Ignorar Axel é o melhor que eu posso fazer. Como ele se atreve a permanecer aqui quando sua presença é tão indesejada quanto a presença dos Rhewn?Em minha situação atual, não consigo me sentir bem com mais ninguém. É incrível como a confiança de alguém pode ser abalada de um segundo para o outro assim como o clima muitas vezes muda drasticamente do calor para o frio.
– Estive pensando em coisas que podemos fazer – Axel comenta e quase acredito nele enquanto ele finge não saber que – obviamente – eu não o quero aqui.
Inspiro profundamente e olho para qualquer lugar exceto para seu rosto com expressão de desinteresse.
– Eu sei que você está me ouvindo, Robyn.
Continuo fingindo ignorá-lo, mas tenho a desagradável sensação que ele sabe disso, Axel me conhece muito mais do que eu gosto de admitir.
– Sabe, sua atitude é extremamente infantil. Quantos anos você tem? Doze?
Estou a ponto de rir, sinal mais do que claro de que minha sanidade deve ter ido para o espaço nesses dois dias em que estive com Axel.
Dois dias. Não tenho visto mais ninguém além dele, nem ouvido ou visto nada fora do comum. Começo a me preocupar com os Rhewn, por mais que meu lado magoado e sombrio espere que eles não tenham dado sorte na estrada.
– Dezessete – respondo sem querer depois que Axel aparentemente já desistiu de esperar por uma resposta, se é que realmente esperava por uma.
Ele me olha surpreso, não sei se pela resposta ou pelo fato de que essa é a primeira vez em dois dias que decido deixar meu silêncio de lado.
Cansei de ouvi-lo e já que ele parece tão determinado em ficar comigo, não seria uma ideia tão ruim perturbá-lo na mesma proporção em que ele me perturba.
– Dezessete? – questiona erguendo levemente uma das sobrancelhas, como se não acreditasse inteiramente em mim. – Agora eu compreendo...
– Compreende o quê? – É minha vez de ficar curiosa.
– O receio do seu irmão quanto à mim e você.
– Não existe isso de "eu e você", Axel. Você sabe disso.
– Não, não sei.
Ele sorri e olha para as poucas nuvens no céu estrelado como se fosse a visão mais gloriosa que ele já viu.
– Não importa que eu tenha dezessete e você, vinte e três, e não importa justamente porque assim que você piscar eu já terei partido e estarei tão longe de você quanto estou emocionalmente.
Axel ouve minhas palavras, mas julgando sua expressão facial ele as transformou em energia para argumentar comigo.
– Emocionalmente, devo dizer, você já me tem em suas mãos, e não poderia me ter em suas mãos a menos que eu tenha a você também.
Minha incredulidade é tamanha que mal encontro forças para gargalhar da sua afirmação desdenhosa e estupidamente errada.
– Está dizendo que eu gosto de você? – caçoo sem o menor pudor.
– Não. Estou afirmando.
– Eu não sabia que sua imaginação era tão fértil, ou que seu humor fosse tão sem graça.
Vou para minha cama improvisada entre as imensas raízes de um carvalho centenário e me acomodo da melhor forma possível.
Axel se levanta e também caminha para sua cama há alguns metros da minha, ele se senta e fica me olhando, como fez nos últimos dias, sei que ele logo vai me fazer a pergunta que também tem feito nesses dias.
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Imperfeitos
Science FictionEm um futuro pós-apocalíptico, onde as jovens são forçadas a se casar e a terem inúmeros filhos com o intuito de "salvar o mundo", Robyn Leatherwood de 17 anos não aceita seu destino e quando fica noiva de Alden, decide que é hora de mudar seu futur...