Aquele era um salão vasto de pura luz branca, tão pura que se refletia nas paredes e chão e subia infinitamente para o céu dando a tudo a aparência de um mar de vidro. Um corredor de ladrilhos amarelinhos cintilantes se estendia para longe diante de Zeck e terminava em uma plataforma quase transparente de três degraus, sobre a qual uma mesa de cristal parecia flutuar. Atrás dela,professor Dig escrevia em um pergaminho com uma longa pena fina e dourada, sem se deixar distrair.
Zeck se dirigiu para lá, sem esperar ser chamado, seus passos ecoando por todo o salão conforme atravessava pelo corredor. Não se atreveu a subir, porém. Estava diante de alguém que aparentava ser muito importante, que ele vira ser carregado por mehlaks, de quem nem eles se atreviam se aproximar sem ser chamados. Usava a mesma túnica preta do outro dia. A coroa, porém, estava dentro de uma bandeja de prata sobre a mesa. Parecia ter milhares de anos, Zeck observou.
Continuava escrevendo, ignorando o rapaz completamente, compenetrado no que quer que fosse. O único som que se ouvia era o do arrastar da pena no pergaminho e Zeck não pode deixar de se perguntar de onde vinha a tinta pois ele não conseguia ver nenhum frasco por perto.
- Todos estão impressionados com sua performance, meu rapaz. - o homem disse com sua voz grossa antes de depositar a pena sobre um estojo forrado em seda clara, enrolar o pergaminho e caminhar solenemente até a ponta esquerda da plataforma. - Tenho certeza que os Grandes ficarão satisfeitos com nosso relatório.
Erguendo o rolo sobre a cabeça como uma oferenda, o diretor murmurou palavras inaudíveis. De onde estava, Zeck não pode ver exatamente o que aconteceu mas quando se virou, DIG já não o carregava mais.
- Já há algum tempo a Sociedade não nos trazia um trio tão seleto. - Ele continuou, voltando para sua poltrona de encosto alto. - Por favor, envie meus cumprimentos para seus amigos.
- Er... Sim, Senhor. - Zeck conseguiu balbuciar, estranhamente desconcertado enquanto subia os três degraus e se posicionava diante da mesa com o corpo ereto.
O rosto do homem, extremamente brilhante, contrastava com sua roupa negra, e dos olhos era quase possível ver saltar flechas flamejantes. Era como estar diante do próprio Sol e Zeck quis sair logo dali. Professor Dig pareceu reparar no desconforto do rapaz pois jogou um manto sobre a cabeça.
- Desculpe-me por isso. Eu sempre me esqueço do poder deste lugar.
Zeck simplesmente sorriu como resposta, louco de vontade de perguntar que lugar era aquele, mas achou melhor não. Você simplesmente não chega diante de alguém como Dig fazendo um
monte de perguntas. O diretor apoiou as mãos entrelaçadas na mesa e se inclinou para a frente.
-Mas me fale de você. Qual parte das missões mais lhe impressionou até aqui?
Zeck pensou na resposta. Abriu a boca soltando um estalinho para falar mas a fechou de novo, mudando de idéia.
-A inundação, sem dúvidas! - respondeu espremendo os olhos e lembrando-se do momento em
que fora arremessado ao ar direto para o recém criado mar bravio. - Eu pensei que seria banido junto com Adama.
Professor DIG endireitou-se e franziu a testa.
- Por qual motivo um jovem brilhante como você acharia que seria banido?
Zeck não estava esperando por esta pergunta. Será que o diretor não sabia mesmo ou estava apenas querendo ouvir de sua própria boca? Engoliu seco e respirou fundo.
- Eu fui à Fronteira Proibida quando não devia e acabei caindo no mar. - disse de cabeça baixa com os braços cruzados atrás e desenhando círculos no chão com a ponta do pé.
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BIBLION
FantasyQuando se tem 15 anos em Allakelion, nada pode dar errado. Quando se é adolescente em Vernom, o melhor sempre está por vir... ...a não ser que você seja Haizeck e comemore o momento mais importante de sua vida na noite em que as sete luas se alinh...