Capítulo 14

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Milena narrando :

Começamos a ver "jogos mortais" e percebo que Gabriel se encolhe um pouco. O cenário desconfortável do filme cria uma atmosfera estranha, aos poucos eu e Gabriel nos aproximamos em busca de alguma conforto em eio ao filme perturbador e por fim, estávamos com as pernas emaranhadas e perto demais.

Eu gosto de filmes de terror, mas esse mexeu comigo. Confesso que histórias de serial-killers mexem comigo.

É terrível pensar que o ser-humano é capaz de fazer tanta maldade com o próximo.
Desconhecidos, colegas de trabalho, filhos.
São tantos casos reais e assustadores espalhados por aí .

O filme acabou 2h da manhã. Levanto e abraço meu corpo para tentar afastar esses pensamentos ruins.

— Boa noite ,Gabriel — Murmuro e sinto algo ainda entalado.

— Boa noite, Milena.

Mesmo depois de termos nos despedido , ficamos no corredor.
Quase como se tivéssemos que resolver o assunto pendente.

— Gabriel, sobre mais cedo eu queria pedir desculpas. Estava bêbada , sei que nao é desculpa, mas estou arrependida. Eu errei ,me perdoa ?

— Está desculpado , princesa. Eu também não fui só vítima. Vou te falar uma coisa : você tem punhos fortes — Ele diz dando uma piscadinha meu coração salta.

Senhor.
Como é possível que nossos pensamentos sempre estejam minimamente alinhados?
Por um momento me questiono se eu deixei passar alguma pista de que eu queria aprender a lutar.

Será que ele está tirando sarro de mim ? Muitas perguntas, já fico com raiva só com a idéia dele zoando de mim sobre algo importante. Minha cabeça pensa mil coisas diferentes. Eu queria deitar e dormir pra sempre ...

Pra sempre não, só uns 2 dias. O ano nem começou e já estou morta de cansaço. Demoro, mas consigo dormir.

Relutante, acordo 5:50 . Levanto e sinto minha barriga toda doer. Tomo um banho visto uma calça jeans clara e uma blusa preta folgada. Diante da minha situação , não me sinto confortável em usar blusas justas. Saio e vejo Gabriel sentado , como se estivesse me esperando fazer o café. Reviro os olhos.

Irritada com sua incapacidade de preparar o próprio café da manhã, faço um coque e evito seu olhar.

— Bom dia , Lena — Ele diz e sinto seu olhar atento em mim.

Suspiro e giro os calcanhares para encará-lo.

— Gabriel , venha aqui. Quero mostrar uma coisa.

Ele parece supreso por alguns segundos e molha os lábios.

— Esse é o microondas , vou te mostrar como funciona —
Digo e ele parece desapontado.
Talvez eu tenha acordado com o pé esquerdo, reconheço que estava sendo um pouco irônica, mas considerando que estamos morando juntos, algumas regras precisam ser estabelecidas.

— Não é difícil , querido. Depois te ensino a mexer no fogão — Digo e volto a encará-lo , seu olhar possuía um brilho diferente , era como se ele estivesse se divertindo com a situação, ao mesmo tempo que estava irritado.

— Te ouvi gritando essa noite. Pesadelo? — Comento.

— Não — Ele mente descaradamente e eu sorrio fraco.

— Sei... Não se preocupe amiguinho, eu vou cuidar de você — Digo com intenção de irritá-lo , mas sua reação foi totalmente oposta.

— Vai cuidar de mim é? Porque eu preciso mesmo, estou com uma dor bem por aqui — Ele diz passando a mão perto do umbigo e virilha.

A Perfeitinha... (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora