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Eu não hesito. Não deixo de ser clara. Eu apenas expresso meu desejo e espero que ele seja atendido o mais rápido possível.

– Vão embora.

Todos me observam com as sobrancelhas arqueadas.

– C-como? – Keun questiona e se levanta, prestes a se aproximar de mim.

– Não quero vê-los nunca mais enquanto eu tiver que viver.

Louise olha para seus pais como se ainda não compreendesse muito bem, embora ser mais clara que isso é impossível.

– Robyn – Brakko pede em um tom sério e que o faz parecer um pai cuidadoso. – Essa decisão é muito precipitada. Você não está pensando com clareza nesse momento.

Keun se senta ao meu lado e coloca a mão sobre o meu ombro, me levanto antes que ele tente me abraçar ou algo assim.

– A única coisa que me prendia a vocês era o meu irmão, e agora ele se foi. Sempre que eu olho para vocês me lembro que estou sofrendo por uma decisão que vocês tomaram sozinhos.

– Foi uma decisão do seu irmão – Axel esclarece enquanto se aproxima vindo de uma direção desconhecida.

– Vocês tinham escolhas e escolheram me ferir. Vão embora!

Todos se entreolham, exceto Axel que continua me observando com a lateral do corpo encostado em uma árvore e os braços cruzados sobre o peito.

– Quanto mais rápido vocês partirem... Melhor – concluo com um suspiro e me afasto.

Ouço vários deles protestando ao mesmo tempo, mas não ligo, apenas continuo caminhando em frente, sem olhar para trás. Me deixarem para trás não será uma coisa ruim, a coisa mais ruim que eles fizeram era algo bem mais simples.

Passos soam atrás de mim e sei que são de Louise antes de vê-la.

– Por que você quer ficar sozinha?

– Porque desse modo a única pessoa capaz de me ferir serei eu mesma.

– Eu não entendo...

Paro de repente e Louise estanca no meu lado direito.

– É claro que você não entende, Louise. Por acaso algum dos seus irmãos inúteis está morto? Por acaso alguém já te feriu tão profundamente que sua única vontade foi sumir da face da Terra e esquecer que tem sentimentos?

Louise me encara de boca aberta e por um momento parece se segurar para não chorar.

– M-me desculpe, Robyn – pede com a voz ligeiramente trêmula.

– Não! – falo mas sai como um grito triste e impregnado de raiva. – Eu odeio você! Odeio sua família amorosa e perfeita e o fato de que eu nunca terei algo assim. Mas acima de tudo isso, eu odeio que vocês tenham me afastado da única pessoa realmente importante na minha vida.

Logo Louise está chorando e usa suas pequeninas mãos para tentar parar as lágrimas. Eu deveria me sentir uma pessoa horrível por ser a causadora disso, no entanto tudo o que quero é fazer uma pessoa, qualquer pessoa, chorar ainda mais do que eu.

– Por que você está chorando, Lou? – questiono com a voz falsamente carinhosa e repleta de sarcasmo. – Por acaso acha que a sua vida é triste? Difícil? Acha que chorar vai aliviar isso?

– Eu não sabia...

– Como poderia saber de alguma coisa se você só sabe tagarelar idiotices e fecha os ouvidos para as coisas importantes, sua criança egoísta?

ImperfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora