- O que você está fazendo? - Daiv perguntou quando, de súbito, Zeck pulou para a pilha de convites ainda intocados atrás dele.
- Verificando - respondeu espalhando convites frenéticamente para todos os lados.
Daiv não precisou de dois segundos para entender ao que Zeck se referia. Abaixou-se e começou a ajudá-lo com os convites.
- Achei!! - ele gritou após um tempinho. Erguia um envelope escuro, como o de Daiv, que tirara do fundo da pilha. Seus dedos nervosos encontraram a abertura do envelope e com um puxão ele arrancou o convite amarelado e envelhecido de dentro dele. Imediatamente, muitas vozes começaram a gritar dentro de sua cabeça, acompanhadas de trovões e do que parecia a batida de tambores. Estava escrito em uma caligrafia limpa e bonita que em nada combinava com o resto do conjunto.
CARO HAIZECK,
VINDO É O TEMPO E JÁ CHEGOU QUANDO AQUILO QUE ERA ESTRANHO SERÁ FEITO CONHECER.
DAS TREVAS VEIO A LUZ
DO VELHO FEZ-SE O NOVO.
VOCÊ TEM UM ENCONTRO MARCADO COM A VERDADE NA CABANA QUANDO A NUVEM COBRIR O SOL.
EM NOME DA MAIS SELETA SOCIEDADE, TE SAÚDO.
DARIUS IDRISH GAIA
- Parece que vamos conseguir descobrir algo concreto sobre a Rosa... - Zeck disse, finalmente, sem levantar os olhos.
- Você vai querer ir lá depois do que o Sima nos falou no alto da montanha?
- E você não? - Zeck levantou a cabeça para encontrar o olhar surpreso de Daiv sobre ele. - Que outra chance nós temos de encontrar o professor? Não é como se nós fossemos cruzar com ele a qualquer momento no meio do refeitório.
- É verdade... - Daiv voltou a se concentrar nos convites mas Zeck sabia que, na verdade, ele estava pensando em milhões de coisas, provavelmente escolhendo as melhores palavras para verbalizar o que sentia.
- Desembucha, cara... - estimulou.
Daiv parou o que estava fazendo e respirou fundo.
- Tem a ver com o que eu estava falando agora pouco. Sobre o fim da festa e tal... - fechou os olhos e falou ligeiro - Eu acho que tudo isso tem a ver com Adama. - com a respiração presa esperou, ainda de olhos fechados a reação do amigo. Qualquer uma. Como ele nem se mexeu, ele arriscou abrir um olho e depois o outro.
- Eu também já tinha pensado nisto... - foi a resposta de Zeck.
Daiv não podia crer em seus ouvidos. Zeck, que não media esforços para mostrar sua aversão por Adama de repente cogitando se aproximar de uma sociedade que muito provavelmente transpirava Adama por todos os poros era de deixar boquiaberto o próprio Yadashel.
- Digo, quando eu falo tudo, quer dizer tudo mesmo - Daiv falava pausadamente para ter certeza que Zeck havia entendido - Eu lembro do que sentimos naquele dia no alto da montanha quando vimos a Fronteira Proibida. Foi mais ou menos o mesmo que eu senti no dia que nos perdemos no jardim e encontramos a rosa. Depois, tem o patriarca misterioso na festa, a lua branca, estes livros do outro mundo que não se restauram quando a gente tira cópias...
- Eu sei - Zeck disse simplesmente, e pensou que Daiv havia esquecido o Cinzento, a luz verde e o coração de Myichaim, mas não podia envolvê-lo. Não ali. Não ainda. Adama ou não, a chance de descobrir mais sobre tudo havia acabado de lhe ser oferecida. 'Este é o tempo da Rosa', cantaram as flores. ' Vindo é o tempo' ' rezou o convite. Etiel estava errado. Ele não podia simplesmente esquecer. - mas você quer descobrir mais sobre a Rosa não quer?
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BIBLION
FantasyQuando se tem 15 anos em Allakelion, nada pode dar errado. Quando se é adolescente em Vernom, o melhor sempre está por vir... ...a não ser que você seja Haizeck e comemore o momento mais importante de sua vida na noite em que as sete luas se alinh...