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Em algum momento, não lembro exatamente qual, eu adormeci ainda encostada na árvore, sentada ao lado de Axel, e de algum modo alguém me trouxe e me acomodou na carroceria da caminhonete de Brakko.

Quando acordo, não vejo o que eu esperava.

Segundo Brakko, nos iríamos partir assim que eu voltasse da minha busca por suprimentos. Mas o acampamento todo está em silêncio e eu e Georgia somos as únicas pessoas acordadas.

À exceção de Axel, que sumiu, entretanto sua moto continua no mesmo lugar de ontem e por isso presumo que ele ainda não partiu.

Saio da traseira da caminhonete e vou até Georgia, que está reacendendo a fogueira da noite anterior.

– Bom dia – cumprimento ao me sentar ao seu lado, no tronco de uma árvore.

– Bom dia, Robyn.

Ela sorri, simpática, e percebo que essa é a primeira vez em que falo com ela.

– Onde estão os outros? À essa altura achei que já estaríamos partindo.

– Brakko disse que vai explicar tudo na hora do café – Georgia diz e não parece curiosa, sem dúvida sabe o que está acontecendo.

– Meu irmão ainda está dormindo?

Georgia olha rapidamente para a caminhonete e franze o cenho.

– Creio que sim. Na verdade, desde que você saiu, Roman parece doente, além disso ele não tem se alimentado bem. Estou preocupada com ele.

– É – concordo. – Eu também. Roman tem feridas incuráveis na garganta, é muito difícil para ele comer.

Percebo a expressão de compaixão de Georgia, e sem que eu lhe conte, no instante seguinte ela parece saber que ele não tem muito tempo de vida.

– Ah, querida, isso é terrível! Eu sinto muito.

Mexo a cabeça em resposta. Logo sinto minha garganta apertar e me levanto.

– Vou para o rio me lavar – informo e saio sem esperar uma resposta de Georgia.

Ultimamente minha emoções estão oscilantes demais e só mencionar Roman me entristece. Nunca antes ele pareceu estar em um estado tão crítico, nem mesmo quando fugimos pela primeira vez de casa.

Assim que chego ao rio vejo Roman e Axel sozinhos, e felizmente não está acontecendo nenhuma briga ou discussão.

Me aproximo dos dois e noto que eles conversam aos sussurros, como se tramassem algo, mas assim que percebem minha presença se afastam um pouco e tentam disfarçar.

– O que houve? – questiono aos dois quando já estou próxima o suficiente.

Roman limpa a garganta e é incrível como eu o conheço, apenas de olhar para ele já sei que está escondendo algo de mim.

– Estávamos apenas... conversando.

– Você e ele? – desdenho olhando para ambos. – Desde quando vocês compartilham segredos? Achei que você odiasse o Axel.

Roman e Axel se entreolham de um inegável modo suspeito, porém não parecem dispostos a se render.

– Ora, é fácil odiar o Axel.

Roman diz e começa a fazer seu caminho de volta para o acampamento.

Vou atrás dele e o seguro pelo ombro.

– O que está me escondendo?

Pela primeira vez, desde que eu consigo me lembrar, Roman se afasta de mim, o suficiente para que eu não o toque.

ImperfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora