44. Certeza

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Os outros dois vieram encontrá-lo no meio do caminho.

- Vimos a luz e o mehlak nos deixou passar - disse Linda - Você conseguiu, de novo!!!

- E olhe para o livro. Está completo! - Fleim exclamou folheando-o rapidamente na frente dele, até a última página.

-Não pode ser, - ele pegou o livro e viu que em sua capa agora BE RESHIT aparecia, vazado em fogo, no alto - ninguém ainda nos mostrou o caminho de volta.

- O que fazemos agora, então? - Linda deu de ombros.

- Que tal voltarmos para lá? - Fleim apontou para detrás de Zeck, onde há alguns metros dois feixes de luz brilhavam por trás de uma rocha subindo como colunas.

- Claro, o guardião! - Zeck disparou na frente sendo seguido de perto por Linda e Fleim.

Quando contornaram a a rocha e chegaram onde Zeck havia assistido à luta não havia mais ninguém. No lugar dos lutadores, encontraram dois belos pilares de meia altura.

- São os pilares da sala dos tratados - Fleim observou indo ficar entre eles.

- Então é isso? Fazemos o ritual e vamos para casa? - Linda sugeriu.

- Acho pouco provável - Zeck olhou ao redor - não estou vendo o Ancião em lugar nenhum.

- Por que então eu estou tão convencida de que é exatamente isto que devemos fazer?

- Na verdade, eu também. - Fleim apoiou.

Os três estavam, na verdade.

Inclusive, não foi preciso sequer discutir que eram os meninos que deveriam levar os tratados a seus respectivos pilares, e muito menos que Zeck era quem carregaria a segunda esfera.

Fleim deu um passo à frente e preparou-se para colocar a esfera colorida naquele que dos dois pilares parecia cintilar em uma cor diferente dependendo de como se olhava para ele. No momento que o tratado tocou o pilar, ambos se romperam em um arco íris que dançava no ar e como um pincel conduzido por mãos invisíveis dava forma à estátua de um homem que eles não conheciam, mas que sabiam ser aquele que recebeu o tratado da primeira vez.

Ao concluir sua obra, o arco íris veio pousar em sua cabeça, flutuando como uma auréola colorida que fez o coração dos três encher-se de reverência.

Depois foi a vez de Zeck se postar diante do pilar cor de âmbar. Mais do que depressa, ele colocou o tratado sobre ele e deu dois passos para trás, esperando para ver o que aconteceria. Como da outra vez, desta pilar e esfera também se romperam, e eles ficaram ali olhando enquanto a estátua do guardião emergia lentamente do chão.

Ali olhando para ela, Zeck lembrou-se do velho homem no meio do trigal contemplando com estorpor a mesma cena que ele, e ouvindo a mesma promessa. Era incrível como sua estátua representava fielmente aquele mesmo olhar de quem contempla algo além do horizonte. Era menor do que a outra também. Imponente, é verdade, mas curvada sob um peso invisível e apoiando-se sobre um cajado.

- Que engraçado... - Fleim disse depois de um tempo.

- O que é? - Linda virou o rosto que estava grudado na estátua para ele.

- Esta parece tão comum. Não tem nada que indique que recebeu um tratado - ele apontou - sabe, como esta tem a auréola e a de Adama o cordeirinho flutuando. Esta, no entanto... parece ordinária até demais.

-Não me surpreende, pra falar a verdade. - disse Linda prática.

-O que você quer dizer?

Ela fechou os olhos por um instante.

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