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Encontro Keun na barraca que ele divide com as irmãs. Felizmente nenhuma das duas está por perto.

– Podemos conversar? – pergunto assim que ele nota minha presença do lado de fora.

– Claro.

Ele faz um sinal para que eu entre na barraca, mas o calor insuportável da tarde me faz hesitar.

– Se importa se for em outro lugar?

Sem questionar, Keun sai da barraca e andamos até a pouca sombra de algumas árvores.

– Então, sobre o que quer conversar? – pergunta assim que nos acomodamos da melhor forma possível.

– Tem um mapa? – questiono antes de explicar sobre que assunto quero conversar.

Ele pensa um pouco e então nega com a cabeça.

– Meu pai tinha um, mas perdermos junto com outras coisas quando cruzamos com alguns ladrões há umas cinco ou seis semanas atrás.

– E conhece alguém que possa ter? – pergunto mesmo sabendo que é inútil.

Keun nega novamente quando de repente olha para algo atrás de mim.

– O que foi?

– Acho que talvez ele tenha algum – diz e sigo seu olhar até Axel, de fato, quando olhei em sua mochila, ele tinha coisas muito interessantes nela.

– Difícil será conseguir fazer com que ele entregue o mapa – reflito comigo mesma.

Me volto novamente para Keun, mas ele não parece preocupado como eu.

– Sei de alguém que consegue convencer ele a abrir mão do mapa.

– Quem? Chelsea? – pergunto e por algum incompreensível motivo o nome dela sai um tanto amargo da minha boca.

– Minha irmã só está se iludindo – Keun comenta olhando para Chelsea, que novamente está com Axel. – Tenho certeza que ela sabe que as chances dela são praticamente nulas.

– Mas se não é ela que pode conseguir o mapa, então quem é?

Keun me observa em silêncio por alguns segundos, como se estivesse me dando um tempo para encontrar a resposta certa, mas não consigo pensar em ninguém além de Chelsea, que mostrou bastante intimidade com o Axel nesses dois dias.

– Quem mais além de você?! – revela com um sorriso de canto.

Levanto as sobrancelhas sem compreender.

– Olha – tento explicar com calma –, eu apenas trouxe o Axel para cá porque ele estava ferido, não significa que somos melhores amigos, no máximo nós apenas toleramos a presença um do outro.

Keun faz uma expressão de entediado que eu não compreendo e então revira os olhos, como se não acreditasse no que eu acabei de dizer e nem levasse a sério.

– Robyn, acho que você deve ter algum problema de percepção, distorção da realidade, ou talvez seja difícil para as garotas perceberem algo assim...

Algo assim? – questiono. – Do que você está falando?

– O fato é que está praticamente claro e óbvio para quem quiser ver que o Axel não está aqui apenas para se recuperar. De acordo com o que vocês nos contaram, era para ele estar quilômetros atrás de nós.

Balanço a cabeça ainda sem compreender.

– Pode ser mais claro, Keun?

– Ah, sim, eu vou ser – concorda e parece um pouco exasperado. – Se o Axel não está aqui atrás da Eve e até agora não explicou o que está fazendo tão longe de casa, isso significa que ele está aqui por outra pessoa.

ImperfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora