entanto parece se referir à algo além de Eve.

– Que verdade?

Ele toma a barra de ferro das minhas mãos com facilidade e começa a fazer malabarismo com ela. Quando enfim fica entediado, a joga para longe através de uma janela sem vidro algum e questiona:

– Acha mesmo que você e Eve teriam alguma chance de fugir se eu não tivesse deixado isso acontecer?

– Como assim?

– Sua força é realmente deplorável. Enquanto você fugia daquela casa se sentindo a heroína da história, Alden veio até mim e queria que eu as seguisse com minha moto, à essa altura eu já estava recuperado e ponderando se, de fato, estava perdendo algo valioso. O vaso, que tão estupidamente você me acertou na cabeça só serviu para me deixar tonto e nada além disso.

– Você está mentindo! – exclamo sem muita convicção. – Você nunca nos deixaria fugir de bom grado e sem ganhar nada com isso.

– E quem disse que eu não ganhei nada? Foi realmente revigorante presenciar o desespero do meu irmão ao perder sua preciosa e perfeita rosa.

Ele diz para, em seguida correr os olhos sobre todo o meu ser e soltar um sorriso indecifrável.

– Então, se isso é mesmo verdade, por que está aqui agora?

Axel não responde, mas permanece me encarando como se eu devesse saber a resposta.

Cansada de estar perto dele, me afasto e caminho em direção as escadas, na intenção de voltar para o quarto onde deixei meus pertences e continuar a minha busca por comida, de preferência o mais longe possível de Axel.

Não demora muito até eu ouvir seus passos me acompanhando.

– O que você está fazendo? – exijo saber enquanto abro a porta que dá para as escadas.

– Nada que valha a pena você saber por enquanto.

Apresso os passos tentando deixá-lo para trás, mas ele é alto demais e mesmo que eu corra ele pode me alcançar simplesmente caminhando com sua ridículas e longas pernas.

Me viro para ele inesperadamente e Axel para antes de acabar trombando comigo.

– Fique onde está, eu não preciso da sua companhia.

– Não confia em mim? – Pergunta de um modo quase infantil.

– É claro que não. Você tentou me matar na primeira vez em que nos vimos e na segunda quase deixou que canibais me devorassem. Você é inconstante e na maior parte do tempo me deixa acuada.

ImperfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora