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Duas semanas de preparação e estamos prontos para partir. Na última semana, conseguimos encontrar o tão esperado combustível, e coincidentemente, foi Chelsea quem encontrou também.

Estávamos na nossa sexta busca por suprimentos e já completamente sem esperanças, quando Chelsea correu quase tropeçando até nós, com a notícia de que encontrou um antigo posto de combustível. Nossa surpresa conseguiu ser maior quando percebemos que ainda havia gasolina em um tanque subterrâneo e era o bastante para nossa viagem.

Enchemos vários galões com gasolina e pouco a pouco os transportamos até o acampamento, já que o caminho estava cheio de ruínas e seria impossível passar com a caminhonete por ali sem danificar os pneus.

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Abro o zíper da minha mochila e recoloco todos os meus pertences dentro dela. Estou no mesmo prédio abandonado, onde tenho dormido todas as noites e onde às vezes, Keun vem me fazer companhia, como agora.

– Eu só não consigo entender como aquele cadáver tinha informações do lugar para onde estamos indo.

– Talvez ele tenha vindo de lá – comento com interesse mínimo no atual assunto.

Keun cruza os braços e se apoia em uma parede próxima.

– E por que ele iria sair de lá e vir para esse lugar? Não há nada por aqui além de poeira.

Dou de ombros e começo a descer as escadas até a saída do prédio.

– Isso não faz nenhum sentido, Robyn. Não percebe?

Keun têm feito essas perguntas com uma frequência irritante, como se eu fosse responsável pelas respostas já que fui eu quem encontrou o mapa.

– Quem sabe quando chegarmos lá, você possa saciar todas as suas perguntas.

Ele continua com uma expressão não característica em seu rosto e deixo de me importar. Apenas a menção de um lugar protegido já me faz sentir mais confiante e esperançosa, e mesmo que esse lugar possa se mostrar uma mentira – ou pior –, uma armadilha, prefiro pagar para ver.

– Você não está preocupada? – Keun questiona e parece um pouco desapontado com minha falta de interesse em suas considerações.

– Se aquele lugar não for seguro, então não há lugar seguro no mundo, Keun.

Continuo a caminhar e finalmente saio do prédio acompanhada de Keun.

É quase crepúsculo e o sol já diminuiu sua intensidade. Um vento um pouco forte sopra do leste e deixa o clima um pouco mais frio do que nos dias anteriores. Fecho o casaco que estou usando e Keun cruza os braços, assim como eu, tentando evitar o frio.

– Acha que o clima continuará assim? – pergunto à ele, pois seu pai é um entendedor nato de meteorologia e se o clima piorar, talvez tenhamos que adiar a nossa partida.

– Eu espero que não. Já ficamos por aqui tempo de mais.

Concordo com ele e caminhamos de comum acordo até perto da fogueira, que Brakko acabou de acender.

Sentamos todos juntos e percebo a falta de Chelsea entre nós. Esta se tornando cada vez maior a quantidade de tempo em que ela passa com Axel, e é estranho que eu seja a única que percebe isso.

– Terminaremos de desmontar o acampamento amanhã cedo e logo depois partiremos – Brakko avisa e se senta ao lado da irmã.

Georgia é a única a não expressar reação. Nem feliz e nem triste.

Brakko segura sua mão, tentando ser discreto, e por breve momento, parece que Georgia corresponderá seu carinho.

– Georgia – ele diz com a voz mansa e baixa –, como você está?

ImperfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora