31. Ventos

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O mehlak chamou Zeck estendendo o braço.

-Venha comigo, jovem. Seus amigos esperam. - disse, agora uma voz mais natural.

Zeck preparou-se para seguí-lo, mas antes virou-se para a estilista.

- Obrigado. - Ele disse. Ela lhe lançou um sorriso largo cheio de bochechas e ele pôde notar algo de tão familiar em sua feição, que o fez desejar vê-la de novo. Algo que lembrava Villa.

- Que Yaddashel te guie, meu querido. - Ela disse tirando o monóculos e guardando-o no bolso,

sorrindo sempre. Sua missão parecia estar concluída e Zeck ficou imaginando por quantotempo ela estava ali e o que ela faria agora que não precisaria mais fazer túnicas para novos membros de Biblion.

O melak o guiou para um lado do ateliê onde abriu uma porta alta o suficiente para que ele pudesse passar sem precisar se abaixar. Zeck o seguiu, para dentro de um salão com colunas parecidas com aquelas da sala de Rigrevnoc.

Logo ali na entrada, ele viu Linda que ria descontraída de alguma piada que Fleim acabara de contar. Pareciam animados e ansiosos como quem espera diante dos portões ainda fechados de um parque de diversões.

- Uau, Zeck, você está lindo neste uniforme! - Linda exclamou de uma forma tão deslumbrante que fez o que sobrava do peso dentro de Zeck se esvair quase que por completo.

- Sério, cara, parece que você foi feito para ele. - Fleim acrescentou, em um tom que parecia muito espontâneo para ser uma provocação.

- Vocês não estão nada mau também. - Zeck disse olhando mais para Linda do que para Fleim.

Os dois estavam vestidos exatamente como ele.

- E agora, o que? - Fleim perguntou.

- Agora, eu preciso que vocês coloquem seus capuzes e sigam-me. Todos já estão reunidos. - O Melak disse e começou a atravessar o salão.

- Vamos nessa, então. - disse Fleim e jogou o capuz sobre a cabeça que sumiu lá dentro, envolto

como que por um véu que lhe cobria o rosto. Coisas de sociedade secreta.

Linda fez o mesmo, seguida por Zeck. O garoto suspirou pesadamente quando o tecido do capuz

tocou seus cabelos. Não que ele tivesse sentido algo de diferente, mas ele não conseguia parar de pensar nos tipos de tortura que os aguardavam. Vendo que ele não se mexia, Linda aproximou-se e espremeu sua mão de leve, um aperto cheio de compreensão e suporte.

Os três seguiram o mehlak, em silêncio, para fora do salão por um corredor, depois mais outro e então um terceiro. Pararam diante de uma porta redonda que devia ser muito pesada. Parecia uma versão gigante do medalhão que eles estavam usando, com o símbolo da Sociedade em dourado sobre um fundo azul celeste. Ao pararem, uma luz vinda dos medalhões piscou uma vez, ao mesmo tempo e a porta rolou para a esquerda com um ronco. O mehlak, então, virou-se para falar com eles.

- Vocês se lembram do símbolo sobre o qual se posicionaram dentro da biblioteca?

Os três balançaram a cabeça afirmativamente.

- Vereis estes mesmos símbolos lá dentro, em estandartes. É sob o mesmo estandarte que deveis vos sentar. Sob hipótese nenhuma removam o capuz dentro do Salão dos Quatro Ventos. Mais informações vos serão dadas posteriormente.

Eles balançaram a cabeça mais uma vez. O mehlak os olhou com olhos examinadores.

-E aqui me despeço. Desejo poder vê-los em breve e que Biblion traga o que procuram.

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