8. Bosque

43 3 28
                                    

- Atenção todos! - uma voz enérgica mas muito doce foi ouvida sobre todos os aplausos que imediatamente cessaram. Só a cachoeira não obedeceu.

Um grupo de alunos abriu caminho para uma plataforma sobre a qual estava uma senhora miúda, de pele escura, olhos brilhantes, e cabelo escuro amarrado em coque. Abriu um largo sorriso aos novos alunos, cativando-os imediatamente.

- Bem vindos a Édimo- começou. Apesar de pequena sua voz era forte e bem firme - Eu sou Vitória, a diretora e, porque não dizer, a segunda mãe de vocês pelos próximos anos - a partir de agora e por todo o tempo em que passarem aqui vocês são parte desta família que aprenderão a amar e apreciar. Esta é a nova casa de vocês. Não hesitem em explorá-la e extrair dela tudo o que conseguirem, sem, é claro, se esquecerem de nosso regulamento. Antes de dormirem hoje, dêem uma olhadinha no holoderno... E sem mais delongas - a professora bateu palmas- que comece o chamado!

Dizendo isto virou-se e desceu do palanque sumindo entre os alunos. Os novatos no meio da roda sentiam-se perdidos sem saber qual o próximo passo. Rodeando-os, um grupo de veteranos falava sem parar. Então, do meio do grupo alguem começou uma contagem regressiva que logo todos acompanhavam em coro.

Ao gritarem o ZEROOOOO o meio da roda com a luz azul dos medalhões. De perto e de longe, ao mesmo tempo, feixes de luz subiram para o céu agora pintado com as primeiras cores da noite. Pareciam mastros bem compridos e de todas as cores. Começaram a serpentear velozmente pelo céu com um zunido de fogos de artifício, só que sem a explosão. Do chão, todos olhavam pra cima protegendo os olhos com as mãos para tentar ver alguma coisa. Façanha quase impossível visto que os medalhões brilhavam cada vez mais. Num momento súbito, as luzes do céu se uniram formando um grande feixe de luz branca que como cahoeira caiu sobre todo o grupo.

Zeck viu-se, como naquele dia em que fora visitado por Yaddashel, envolto por um mundarel de branco, e sozinho. Ouvia os colegas falando mas não via ninguém. De vez em quando alguma coisa zunia bem perto da sua cabeça velozmente. Não sabia se era melhor andar ou ficar parado. Nem teve tempo para tomar uma decisão pois de repente vários feixes de luz amarela voaram em sua direção vindos sabe-se lá de onde e bateram violentamente contra seu peito.

O menino teve que se equilibrar para não cair. O feixes entravam ligeiros dentro do medalhão e quando terminou, este apagou-se. O garoto não sabia porque mas estava ofegante. Olhava atento para o objeto e teve a impressão de ouví-lo relinchar. Um relincho baixo e familiar. Assustou-se. O relincho voltou agora forte e muito nítido e junto dele pulou de dentro do medalhão a miniatura de um cavalo, prateado e brilhante, que empinou sobre as patas traseiras diante de seus olhos.

⁃ Raio?!- Zeck exclamou espantado.

O cavalinho deu duas voltas ao redor da cabeça dele relinchando, como fazia raio quando queria ser seguido, disparando para longe. Zeck o seguiu pelo meio do nada branco. Conforme corria notava os vultos dos outros colegas que surgiam a poucos metros de onde estava. Por pouco não trombou com alguém umas cinco vezes. Então, subitamente o branco virou preto e Zeck precisou parar. Só até seus olhos se acostumarem com a noite pois percebera que havia saído do meio do feixe de luz. Visto de fora ele parecia um grande muro branco que subia sem fim. Lá dentro podia-se ouvir muitas risadas e falatório. Dois meninos veteranos saíram bem próximos dele.

⁃ Não acredito que a gente passou por isso- dizia um.

⁃ Você viu como eles pareciam totalmente desorientados ? - comentava o outro.

E assim passaram por Zeck andando normalmente como se não estranhassem a mudança de luminosidade.

Zeck permaneceu parado olhando para a noite. Não sabia onde estava, apenas que era um campo aberto e gramado, sem árvores, com um céu sem estrelas acima, ocultas pela claridade. Ora ou outra alguém saía do meio do feixe ou seguindo uma bolinha de luz ou divertindo-se ao observar os que seguiam as bolinhas de luz. Os do primeiro grupo, assim como Zeck, paravam para acostumar os olhos e logo depois retornavam a perseguição.

BIBLIONOnde histórias criam vida. Descubra agora