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A noite já caiu, mas Brakko insiste em continuar dirigindo. Segundo ele, se pararmos agora, ainda estaremos longe de um dos rios que há no mapa e teremos de usar uma quantidade controlada de água até podermos nos abastecer novamente.

Mariz tenta fazer com que Brakko pare ao menos para nos alimentarmos, no entanto eles apenas discutem e não chegam à nenhuma decisão.

Enquanto eles discutem, algo ou alguém, salta na frente do carro e quando Brakko se dá conta do que está acontecendo, já é tarde demais. Nos seguramos da melhor forma possível quando sentimos a batida e Brakko freia logo em seguida.

Quando Brakko para o carro, ficamos todos em silêncio, olhando para todas as direções e com nossas respirações aceleradas deixando os vidros das janelas embaçadas.

– Vou descer para ver o que aconteceu – Keun anuncia e está prestes a abrir a porta do carro quando seu pai o interrompe.

– Não. Fique no carro, Keun. Eu saio.

Antes de ser contestado, Brakko sai e fecha a porta. Durante vários minutos, não ouvimos nada além do som da noite e todos dentro do carro começam a ficar mais ansiosos.

O compartimento que dá para a carroceria do carro se abre pelo lado de fora e Chelsea coloca a cabeça para dentro.

– Tem algo errado acontecendo.

Mariz se volta para a filha com um olhar quase aflito, à espera de uma resposta.

– O papai sumiu.

Antes de raciocinar, Keun, Mariz e até mesmo Eve saem do carro o mais rápido possível e somem do lado de fora.

Procuro por uma lanterna no porta-luvas e assim que a encontro me volto para Georgia.

– Sei que falar com você é uma tentativa inútil, mas por favor, não saia daqui.

Ela não dá sinais de que compreendeu ou fará o que eu disse, contudo não posso esperar por uma resposta dela e logo também saio do carro.

Está mais escuro e frio do lado de fora do que eu imaginei. Acendo a lanterna e caminho na direção em que vi Brakko e os outros seguirem.

Chelsea e Axel não estão mais na carroceria da caminhonete e não tenho ideia de para onde eles foram. Olho para trás e me certifico de que Georgia não está me seguindo, quando me volto para a frente há um homem com uma faca comprida e ligeiramente enferrujada apontada para mim.

Ele tem feições severas e a julgar pelo sangue seco em suas roupas rasgadas, ele é um canibal e está faminto.

– Tem mais alguém no carro? – pergunta e se aproxima de forma ameaçadora.

– Não. – A mentira sai rápida e isso atrai a atenção do canibal.

– Vamos até lá então.

Ele aponta para a caminhonete e caminha para lá, me mantendo à sua frente.

Minha surpresa é gigantesca quando abro a porta da caminhonete e Georgia já não se encontra mais dentro. Olho para todas as direções, mas não há sinal de ninguém pelas redondezas, talvez Georgia não estivesse tão distraída como nos fazia acreditar.

O canibal se aproxima ainda mais de mim e segura um dos meus braços, então – de um modo nada gentil – começa a me levar para perto de algumas árvores.

Ele me faz ficar de frente para a árvore e de costas para ele. Nesse momento, experimento uma sensação semelhante à de quando fui pega por canibais e achei que iria morrer daquela forma. Assim que ele ergue a faca, pronto para perfurar minha jugular e me deixar sangrar até a morte, ouço um estalo e me viro para o som rapidamente.

ImperfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora