60. Sentença

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 Quando se deram contas não mais estavam no topo da colina mas embaixo, mais uma vez diante do tabernáculo e um homem muito idoso que discursava para a multidão sentada atrás deles.

- E finalmente depois de tudo ter lhes falado - ele disse em uma voz que aos três era muito familiar - eu afirmo que Adama e todo o Mundo Maior eu tomo hoje por testemunhas de que eu lhes propus uma escolha entre liberdade ou escravidão. Escolham a liberdade para si e seus descendentes, amando ao senhor Soberano, ouvindo sua voz e achegando-se a ele; pois ele é a sua liberdade que lhes garantirá ter um reino da terra de seus patriarcas.

E de todo o povo ouviu-se afirmação positiva. Zeck, Linda e Fleim olhavam ao redor enquanto o povo se levantava e dispersava.

- Quando foi isso? - Zeck perguntou.

- Não faço idéia - respondeu Fleim abrindo o livro e o fechando em seguida - nada de novo por enquanto.

- Acho que vão precisar disso para entender - uma voz de mulher disse atrás dele. Os três se viraram ao mesmo tempo para se depararem com uma senhora de meia idade de rosto cansado e olhos bondosos.

- Por Yadashel, Adanef?! - Fleim deixou escapar e correu para cumprimentá-la.

- Meus olhos já viram tantas coisas e muitas ainda estão para ver, que eu nem me surpreendo com o fato de que nestes quarenta anos vocês não parecem ter envelhecido nem um dia sequer - ela sorriu um sorriso que já mostrava de leve o sinal do tempo. Estendia para Fleim um rolo fechado com fita dourada - O guia me pediu para entregar-lhes isso.

- Quarenta anos, uau! - disse Fleim pegando o rolo - quer dizer que agora sim o povo vai poder entrar na terra!

- Que alívio! - exclamou Linda - eu pensei que não teriamos a chance de te ver de novo por causa da... bem...

Adanef balançou a cabeça e fechou os olhos.

- A morte chegou para todos os que participaram da rebelião do passado. Mas o Soberano cumpre suas promessas e todos aqueles que eram ainda jovens na época foram conservados e ele foi bondoso conosco. Meu maior e único desejo é que nós sejamos melhores que nossos pais.

Zeck não estava escutando. Já há algum tempo ele não conseguia desgrudar os olhos do velho homem que agora terminava uma conversa que entretia com um outro homem, bem mais jovem do que ele.

- Bem, acho que temos mais uma missão então - Fleim disse balançando o rolo recebido.

- Acho que vocês dois podem seguir para minha tenda e começarem. Yod tem outro lugar onde ele precisa estar - Adanef disse, referindo-se a Zeck, a quem ela observava já há alguns minutos. Ele girou o pescoço para olhar para ela.

- Não ignore a voz de seu coração, meu querido amigo - ela disse - enquanto ele ainda é puro.

Concordando com a cabeça e após confirmar que Linda e Fleim apoiavam aquela idéia, Zeck girou nos calcanhares e correu para alcançar o velho guia que sozinho, mais apoiado em seu cajado do que nunca, caminhava em direção a um outro monte fora do acampamento.

- Senhor! Senhor! - ele repetiu até chamar a atenção do guia que parou para esperar por ele.

- Ora se não é meu companheiro de caminhada. Eu bem que aprecio que vá comigo nesta última.

Os dois começaram a subir a montanha em silêncio até que o guia decidiu quebrá-lo.

- E quanto ao tratado? - ele perguntou.

- Ainda protegido - Zeck respondeu batendo sobre o bolso - mas eu não sei até quando.

- Eu tampouco, meu rapaz - confessou o homem - mas devemos confiar nos guardiões.

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