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O caminho que percorremos até o último lugar em que os Rhewn viram Axel não é tão longo quanto eu pensei ser, mas imagino que isso se deve ao fato de estarmos em veículos.

Assim que todos descemos de ambos os veículos – com exceção de Georgia que ainda está praticamente em estado vegetativo – vasculhamos o pequeno bosque quase desértico em que Axel deveria estar, contudo, ele não se encontra aqui.

– Eu não estou entendendo – diz Keun, observando o lugar com um olhar confuso. – Ele ficou bem aqui e parecia completamente incapaz de ir para qualquer outro lugar.

– Talvez você esteja subestimando a força dele, Keun – comenta Brakko, agachado perto de uma pequena poça de sangue seco.

– Afinal de contas, o que houve com ele? – questiono.

Keun e o pai se entreolham de um modo inegavelmente suspeito e isso não me parece um bom sinal.

– Ele... Hum... – Keun se atrapalha com as palavras até finalmente criar coragem para pronuncia-las. – Certo, eu vou dizer logo. Axel está com um ferimento de faca no abdômen.

Olho para Brakko na tola esperança dele desmentir as palavras do filho, mas é em vão. Não existe motivo algum para que inventem algo assim.

– Então – digo com confiança, embora internamente eu não sinta nada disso –, temos que encontrá-lo o mais rápido possível.

Os Rhewn concordam, contudo expressam uma desesperança quase palpável.

– Se nos separarmos podemos cobrir mais terreno – Eve sugere esperando a aprovação do restante do grupo.

– Nesse lugar é perigoso ficarmos sozinhos – Brakko diz com o cenho franzido.

– O que faremos? – pergunto olhando para todas as direções em que Axel pode ter seguido, são muitas opções para poucas pessoas.

Brakko anda até a caminhonete e alguns minutos depois retorna com uma pistola e duas facas de mais ou menos quinze centímetros.

– Vamos em duplas. – Brakko entrega ao filho uma das facas e a outra para mim, mantendo a pistola consigo. – Se encontrarem um canibal, não hesitem. Não podemos correr o risco de entregar nossa posição. Mariz, Georgia e Eve ficarão aqui. Chelsea e eu seguiremos pelo leste e vocês pelo oeste. Não se afastem mais de um quilômetro e voltem antes do crepúsculo.

– Mas e se não o encontrarmos nesse meio tempo? – questiona Chelsea que até então esteve em silêncio.

Seu pai desvia os olhos para longe.

– Não podemos ficar por aqui por muito mais tempo. É perigoso demais...

Ele não precisa explicar mais nada. Está bem claro que só temos essa chance para encontrar Axel e se isso não ocorrer, ele ficará para trás.

Ficamos todos em silêncio. Sabemos que abandonar Axel não é certo, mas ultimamente têm sido extremamente difícil fazer o que é certo, então fazemos o que é prático e seguro.

Repassamos o plano mais uma vez e então cada dupla segue seus respectivos caminhos.

.

Durante o caminho, o silêncio de Keun é esmagador. Eu sei o que ele está sentindo agora. Sua irmã está morta, assim como o meu irmão.

– Keun. – Ele me olha, mas seus olhos parecem distantes demais. – Eu sinto muito. Por tudo.

Ele faz um sinal de impaciência com a cabeça.

– Esse não é o momento para se lamentar. Temos de encontrar o Axel logo, tenho muito para lhe agradecer. Creio que se não fosse por ele, nenhum de nós estaria aqui agora.

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