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Após colocar novamente a mochila nas costas, sigo Axel e uso a corda para descer pelo buraco até o anexo abaixo de nós.

Tudo está silencioso, até demais, mas prefiro encarar isso com um bom sinal.

Ando alguns passos até me deparar com a claridade da lanterna de Axel e paro próxima à ele.

– O que foi?

Ele ergue uma das mãos pedindo silêncio e inclina a cabeça levemente para baixo.

Segundos depois ele respira fundo e volta a caminhar.

– Não estamos sozinhos. Temos que nos apressar.

– Quantos? – pergunto me referindo ao número de pessoas que podem estar próximas de nós.

– Dois ou mais.

Não questiono como Axel sabe disso, entretanto já percebi seu "dom" peculiar de caçador.

Apressamos o passo até uma única e pequena sala, o que aparentemente era a porta foi arrancada e está em pedaços.

Antes que eu entre na sala, Axel se põe na minha frente e não me deixa prosseguir.

Tento dar um passo, mas ele não permite.

– Vou checar se não há ninguém ali dentro. Fique aqui – sussurra já me dando as costas e me tirando qualquer chance de protestar contra.

Axel apaga a lanterna e sigo com os olhos sua silhueta até entrar na sala e sumir.

Logo a lanterna é acesa novamente e minutos depois Axel sai da sala carregando um objeto de formato cilíndrico na mão que estava livre.

Espero ele se aproximar com as costas amparadas em uma parede.

– Encontramos o ouro no fim do arco-íris. Já está pronta para me agradecer? – indaga parando na minha frente.

– O que tem lá?

Ele ergue o objeto que trouxe consigo e retira o que parece ser uma tampa de plástico e depois um lacre de segurança. Um cheiro de gordura e algo salgado sai de dentro do objeto e entra direto em minhas narinas, vejo pequenos pedaços ovais, amarelos de algum alimento desconhecido por mim.

Axel pega um dos pedaços e o leva a boca. O som do alimento sendo mastigado é crocante e faz com que saliva se junte em minha boca.

Tento pegar um pedaço para mim, mas Axel afasta o cilindro e me encara sorrindo.

– Está com fome?

Faço uma careta. Fome é pouco para denominar o que meu estômago está sentindo.

– Vai me dar um pouco disso ou não? Eu não vou implorar.

Ele solta um gargalhada baixa e contida.

– Fique parada – pede, porém sai mais como uma ordem velada.

Embora minha confiança nele seja mínima, ou melhor, inexistente; permaneço parada, aguardando seu próximo movimento.

Axel retira um pedaço de tamanho médio de dentro do cilindro e o ergue até minha boca. Ele faz isso extremamente sério, como se fosse um assunto deveras importante e tivesse que resolvê-lo logo.

Relutante, e sentindo-me uma tola, abro a boca e ele coloca o pedaço do alimento em minha boca.

Tem um gosto bom, como batata frita, mas consegue ser ainda melhor. É fino e crocante, como eu constatei antes.

Axel me observa cuidadosamente e quando percebe minha expressão de satisfação, sorri novamente, mas não do modo habitual, sarcástico ou irônico, é apenas um sorriso comum e verdadeiro.

ImperfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora