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Quando acordo pela manhã, percebo que finalmente consegui ter uma noite de sono aceitável, e se isso se deve ou não à presença do Axel, não quero admitir.

Ele está como sempre, talvez um pouco mais frio.

Deixo a barraca antes que eu comece a conversar novamente com ele e obtenha o silêncio como resposta. Isso é doloroso de uma forma estranha. Eu já estava acostumada com sua presença constante e ainda não tinha percebido.

Eve, Chelsea e Keun estão acordados e terminando de preparar o café da manhã. Me aproximo deles e os cumprimento com poucas palavras. O silêncio é ainda maior sem Louise e Axel.

Depois de nos alimentarmos, Brakko sai da própria barraca e caminha até nós com uma expressão estranha. Sabemos que as coisas têm piorado gradativamente.

Ele parece um pouco desconfortável, quando diz:

– Ontem, antes do jantar, eu estava checando nosso estoque de alimentos e percebi que se não nos movermos logo, ficaremos sem comida muito em breve.

Nos entreolhamos e sem precisar de palavras, concordamos que já está na hora de seguir caminho.

No entanto, minha preocupação atual se concentra em Axel. Com um ferimento como o dele, ser sacolejado na traseira de uma caminhonete não é recomendável.

Os irmãos Rhewn e Eve logo se antecipam em desmontar nosso acampamento, já eu, sigo Brakko até finalmente alcançá-lo.

– Brakko – digo após segurar o seu braço para chamar sua atenção e fazê-lo parar.

– Sim?

Olho de relance para a barraca onde Axel está.

– E quanto ao Axel?

– Bem, eu farei o possível para não prejudicar seu estado, mas se ele não acordar logo, não há muito que possamos fazer para ajudá-lo.

Brakko segura meu ombro em um gesto paterno e tenta me transmitir sua compaixão estampada em seu olhar.

– Assim que conseguirmos mais suprimentos, poderemos armar um novo acampamento para deixá-lo, pelo menos, um pouco confortável.

Concordo com um aceno leve de cabeça, mas mantenho meus olhos distantes de Brakko. Tenho certeza de que ele pode sentir a desesperança crescente em mim.

– Ele sempre foi um rapaz muito forte. Eu acredito que ele não vai nos deixar, e você também deve acreditar nisso. Acreditar nele.

Brakko me oferece um abraço cheio de calor e sentimentos bons e sinceros. Ele afaga meus cabelos como meu pai de verdade deveria ter feito alguma vez na vida, mas nunca fez, e eu fecho meus olhos e me entrego ao seu conforto.

– Obrigada – sussurro com a cabeça apoiada em seu ombro.

– Pelo o quê?

– Por nos deixar ser parte da sua família – falo em nome de Roman e Axel que, infelizmente, não podem agradecer por si mesmos. – Por ser a família que nunca tivemos.

– Você não precisa me agradecer.

Abraço Brakko mais apertado e me permito, ao menos por alguns minutos, fugir de tudo de ruim que têm acontecido conosco.

.

Logo após abastecermos alguns galões de água, ainda antes do meio-dia, seguimos viagem.

Colocamos Axel no banco de trás da caminhonete e o acomodamos da melhor forma que podemos com esse espaço limitado.

ImperfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora