Beth decorou as paredes do seu quarto com imagens da Terra, como ela era antes da explosão, e imagens do universo no teto. É tudo muito verde e azul.São imagens encantadoras.
– É magnífico, não? – pergunta, quando me pega observando sua decoração peculiar. – Eu nem vivi nessa época, mas sinto falta dessas coisas mesmo assim.
– Você, alguma vez, já saiu lá fora?
Beth nega com um movimento e suas feições ficam tristes.
– Eu gostaria de ter saído com Linden, mas ele não permitiu e foi para fora sem que eu soubesse. Talvez eu estivesse morta agora.
– Ou ele vivo – acrescento, quando Beth me encara, buscando por alguma forma de conforto.
Ela sorri e se acomoda no sofá após me convidar para juntar-se à ela.
Assim que nos sentamos, ela conta:
– Linden sempre sonhou mais com a Terra do que eu. Meu maior desejo sempre foi desvendar o universo.
– Ele me parece um pouco grande demais para isso ou para uma única pessoa.
Beth concorda sem usar palavras.
– Eu não sou a primeira a sonhar com isso. Segundo a história que aprendemos em Alexandrena, no passado, viagens espaciais não eram tão incomuns assim, mas as pessoas desejavam cada vez mais e mais, isso foi a ruína de muitas sociedades, incluindo a nossa, uma das mais grandes e importantes.
– Isso quer dizer que há outras sociedades e que elas podem estar muito melhores do que aqui? – pergunto e realmente me encontro surpresa, parece que meu mundo acabou de ficar maior com algumas poucas palavras.
– Sim – confirma Beth. – Há pelo menos outras quatro civilizações além do oceano. Como a bomba explodiu aqui, não afetou tanto aqueles lugares, mas o mundo todo já estava arruinado antes mesmo da guerra.
– Ninguém nunca tentou ir para alguma dessas outras civilizações?
– Creio que não há recursos suficientes para nenhuma das civilizações, e lembre-se que isto não é uma certeza absoluta, são apenas suposições que nos baseamos de acordo com a história do mundo de antes de todo esse caos.
Fico em silêncio por um tempo, digerindo tudo o que Beth me disse, é uma descoberta e tanto, mas é uma descoberta inútil.
– Como Linden estava? – pergunta Beth olhando para as próprias mãos, apreensiva. – Quero dizer, quando você o encontrou.
Talvez eu devesse privá-la disso, mas tento observar a situação por outra perspectiva. E seu eu estivesse passando pela mesma situação que a Beth? Iria mesmo querer que alguém mentisse para mim?
– Eu não sei dizer ao certo – começo e essas palavras a fazem ergue a cabeça em minha direção. – Quando encontrei Linden, já fazia algum tempo que ele estava lá. Nem consegui distinguir suas feições. Acho que já estava morto há alguns meses.
– Você acha que ele sofreu?
– Não tenho como te responder isso. – Penso em todas as pessoas que conheci fora de Alexandrena e que estavam sendo afetadas pela radiação. – Meu irmão sofreu fisicamente quando morreu. Minha mãe tinha alguns problemas, mas ela não sentia dor. É difícil dizer qual determinada reação Linden teve à radioatividade.
Beth concorda e inspira de forma trêmula.
– Eu sinto muito, Beth.
Ela permanece em silêncio, curiosamente nenhuma lágrima cai de seus olhos. Talvez, desde que Linden saiu de Alexandrena, Beth já estivesse preparada para isso, para sua morte e para a dor inevitável que isso causaria.
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Imperfeitos
Science FictionEm um futuro pós-apocalíptico, onde as jovens são forçadas a se casar e a terem inúmeros filhos com o intuito de "salvar o mundo", Robyn Leatherwood de 17 anos não aceita seu destino e quando fica noiva de Alden, decide que é hora de mudar seu futur...