10. Descobertas

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Não é preciso dizer que, naquela manhã, todos saíram do Palácio de Cristal sentindo-se os melhores do mundo: Os melhores professores, os melhores funcionários, os melhores alunos, os melhores seres; até uma mosca na parede e uma formiguinha que estivesse passando por ali se sentiriam as melhores de sua espécie. Pois é isso o que acontece quando se sai da presença de Yadashel. E não se trata de um sentimento de superioridade frente aos outros, mas de uma habilidade em ser a melhor versão de si mesmo - para o engrandecimento do outro e do todo.

Professora Vitória havia orientado os novos alunos que as atividades dentro do câmpus eram divididas em três períodos. O primeiro período, ou período da noite, seria livre para estudos, sono ou atividades extra-curriculares. Os outros dois seriam divididos entre as aulas e o trabalho. Todos seriam selecionados para uma tarefa-trabalho semestral onde prestariam serviço à escola, em pagamento aos estudos.

A grande novidade daquele ano era que dali em diante a escolha das turmas seria feita por sorteio. À saída, ordenadamente, cada aluno deveria retirar uma gema da urna cega correspondente a seu ano. Quatro ao todo.


- Estudo dos Animais Terrestres; Esta é a nossa primeira aula.- falou Daiv após olhar a tabela de horário de aulas no holoderno. Eles e os outros já estavam na metade do caminho para um lugar que Teo, lá na frente, denominara Campo das Descobertas - E quanto a vocês?

- A minha é Física Planetária, com a professora Cora- respondeu Tiul- Estudo dos Animais é a segunda.

⁃ O contrário, então- Observou Zeck que nem havia se espantado quando Ele e Daiv foram sorteados para a mesma turma. Como podia ser diferente?

⁃ Entendi, então são seis dias de atividades e o último é o Dia do Encontro. - observou Sid apontando a coluna vazia no fim da página por cima do ombro de Zeck - Exatamente como em Vernom! Que interessante que ambos os reinos sigam o mesmo costume.

⁃ Não é costume. É uma lei natural, como a luz e o som. -disse Evon impaciente - Se você tivesse prestado atenção às orientações da professora Vitória, saberia que em todo o Mundo Maior é assim.

⁃ Pessoal, parece que chegamos. - disse Zeck. Os cinco iam por último no numeroso grupo de calouros que seguiam o monitor por uma estrada dourada atrás da colina sagrada. Era uma turma barulhenta como abelhas, e alegre, muito alegre.

O "algum lugar" de Zec era, sem sombra de dúvidas, o maior e mais branco muro que eles já haviam visto. Estendia-se por infinitamente para os dois lados, à perder de vista, e de onde estavam era difícil medir sua altura. Daiv jogou a cabeça para trás o máximo que pode e quase caiu sentado, tentando ver o topo. O sol que subia do leste jogava seus raios amarelos que eram literalmente engolidos pelas paredes. Sobre o chão não havia sombra refletida, nem umazinha. Algo estranho em se tratando de um muro daquele tamanho.

⁃ Como se ele não existisse...- exclamou Sid boquiaberto

⁃ E talvez não existisse mesmo.- comentou Tiul naturalmente- Há um minuto atrás não havia nada aí...

⁃ Quem garante?- replicou Daiv- Nós estavamos com o nariz grudado no holoderno.

⁃ Ora, amigão, um muro como este deve ser capaz de ser visto até do céu - insistiu Tiul- e além do mais...

⁃ Shhh! Teo vai falar.- Evon fez sinal com as mãos.

Os cinco infiltraram-se no semi-círculo feito diante do monitor. Teo estava parado ao lado de uma plaqueta dourada diagonalmente encrustrada em uma base de pedra em frente ao muro, no gramado ao lado de onde a estrada dourada parecia passar por baixo da estrutura maciça. Segurava uma caixa preta e redonda semelhante a um balde de tamanho médio.

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