4. Aurora

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Seus ouvidos zuniam e estava tudo muito escuro. Zeck não sabia se estava subindo ou descendo. Ia em direção a uma luz que se intensificava cada vez mais. O túnel terminava com uma curva brusca para a frente. Zeck deu umas duas piruetas no ar e caiu sentado no chão extremamente macio. Ficou um minuto ali, desnorteado. Quando voltou a si, viu espalhados por todos os lados meninos e meninas como ele. Ele nunca tinha visto tantos adolescentes juntos! E a todo momento chegavam mais, lançados dos túneis espalhados por toda a borda do cume do Monte das Brisas, que era espaçoso e redondo. Alguns estavam em grupos conversando animados. Outros sozinhos observavam o movimento. Diante dele, uma turma aproveitando o terreno, que era como um grande colchão de espuma, para fazer acrobacias. Zeck esfregou bem os olhos e levantou-se dando um giro completo ao redor de si. Estaria ele, mesmo, diante da realização de seu primeiro grande sonho? A voz de Daiv que gritava seu nome o fez lembrar que sim.

- Eu sabia! Eu sabia que eu tinha ouvido certo na cerimônia - ele se jogou em cima de Zeck dando-lhe tapinhas nas costas - Não faria sentido o Grande Zeck ficar longe de Édimo! Mas por que demorou tanto?!

- Como assim? Levam mais de dois dias para chegar até aqui! - Zeck disse rindo e tentando se desvencilhar do amigo - A pergunta é: como você chegou tão rápido?

Daiv ia começar a falar quando algo passou rapidamente sobre o monte tampando o sol. Todos aos olhares voltaram-se para o céu, procurando. Foi então que um menino de cabelos cacheados chamou a atenção de todos para o norte. Surgia na linha do horizonte um ponto escuro que aumentava rapidamente. Logo desenhou a silhueta de um pássaro com grandes asas que batiam suaves. Aproximava-se em alta velocidade. Deu um rasante sobre o grupo fazendo alguns se jogarem no chão. Depois passou a voar em círculos pouco acima das colunas. Era difícil descrever que pássaro era aquele mas acredito que ninguém ali já tivesse visto um pássaro tão grande. Alguns ficaram tontos com os rodopios e caíram sentados. O pássaro precipitou-se para o alto com grande zunido e foi ocultado pela luz do sol. Não se ouvia som de conversa. Zeck, Daiv e todos aqueles que não tinham caído mantinham fixos os olhos no céu. Sob a forte luz uma sombra descia girando em parafuso com as asas abertas e de cabeça para baixo direto para o chão. O grupo logo abaixo abriu-se numa roda. Foi só o tempo da figura alada dar uma cambalhota no ar e pousar suavemente no meio do circulo com as asas e os braços abertos.

- Bom dia, alunos!- disse entusiasmada. Definitivamente não era um pássaro.

Ouviu-se de pontos dispersos alguns tímidos "bom dia". A maioria do grupo encarava sem piscar e boquiaberto a jovem alta e loira vestida de rosa e com duas grandes asas brancas apontadas pra baixo atrás de si. Ela começou a dar pulinhos e a bater palmas.

- Que alegria! Que alegria! É tão bom ser a primeira a dar as boas vindas aos novos pimpolhos da escola - alguns alunos se entreolharam.

- Aproximem-se e sentem-se, queridos.

O grupo reuniu-se ao redor dela ainda calado, afinal não era todo dia que alguém "caia do céu" no meio deles. A professora correu os olhos grandes e brilhantes por todos. Sorria o tempo todo.

- Muito bem, parece que não falta ninguém - disse finalmente - podemos começar a aula. Eu sou a professora Aurora, exploradora de mundos e instrutora em artes cinéticas. É um prazer muito grande poder ensinar o grupo mais seleto da escola. - alguns cochicharam entre si, discutindo o significado de tudo aquilo.

A professora continuou - Todos vocês já ouviram falar de Édimo, eu suponho; de outra maneira não estariam aqui. Mas alguém poderia me dizer quantas formas existem para se chegar até lá? - Ela parou e ficou esperando.

- Hum... duas?! - Respondeu uma garota atrás de Zeck.

- E quais seriam elas? - Perguntou Aurora interessada.

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