23. Principados

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Com paredes de pedras escuras, amontoadas umas sobre as outras e um teto alto e pontiagudo de

palha de um tom que era algo entre dourado e marrom, a cabana parecia fora de lugar. O que era perfeito para atiçar a curiosidade de quase todos.

- Certo, vamos nessa. - Fleim foi o primeiro a dizer, dando alguns passos em direção à ela.

- O que? Você não está pensando em entrar ali, está? - Zeck parecia realmente apreensivo. Não

sabia como dizer aquilo sem dar com a língua entre os dentes mas a única porta visível da

construção, a ausência de janelas e aquela fumaça preta saindo da chaminé, somadas ao som compassado do tambor cheiravam a problema, e dos

grandes.

- Foi pra isso que viemos, não foi? - disse Evon indo se juntar a Fleim.

-Talvez devessemos pensar um pouco sobre isso- - Zeck insistiu. Iris o pegou pelo braço e se

afastaram um pouco do grupo.

- Zeck, você sabe que devemos fazer isso - ela sussurrou- Por Daiv.

- Mas ele está acordado agora. Vamos voltar para chamá-lo e os outros. - Zeck pensava rápido

em uma forma de ganhar tempo.

- Você pode ir se quiser, cara. Quanto a nós, o único lugar para onde estamos indo, é lá para

dentro. - Fleim apontou para a cabana.

- Fale por você e pelo Evon - Zeck lançou,olhando de um para o outro inquieto e parando seus olhos sobre Linda. Se havia alguém que podia mudar o jogo era ela. Afinal Fleim não a colocaria em uma situação desconfortável.

- Já chegamos até aqui... - ela disse dando de ombros, a voz quase sumindo.

- Está bem - Zeck ergueu as mãos, dando-se por vencido - mas eu vou na frente!

Fleim deu licença fazendo um gesto com a mão para ele passar. Zeck começou a andar para a

casa de pedra tentando convencer-se de que ele era menos louco do que aparentava por estar

indo em direção ao som dos tambores ao invés de correr deles. Mas não daria a Fleim o gostinho de achar que estava no comando. Falar em nome de todos como se fosse especial... onde já se viu...

Sacudiu a cabeça de leve para espantar aqueles pensamentos esquisitos, sendo seguido de perto por seus amigos e por Fleim. Pararam diante da porta de madeira maciça em silêncio, todos com cara de que não sabiam se aquilo era de fato uma boa idéia.

nhéééééééééééééé

A porta de madeira maciça se abriu para dentro como uma boca gigantesca que engolia o ar, a luz e tudo mais que ousasse passar por ela.

- Alguém está chamando meu nome...- Iris cochichou.

- Não, é o meu nome. - Corrigiu Fleim.

- E o meu. - Evon e Linda disseram quase ao mesmo tempo.

Zeck sabia que todos estavam certos. E isso não lhe surpreendeu. Já havia passado por algo assim antes. Sem dizer nada, ele continuou andando em direção à voz que, em uma mistura de homem, mulher e menino, murmurava repetidamente seu nome.

Ao passar pela porta, Zeck surpreendeu-se por encontrar-se em um corredor comprido mais claro do que a princípio ele esperava. No fim do corredor, a luz de um fogo tremeluzente refletia na parede à esquerda. Ele continuou para lá com os outros em seu encalço: as meninas primeiro seguidas por Evon e Fleim que fechava a fila.

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